O
DOCUMENTO SYLLABUS (1864) do Papa Pio IX
Gregório
XIV, com a encíclica Mirari Vos, de 15-08-1832, tinha dado uma resposta
duramente negativa à pergunta da sociedade se a liberdade de consciência e as
liberdades reivindicadas pela civilização moderna podiam ser aceitas
positivamente pelos católicos. A liberdade escancarava as portas ao
indiferentismo, à anarquia, ao comunismo. Não seria oportuno nessas
circunstâncias reunir numa síntese solene os erros mais difundidos e perigosos,
e condena-los um a um?
Num primeiro momento se pensou em juntar a
condenação dos erros modernos à definição do dogma da Imaculada Conceição. Várias
pessoas foram consultadas, de Danoso Cortés a Veuillot e o Pe. Passaglia com
Gueranger elaboraram um projeto de bula que unia a definição da Imaculada
Conceição à condenação dos erros modernos, mas acabou sendo separado. Os
trabalhos da bula continuam deixando de lado a Imaculada Conceição, mas depois
de cinco ou seis anos não se chegou a nenhum resultado apreciável. Foram
consultadas outras pessoas sobre a lista das condenações modernas, Dom Pie,
bispo de Poitiers, o abade Gueranger, Dom Ram, reitor da Universidade Católica
de Louvain, e em 1860 foi preparada uma lista de teses a serem condenadas, na
qual insistiam sobretudo no aspecto metafísico das questões, nos princípios
últimos de onde se organizavam muitos erros, e ressaltavam também várias
posições socioeconômicas do liberalismo em contraste com a doutrina cristã. Pio
IX, porém, de modo liberatório, deu preferência a um outro texto, uma coleção
de proposições digna de condenação, publicada em julho de 1860, juntamente uma
solene pastoral de um bispo francês, Dom Gerbet de Perpingano, que segundo o
qual, havia notado, anos antes, o núncio da França, Dom Sacconi, preferiria a
redação de pastorais mais ou menos eruditas à ordinária administração da
diocese. A lista de Gerbet deu origem a relação de 61 proposições anunciadas aos
bispos, que tinham vindo a Roma, em junho de 1862, devido a um convite do papa
para assistirem a canonização de alguns mártires japoneses do século XVI. O
projeto a eles comunicado em segredo vazou logo para a imprensa, provocando uma
forte reação da opinião pública em 1863, indignada por ver condenadas algumas
teses não comuns no pensamento moderno.
No
início de agosto de 1864, continuavam ainda as discussões, ou melhor, os
cardeais membros do Santo Ofício levantaram de novo fortes dúvidas sobre a utilidade
do trabalho até então desenvolvido e sobre o caminho seguido: as teses não
estavam bem formuladas, não reuniam os principais erros da sociedade moderna,
faltava um quadro de conjunto. Finalmente, todavia, tomou-se uma decisão, e o
que não se realizava em 14 anos, foi concluído em 2 meses e meio: por obra
sobretudo do barnabita Pe. Bílio, depois cardeal, foi realizada nova lista,
formada de afirmações tiradas nas encíclicas e em outros documentos ao longo do
pontificado de Pio IX. Contemporaneamente foi inteiramente preparada por Bílio
uma encíclica, a QUANTA CURA. Os dois documentos, a encíclica com data de
08-12, e a lista, que teve o nome de SYLLABUS, tinham em vista o mesmo fim, mas
a “Quanta Cura” deveria oferecer, na
intenção dos redatores, uma síntese orgânica dos erros minuciosamente
relacionados depois do “Syllabus”. A “Quanta Cura” recorda e supera a “Mirari Vos” pela dureza de tom e pela
visão unicamente negativa da sociedade contemporânea.
Os Erros Condenados
O
Syllabus contém 80 proposições, divididas em 10 capítulos, que podemos resumir
em 4 pontos fundamentais:
1
– o primeiro grupo de erros (1-18): Diz respeito ao panteísmo, ao naturalismo,
ao racionalismo absoluto e mitigado, ao indiferentismo, a incompatibilidade
entre razão e fé;
2
– o segundo grupo (56-74): Reúne os erros sobre a ética natural e sobrenatural,
especialmente em relação ao matrimonio;
3
– a terceira série (19-55 e 75-76): Diz respeito aos erros sobre a natureza da
Igreja e do Estado e sobre as relações entre os dois poderes;
4
– Teses 77-80: As mais graves, ao menos pelas relações suscitadas na opinião
publica, é a ultima classe, de apenas 4 proposições. A Religião Católica deve
ser também em nossos dias considerada religião do estado, com exclusão dos
outros cultos; condena-se a liberdade de culto e a plena liberdade de
pensamento e imprensa. Em síntese, rejeitam-se algumas das teses fundamentais
da sociedade moderna, os “princípios imortais” de 1789. A última proposição
afirma categoricamente ser falsa a afirmativa segundo a qual “o Romano
Pontífice pode e deve se reconciliar com o progresso, com o liberalismo e com a
civilização moderna”.
O
Syllabus nasceu de um modo nada perfeito e causa uma impressão estranha pela alternância
de proposições de diferente significado e de importância variada, pela
freqüente passagem dos princípios magistrais a afirmações que podem ser
chamadas com razão de banais ou até mesmo de caráter absolutamente contingente.
O liberalismo não é condenado somente por suas doutrinas, que se referem as suas
relações entre Igreja e estado ou por suas ascensões de natureza puramente
políticas: o Syllabus condena sobretudo uma concepção de vida no sentido mais
amplo da palavra, uma concepção que rejeita ou limita os direitos de Deus sobre
as criaturas.
Os
católicos intrasigentes julgavam que a condenação pontifícia se estendia a
todas as formas de liberalismo, ou seja, que atingisse não só o liberalismo
católico, o qual salvava os valores essenciais do cristianismo e estava animado
pelas melhores intenções. Os radicais sustentavam que o Syllabus condenava de
modo simples e sem equívocos todas as formas de liberdade, de progresso, ou
seja, que rejeitava em bloco a civilização moderna, para concluir que a
sociedade e a civilização moderna não tinham necessidade de benção do poder. O
papa se separa do mundo civil.
O
Syllabus não condenava as liberdades modernas em si mesmas, mas o contexto
histórico-filosófico no qual em geral elas eram inseridas, a pretensão de fazê-las
derivar da negação da ordem sobrenatural.
Uma
interpretação mais autorizada do Syllabus foi dada por Leão XIII, Joaquim
Pecci, 1878-1903, que em todo o seu pontificado seguiu uma linha complementar à
de seu predecessor, tentando dar uma resposta positiva às interrogações mais
obsessivas feitas pelo mundo moderno, às quais Pio IX tinha retorquido apenas
indicando quais posições eram inaceitáveis.
Obs.:
Curiosidade: a proclamação do Dogma da Imaculada Conceição se deu em
08/12/1854; o documento Syllabus em 08/12/1864 e o Vaticano I em 08/12/1869.
Coincidência!?
A Igreja Católica precisa deixar suas “intervenções” medievais e voltar à Simplicidade Santa com que o Cristo a criou. É mais fácil ter fé nos ensinamentos puros que o Evangelho nos dá, que na complexidade mundana que o Catolicismo nela injetou. Que a Luz do Senhor esteja com todos nós.
ResponderExcluirCristo não criou nenhuma Igreja Católica ! Essa entidade foi inventada pelos bispos, sedentos de poder sobre os fiéis .
ExcluirO Sermão da Montanha é a síntese dos ensinamentos de Jesus. O resto foi sendo acrescentado .
Excluirdeciocaval"Cristo não criou nenhuma Igreja"
ExcluirCristo "Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha IGREJA, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" Mateus 16:18
Oiçam esta maravilha medieval https://www.youtube.com/watch?v=X4GThFgL_9k
Viva a Igreja medieval!
Vá dizer isso ao Papa , pra que ele coloque também como ERRO CONDENADO , todo o DECRETO Unitatis Redintegratio ,oriundo do CVII, que" entre outras coisas, considera os protestantes , como IRMÃOS em *Cristo*, pois de FORMA JUSTA, fazem parte do CORPO de Cristo, por meio do batismo de fé , e obediência ao Evangelho,são RECONHECIDOS pelos FILHOS da IGREJA como IRMÃOS NO SENHOR.
ExcluirVerifique voce mesmo:
§3
Jesus pregou o Reino de Deus na terra, e as pessoas viram nisso uma oportunidade de expandir seus desejos de poder e criaram essa instituição, assim como o Estado é uma criação de pessoas que queriam o poder, logo, ambos, Estado e Igreja podem conflitar, afinal, um tem o discurso da eternidade e outro o discurso de autoridade. Falácias!
ResponderExcluirCristo
Excluir"Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém." Mateus 28:19,20
"Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha IGREJA, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" Mateus 16:18
Assim como Jesus Cristo condenou publicanente os erros de seu tempo, como a vida errada dos fariseus hipócritas, o mesmo faz a Igreja fundada por Ele, que nada mais é do que sua continuidade, o seu Corpo Místico aqui na terra. Deixando de condenar os erros, especialmente os de cunho social, ela estaria traindo sua missão principal.
ResponderExcluirA igreja é uma instituição divina porque fundada por Jesus Cristo que é Deus. Ao mesmo tempo é instituição humana dirigida por homens falíveis sujeitos ao pecado. Entre erros e perseguições está viva há mais de 2000 anos, cumprindo a missão dada por seu fundador que é anunciar o Reino de Deus até que Ele venha.
ResponderExcluirO "CRISTIANISMO" a partir de do Imperador Constantino resultou de decisão Política, se tornando-se a Religião de Estado após brigas e ameaças do resultada de votação do Concílio de bispos representantes de toda forma de crenças , excluindo o verdadeiros ensinamentos de Jesus, o que foi oficializado seguidamente foi os ensinamentos de Paulo de Tarso.
ResponderExcluirCorrigindo. Tornando-se a Religião de Estado.
ExcluirHERESIA é tudo aquilo que diminui o Poder do Clero, "CLERO", Facistas sedentos de Poder.
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