1.
A Mãe de Jesus, mãe do discípulo amado
a)
Junto à cruz estavam...
ü Lucas:
depois da morte de Jesus, estavam à distância sua mãe e parentes (23, 49);
ü João:
antes de morrer Jesus, estavam junto à cruz, sua mãe... (19, 23)
ü Segundo
Alfonso Simóm Muniz o verbo ̉ίστημι não
apenas tem o valor habitual de “estar em pé”, mas de “vir”, “apresentar”
sobretudo quando se atende ao transfundo semítico de seu uso por parte de João
e Lucas;
ü O
objetivo do quarto evangelho não é descrever a posição de Maria na cruz, mas de
relatar o que os sinóticos não dizem: que Maria se aproximou até a cruz, em
contraste com os que se aproximaram ainda que tenham ficado distante.
b)
Uma revelação: o novo filho da mãe de Jesus
ü As
palavras de Jesus dirigidas a Maria e a João formam parte de um esquema de
revelação: Jesus vendo sua mãe e o
discípulo amado, declara, revela a cada um deles quem são um para o outro.
ü Jesus
revela uma realidade existente, no entanto, oculta: a “mulher” é mãe do discípulo e que o discípulo é seu
filho e, por conseguinte, é irmão de Jesus.
ü Contudo,
não se trata de palavras “sacramentais” que institui uma
realidade não existente antes, mas se trata de palavras de revelação que
manifestam o que estava oculto.
ü Mãe-filho
espirituais no contexto de discipulado de Jesus.
ü De acordo
com Mercedes Navarro ser filho (Cfr: João: 1, 12-13) no quarto evangelho equivale a assemelhar-se
a Jesus, Filho de Deus.
ü Jesus
às portas da morte revela algo muito importante à mãe: sua maternidade
biológica é abolida.
c)
Significado transcendente, simbólico
ü
N a
proclamação feita por Jesus de Maria ser mãe do discípulo amado a
Tradição Eclesial a maternidade espiritual de Maria sobre toda a Igreja.
ü
Para muitos exegetas, o discípulo amado é
meramente simbólico que representa a comunidade joanita.
ü
No quarto evangelho, o discípulo amado é
confrontado com personagens históricos, reais não simbólicos (Pedro – João: 21,
20-23; A mãe de Jesus – João: 19, 25-27).
ü
Este discípulo amado:
§
Senta-se em lugar de honra na última Ceia (João:
13, 23-26);
§
É testemunha ocular da morte do Senhor (João:
19, 26-27);
§
É testemunha do túmulo vazio; o primeiro que
creu na Ressurreição entre os discípulos (João: 20, 3-10);
§
Parece viver em Jerusalém onde tinha boas
relações com o sumo sacerdote (João: 18, 15);
§
No mesmo evangelho é excluída a hipótese do
discípulo amado se identificar com João, filho de Zebedeu (João: 21, 2.7)
ü
O caráter simbólico do discípulo amado é
reconhecido pela maioria dos exegetas:
§
R. Bultmann: “A mãe de Jesus que
persevera na cruz, representa o judeu-cristianismo que supera o choque da cruz.
O pagão-cristianismo, representado pelo discípulo amado fica orientado a
aceitar àquEle como sua mãe, pois dela nasceu, e venera-lo”
§
R. Schnackenburg: partindo do aspecto
simbólico desta figura, entende que é um personagem histórico, como outros
personagens típicos do quarto Evangelho.
ü
A maternidade de Maria não se trata de algo inventado pelos
discípulos mas, de uma maternidade que lhe foi oferecida, como estava
previamente estabelecida por Jesus, que a Palavra de Deus.
ü
O discípulo que deve permanecer até que venha
Jesus em sua Parusia
(João: 21, 22-23), deve acolher a Maria como sua mãe.
ü
Não se pode ser discípulo amado de Jesus se não
acolher Maria como Mãe!
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