SÃO GREGÓRIO MAGNO
(450-604)
c.1) Vida
Descendente de família senatorial e
nasceu em Roma por volta de 450. Recebeu uma sólida formação retórica e
jurídica que lhe possibilitou uma brilhante “cursus honorum”.
Em 571-573 tornou-se prefeito, a mais
alta posição da administração civil e em 574 abandonou o cargo para ir a uma
comunidade monástica beneditina, no palácio de sua família.
O papa Benedicto I o ordenou diácono e
o enviou como núncio ou embaixador do papa a Constantinopla para defender ai os
interesses da Itália oprimida pelos lombardos.
Em 585 ou 586 regressou a sua
comunidade monástica em
Roma. Com a morte do papa Pelágio II, Gregório foi eleito seu
sucessor no ano de 590. Houve uma interna resistência, pois sua preferência era
a vida contemplativa.
Ponto
de vista pessoal:
tinha uma saúde fraca que o obrigava a ficar de cama a maior parte do tempo e
precisava de outros que lessem em voz alta as suas homilias.
Sobre
as questões sociais:
o contexto político em que se encontrava a Itália era de unificação com o
império romano. O norte e o centro estavam nas mãos dos longobardos. Diante
dessa situação, Gregório conseguira tirar de suas capacidades administrativas
notáveis êxitos:
1º Aliviou as necessidades materiais
dentro e fora de Roma com medidas caritativas.
2º Estruturou de novo a administração
do patrimônio eclesiástico.
3º Reorganizou o episcopado.
4º Fortaleceu o monacato de acordo com
o espírito beneditino (sem impor a Regra Beneditina de modo formal).
5º Manteve boas relações com os bispos
da Espanha visigótica (em especial com Leandro de Servilha) e com o império
oriente, dando o título de ecumênico para o patriarca do Oriente.
6º Iniciou a conversão dos lombardos
(que eram em parte pagãos e em parte arianos).
7º Impulsionou a erradicação do
paganismo na Sicília, Lardênia e Córcega.
8º Iniciou a evangelização dos
anglo-saxões na Inglaterra.
Foi obediente ao império e último papa
da Antiguidade e o primeiro da Idade Média. Morreu em 13 de março de 604.
c.2) Obras
e Teologia
Escreveu várias homilias e comentários
exegéticos sobre o Cântico dos Cânticos (575-579). Sobre os evangelhos
(590-592); sobre o profeta Ezequiel (594) e sobre 1Rs (talvez no final de seu
pontificado). O comentário mais importante foi Morália in Iob.
Gregório aborda uma interpretação do
livro de Jó segundo o tríplice sentido da Escritura:
1º
Sentido histórico-literal: apresenta a pessoa de Jó que sofre.
2º Sentido alegórico-tipológico: apresenta Cristo e seu corpo, a
Igreja.
3ºSentido
moral:
apresenta o homem que em sua miséria caminha humildemente até Deus, ajudado
pelos anjos e pela pregação dos Padres da Igreja.
Às vezes acrescenta um quarto sentido
que é o mítico.
Gregório deve muito às suas leituras
de Agostinho, porém difere dele no que diz respeito à vontade humana e a
decisão do homem tem um papel muito maior frente à graça de Deus.
Escreveu ainda a Regra Pastoral (590-591)
que contém seu programa de reforma do estado clerical. Esta gozou de enorme
prestígio em sua época e na posteridade. Por isso se diz que a Regra Pastoral
de Gregório Magno foi para o clero secular o que a regra de Bento para os
monges da Idade Média.
Escreveu os Diálogos (593-594).
Alguns duvidam de sua autenticidade. É uma coleção de santos italianos; são
temas escatológicos.
Registro Epistolar são valiosos
testemunhos do amplo trabalho de Gregório no âmbito administrativo e caritativo
em suas 800 cartas.
As obras de Gregório são reflexos
tanto da situação histórica do momento como o desenrolar interior de sua
personalidade. As experiências do fim de uma época, como também a
espiritualidade monástica, fizeram de Gregório um mestre do desejo intenso da
busca do eterno.
Sendo papa se fez chamar “Servus
servorum Dei” e a unir uma vida mística à ação e a contemplação. Sua
espiritualidade se baseia na Bíblia, pois procurava entender a situação
histórica à luz da palavra de Deus, da qual recebia seu pleno sentido no
contexto da vida de Igreja e da existência pessoal nela.
As obras de Gregório I não brilham por
ser uma sistematização teológica, mas por ser uma meditação baseada na Sagrada
Escritura e na experiência pessoal sobre a existência cristã que se dá na
tensão entre tempo e eternidade, mundo e Deus, ação e contemplação.
Com sua autoridade teológica e a de
sua obra, Gregório contribuiu decisivamente à fundamentação da cultura
religiosa da Idade Média, por isso recebeu o sobrenome de “Magno”.
O prestígio de Gregório I tem base na
sua autoridade de mestre e pregador, valorizado por seus ensinamentos morais e
seus comentários bíblicos. Juntamente com Ambrósio, Jerônimo e Agostinho é um
dos quatro grandes doutores do Ocidente.
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