A Virgindade de Maria tem sido confessada de modos
diferentes ao longo da tradição da Igreja. Nos três primeiros séculos a
virgindade adquiriu a dignidade da autentica confissão Cristologica, como forma
de confessar a maternidade transcendente de Maria, por ser mãe do Filho de
Deus.
Orígenes
A virgindade de Maria, é
um requisito imprescindível da santidade necessária para aquela missão de
trazer a salvação a este mundo.
1-
A virgindade de Maria, Mistério de Cristo
Inácio de Antioquia
Maria
é aquela que tem engendrado a Cristo, que lhe tem dado uma carne verdadeira e
real; por isso ele depois sofre, morrer. Neste sentido, Cristo é em primeiro
lugar de Maria e depois de Deus. A ausência de pai põe em relevo que Inácio
pressupõe a concepção virginal. A virgindade de Maria não significa o ser
estado virginal dela, mas a concepção virginal de Cristo em seu seio. O símbolo
batismal romano confessa que Cristo “nascido do Espírito Santo e da Virgem
Maria”, e Inácio defendia que o privilegio de Maria ser virgem estava no fato
de pertencer a Cristo.
2- A terra
virgem, origem de Adão e de Cristo
Irineu e Tertuliano
A
Virgindade de Maria formava parte da estrutura teológica da recapitulação e
recirculação.
a- A
terra virgem
Para Irineu
Existem portanto,
paralelismo entre a origem do corpo de Adão e o do Salvador. Adão veio da
vontade da sabedoria de Deus e de uma terra virgem, a Encarnação tem lugar no
seio de uma virgem sem obra de Varão seu fruto será um homem nascido do
Espírito Santo e de uma mulher virgem. Por ser origem do Espírito será Filho de
Deus; por sua mãe virgem será, filho do homem.
Tertuliano
Para
iniciar uma nova forma de nascer prescindindo da velha e corrompida semente,
necessitava de uma nova semente espiritual, este novo nascimento esteve
prefigurado na terra virgem não violada
pelo trabalho da qual Deus formou Adão.
Essa virgem da que nasceu Cristo foi contraposta a virgem Eva. Esta concebeu a
morte e teve um filho assassino, aquela, a vida e teve um filho salvador de
todos.
O
símbolo da terra virgem é autenticamente feminino. Trata –se de uma visão
mística, que de certa maneira tenta afirmar a precedência ontológica da
maternidade virginal sobre a maternidade não virginal.
b- a
Virgindade de Eva e de Maria
Irineu e Justino
Declararam
na virgem Eva o tipo da virgem Maria, mãe dói Filho de Deus segundo a carne. A
carne virginal de Eva levava a morte. o pecado de Eva consiste na
desobediência. Eva pecou por pensamento e desejo, ainda , que, permaneceu por
algum tempo virgem. Maria, segundo Irineu, não é requerida por qualquer tipo de
indignidade, que se assinale ao matrimônio humano. Nela existiu uma exigência
do plano de Deus, que quer recapitular, todas as coisas em Cris to e salvar o
mundo.
3-
Desenvolvimento da fé na concepção virginal
A
fé na concepção virginal, estreitamente vinculada a fé na filiação divina de
Jesus, não teve grandes contraditores. Os reformadores protestantes aduziram
belas reflexões teológicas e bíblicas para explicar admirável concepção de
Jesus Cristo por obra do Espírito Santo e de Maria a virgem. A virgindade de
Maria emerge neles como o grande dado Cristologico, que explica perfeitamente e
identidade do Filho de Deus. Mas nunca vêem na concepção virginal um fenômeno
afastado da ação do espírito como protagonista.
Virgindade de Maria in partu.
O proto-evangelho de São
Tiago, falava do parto virginal de Jesus. Daí em diante não poucos padres dá
Igreja começaram a falar da virgindade in partu. Clemente de Alexandria aceitou
essa posição outros se opuseram:
a-
Tertuliano
Afirmava
que Maria tinha sido virgem unicamente ante do parto. Quem abriu o seio de Maria
foi Jesus. A partir daí já não era mais virgem, mas mãe e esposa.
Orígenes:Afasta a doutrina da integridade de Maria no Parto.
Argumento de conveniência
O
valor cultural da virgindade enquanto tal dos séculos III –V induz explicar a
virgindade de Maria no parto desde outros pressupostos. Santo Efrem e Gregório
de Nisa defensores da integridade e corporal de Maria no parto de Jesus,
conectam esse tema com o paralelismo Eva Maria. Enquanto uma dá a luz na dor e
os sofrimentos Eva – outra na alegria, Maria.
b-
A dialética
O
resumo da tradição eclesiástica ortodoxa a respeito da virgindade de Maria no
parto: “os padres da Igreja viram tanto na concepção como no parto de Cristo um
acontecimento prodigioso realizado por Deus e encontraram para isso apoio bíblicos.
Com tudo, alguns não resolveram manter a idéia segundo a qual Cristo conservou
a integridade corporal de sua Mãe ou a restituiu de novo, mas nascendo de seu
seio através do caminho traçado pela natureza”.
Disse o Vaticano II: Jesus mesmo é o
consagra a virgindade de Maria. Não diminui e não destrói.
Virgindade de Maria post-pastum
O proto-evangelho de São Tiago afirma que
Maria não teve Filhos depois do nascimento de Jesus. Os chamados irmãos de
Jesus eram filhos de um matrimonio antecedente de José.
a – a exigência da consagração de Maria
pelo Espírito
Orígenes para valorizar o ideal acético da virgindade
acrescenta: “a consagração de Maria pelo Espírito a
habilitava para a maternidade de tal maneira que não
foi necessário o varão”. Em oposição a Tertuliano que afirmava que Maria se
uniu com José e tiveram outros Filhos depois de nascimento de Jesus.
b- Sensus
Fidelium e Imagens ilustrativas
Tanto
Epifanio como Basílio defenderam a virgindade perpetua de Maria. Eles não
encontraram provas nas sagrada escritura, porem Basílio recorre aos sentidos
dos fieis onde se afirma que os amigos
do Cristo não suportam que se diga que Teotokos deixou de ser virgem em
determinado momento.
c - O
propósito da virgindade de Maria
Gregório
de Nisa explica a cena anunciação afirmando que Maria ao dizer que não conhecia
Varão estava referido-se ao propósito de guardar a virgindade.
d- Virgindade
de Maria e José
Jerônimo
afastou a solução do proto-evangelho de São Tiago e introduziu um elemento novo
e hipotético: José permaneceu também virgem.
e- Os Irmãos
de Jesus segundo os reformadores
Os
reformadores protestantes afirmam conjutamete a virgindade perpetua de Maria.
Segundo eles os irmãos do senhor eram somente primos. Para Lutero, Maria, sob o
véu de esposa ocultava a virgindade antes e depois do nascimento.
Zuinglio afirma que: o objetivo do seu
matrimonio com Jose foi para sua ajuda e proteção, não para engendrar filhos.
II- Maria Mãe de Deus
1. Mãe do Filho de Deus encarnado
a-
Afastamento da Encarnação
Os ebionitas afastavam a encarnação
estrita do verbo. Os gnoticos negavam a encarnação do Filho de Deus no seio de
Maria, ou por que Jesus não era Filhos de Deus (Ofitas), ou porque o fruto do
seio de Maria não era rigorosamente seu (ex Maria). Encarnou-se simplesmente
por Maria (per- Maria – Valentinianos).
b-
Ex Maria: Pressuposto necessário da redenção
As
respostas teológicas de Justino, Hipólito e Noeto clarificam o sentido da
maternidade de Maria.
c-
Maternidade para Kenosis
Os padres do século II entediam a
maternidade de Maria como o meio que Deus escolheu para abaixar-se até nós, ou
seja para sua Kenosis. As palavras condescendências “katabasis” Kenosis
explicava esta ação de Deus.
2 - Teotokos
Paulo de Samosata afirma que Maria é mãe
de Jesus e não do Logos. O povo proclamava a Maria a Teotokos (a que engendrou
Deus)
a-
O Filho consubstancial ao Pai: Nicéia.
O
concilio de Nicéia estabeleceu definitivamente a divindade de Cristo: Jesus é
consubstancial ao Pai.
b- E o humano no Filho? O debate
em torno do concilio de Eféso.
O se centro na humanidade de Jesus. O problema
é: como o divino se fez homem? Nas vésperas do concílio o significado da
Teotokos era Cristologico e não Mariologico. Cilirio de Alexandria, como
representante do Papa, realizou uma cessão em 22 de Junho onde excomungou
Nestorio e Aprovou solenemente o titulo de Teotokos incluindo na linguagem
eclesiástica teológica. Os padres de eféso não pretendiam privilegiar a Maria,
mas dá conta dá sua fé Cristologica: afirmar e confessar que o Filho de Deus
nasceu de mulher, foi verdadeiro homem. Só quando se desenvolveu o tema da
imaculada concepção é que se pode entender e encarnação, como um autentico
acontecimento cósmico, que dizer em Maria, a imaculada, o Divino se uniu com o humano
Antes do pecado, por isso pode iniciar-se uma nova criação.
c- o equilíbrio de Calcedônia
O Concílio de Calcedônia defendeu e determinou
teologicamente a constituição da personalidade de Cristo no instante de sua
geração virginal: a natureza divina e natureza humana assimida por ele se
uniram na pessoa do Deus –Logos de forma não confusa inseparada.
3- Posterior desenvolvimento
A reflexão teológica sobre Maria como Mãe de
Deus, esteve fortemente ligada , no ocidente, ao desenvolvimento dogmático da imaculada,
à assunção, à co-redenção, à mediação.
III- Conclusão
A maternidade virginal de Maria
1-
A fé na concepção virginal de Jesus pertencem ao NT. As
introduções Cristologicas de Mateus, Lucas e João, fala da ação de Deus do
Espírito em Maria. Jesus
é filho “De spiritu Sanctu ex Maria Virgine”
2-
Segundo os padres (Inácio de Antioquia, Irineu,
Tertuliano e Hipólito), Maria engendrou Jesus Cristo e lhe deu uma carne
verdadeira e real, passiva e capaz de sofrer e morrer. A virgindade de Maria é
meio de Konosis e ao mesmo tempo memória das origens virginais do mundo.
3-
O pecado de Eva se converteu na desobediência não na
perca da virgindade.
4-
Foi se fazendo coda vez mais comum a crença de que o
parto de Jesus foi bem aventurado, sustentado pelo Espírito Santo, e que Nele
não teve efeito a primeira maldição “dá a luz os filhos com dor”.
5-
A maioria dos padres defenderam a virgindade permanente
de Maria. Dizia-se que os que amam a Cristo não toleram os que se opõem a esta
realidade.
6-
Contra os gnosticos a Igreja confessou a encarnação ex
Maria.
A Igreja confessou – em sua ortodoxia, que Jesus é o
Filho de Deus consubstancial ao Pai e consubstancial a nós, em unidade de
pessoa que é Divina. Por isso, dada à intercomunicação entre sua natureza
divina e humana, Maria é autentica Teotokos
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