sábado, 27 de fevereiro de 2016

SÃO GREGÓRIO MAGNO

SÃO GREGÓRIO MAGNO (450-604)

c.1) Vida
Descendente de família senatorial e nasceu em Roma por volta de 450. Recebeu uma sólida formação retórica e jurídica que lhe possibilitou uma brilhante “cursus honorum”.
Em 571-573 tornou-se prefeito, a mais alta posição da administração civil e em 574 abandonou o cargo para ir a uma comunidade monástica beneditina, no palácio de sua família.
O papa Benedicto I o ordenou diácono e o enviou como núncio ou embaixador do papa a Constantinopla para defender ai os interesses da Itália oprimida pelos lombardos.
Em 585 ou 586 regressou a sua comunidade monástica em Roma. Com a morte do papa Pelágio II, Gregório foi eleito seu sucessor no ano de 590. Houve uma interna resistência, pois sua preferência era a vida contemplativa.
Ponto de vista pessoal: tinha uma saúde fraca que o obrigava a ficar de cama a maior parte do tempo e precisava de outros que lessem em voz alta as suas homilias.
Sobre as questões sociais: o contexto político em que se encontrava a Itália era de unificação com o império romano. O norte e o centro estavam nas mãos dos longobardos. Diante dessa situação, Gregório conseguira tirar de suas capacidades administrativas notáveis êxitos:
1º Aliviou as necessidades materiais dentro e fora de Roma com medidas caritativas.
2º Estruturou de novo a administração do patrimônio eclesiástico.
3º Reorganizou o episcopado.
4º Fortaleceu o monacato de acordo com o espírito beneditino (sem impor a Regra Beneditina de modo formal).
5º Manteve boas relações com os bispos da Espanha visigótica (em especial com Leandro de Servilha) e com o império oriente, dando o título de ecumênico para o patriarca do Oriente.

6º Iniciou a conversão dos lombardos (que eram em parte pagãos e em parte arianos).
7º Impulsionou a erradicação do paganismo na Sicília, Lardênia e Córcega.
8º Iniciou a evangelização dos anglo-saxões na Inglaterra.
Foi obediente ao império e último papa da Antiguidade e o primeiro da Idade Média. Morreu em 13 de março de 604.

c.2) Obras e Teologia
Escreveu várias homilias e comentários exegéticos sobre o Cântico dos Cânticos (575-579). Sobre os evangelhos (590-592); sobre o profeta Ezequiel (594) e sobre 1Rs (talvez no final de seu pontificado). O comentário mais importante foi Morália in Iob.
Gregório aborda uma interpretação do livro de Jó segundo o tríplice sentido da Escritura:
1º Sentido histórico-literal: apresenta a pessoa de Jó que sofre.
Sentido alegórico-tipológico: apresenta Cristo e seu corpo, a Igreja.
3ºSentido moral: apresenta o homem que em sua miséria caminha humildemente até Deus, ajudado pelos anjos e pela pregação dos Padres da Igreja.
Às vezes acrescenta um quarto sentido que é o mítico.
Gregório deve muito às suas leituras de Agostinho, porém difere dele no que diz respeito à vontade humana e a decisão do homem tem um papel muito maior frente à graça de Deus.
Escreveu ainda a Regra Pastoral (590-591) que contém seu programa de reforma do estado clerical. Esta gozou de enorme prestígio em sua época e na posteridade. Por isso se diz que a Regra Pastoral de Gregório Magno foi para o clero secular o que a regra de Bento para os monges da Idade Média.
Escreveu os Diálogos (593-594). Alguns duvidam de sua autenticidade. É uma coleção de santos italianos; são temas escatológicos.
Registro Epistolar são valiosos testemunhos do amplo trabalho de Gregório no âmbito administrativo e caritativo em suas 800 cartas.
As obras de Gregório são reflexos tanto da situação histórica do momento como o desenrolar interior de sua personalidade. As experiências do fim de uma época, como também a espiritualidade monástica, fizeram de Gregório um mestre do desejo intenso da busca do eterno.
Sendo papa se fez chamar “Servus servorum Dei” e a unir uma vida mística à ação e a contemplação. Sua espiritualidade se baseia na Bíblia, pois procurava entender a situação histórica à luz da palavra de Deus, da qual recebia seu pleno sentido no contexto da vida de Igreja e da existência pessoal nela.
As obras de Gregório I não brilham por ser uma sistematização teológica, mas por ser uma meditação baseada na Sagrada Escritura e na experiência pessoal sobre a existência cristã que se dá na tensão entre tempo e eternidade, mundo e Deus, ação e contemplação.
Com sua autoridade teológica e a de sua obra, Gregório contribuiu decisivamente à fundamentação da cultura religiosa da Idade Média, por isso recebeu o sobrenome de “Magno”.
O prestígio de Gregório I tem base na sua autoridade de mestre e pregador, valorizado por seus ensinamentos morais e seus comentários bíblicos. Juntamente com Ambrósio, Jerônimo e Agostinho é um dos quatro grandes doutores do Ocidente.


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