II Parte: A Palavra Inspirada
UNIDADE
III – A Inspiração
1.1 - Introdução
Deus tem se revelado ao homem para fazer dele objeto de sua
amizade e de seu amor. Sendo uma revelação salvífica que compromete o presente
e o futuro definitivo do homem.
1.2 – O fenômeno da inspiração
Em primeiro lugar
destaca-se o fenômeno enquanto tal, depois terá uma definição.
1.2.1 - Destacamento do
fenômeno: o termo inspiração
também pode ser usado em sentido profano: inspiração física, poética e
profética. E também no sentido religioso. Dentro de sentido religioso o objeto
deste estudo pode ser: a inspiração oracular, judaica ou gentílica. Ou ainda
oral: tradições proféticas. Por fim inspiração escrita: Sagrada Escritura.
1.2.2 - Manifestação: quando se fala de inspiração Bíblica se faz referência aos
textos Sagrados tanto do AT como do NT; que são escritos sob a ação do Espírito
Santo. A obra da salvação á levada a cabo por homens imbuído do Espírito Santo.
A constituição dogmática sobre a divina revelação afirma em diversos números
que a ação do Espírito Santo de dá no homem mediante as Escrituras.
1.2.3 - Eficácia do Espírito: na Bíblia o
Espírito Santo se reveste de símbolos e metáforas variadas para designar sua
força de verdade, sua presença multiforme imutável e dinâmica. O Espírito do
qual falamos metaforicamente nos fala as Escrituras é um vivente divino que
pairava sobre o abismo no início da criação. É uma força vivificante, um sopro
divino, é uma língua de fogo, é uma voz sussurrante.
1.2.4 - Conseqüências: os escritores sagrados plasmam no texto Bíblico a palavra
de Deus, a revelação dos mistérios divinos e o fazem movidos por uma força
sobrenatural que é a capacitação dada pelo Espírito de sabedoria. Assim se pode
falar que Deus é o autor por mais que trate de obras humanas.
1.2.5 - Definição de
inspiração:
é o
resultado misterioso da ação carismática de Deus nos hagiógrafos enquanto
membro de uma comunidade crente seja judaica, seja cristã, os quais usando
todas as faculdades e talentos e agindo Deus neles e por eles põem por escrito
tudo e só o que Deus quer em ordem a salvação da humanidade.
1.3 – A consciência da inspiração na
bíblia
Jesus Cristo, sobretudo no quanto
Evangelho, mostra uma consciência clara ao falar da palavra de Deus, ao falar
que viu e ouviu no ceio do mistério divino.
1.3.1 - A Bíblia é palavra de
Deus: no AT: tantos os
livros históricos, proféticos, como também no NT com todo o seu conteúdo é
palavra inspirada por Deus.
a) Antigo Testamento: a Bíblia judaica se
divide em três grandes partes: a lei, os profetas, e os escritos. A divisão
cristã do AT é: livros históricos, livros proféticos, livros sapienciais.
Contendo sete livros a mais que a Bíblia judaica.
a1 ) Livros históricos: documentos do pacto sinaítico. Deus pronuncia as palavras a
Moisés e ele as comunica ao povo todos os seus mandados.
a2 )Livros proféticos: essa mesma consciência que manifesta nos profetas.
Sobretudo porque eles têm consciência de ser homens da palavra. * Livro de
Jeremias: a instrução deste livro se desenvolve como dever da palavra de Deus.
* O livro devorado pelo profeta Ezequiel: “filho” do homem..., Come este livro,
depois vem e fala a casa de Israel. Neste texto se expressa a convicção que não
é apenas oráculo profético mais também palavra de Deus.
a3 )Livros sapienciais: a sabedoria de Israel, cujo arquiteto é Salomão, é o fruto
do esforço humano e de muitos outros povos que sabem que os sábios de Israel
bebem os frutos da experiência humana e religiosa como trabalho dos sábios
inspirados por Deus.
1.3.2 - No Novo Testamento: no NT Jesus tem a consciência de ser a revelação última e definitiva
de Deus.
a)A Bíblia foi inscrita sobre a
inspiração do Espírito Santo:
reflitamos
sobre esta frase: primeiro em termos gerais e logo mediante a análise dos
textos clássicos no NT relativas a inspiração.
1.3.3 - Em geral: A presença eficaz e vivificante do Espírito de Deus nos
livros sagrados, por tanto é a inspiração propriamente Bíblica, vem a ser como
uma necessária conseqüência da ação do Espírito Santo na história da salvação e
na palavra divina da revelação.
1.3.4 - Em particular: Nos textos se distingue entre profecia oral e escrita que
foram pronunciadas e escritas por homens movidos pelo Espírito Santo. A ação do
Espírito Santo recai sobre todas as Escrituras.
1.4 – O dogma da inspiração
Sendo o dogma um artigo de fé expresso
de forma normativa, é por meio do dogma da inspiração que se pode concluir que
Deus inspirou tanto a AT como o NT.
1.4.1 - As divisões do
Magistério sob a inspiração:
·
Em primeiro lugar, o mesmo Deus e o mesmo Espírito são
autores tanto do Novo Testamento como do Antigo Testamento.
·
Todos os livros das Sagradas Escrituras são inspirados.
·
Contra os modernistas a Igreja se viu obrigada a defender a
inspiração total das Escrituras.
1.4.2 - O dogma da inspiração: Dei Filius proclama o dogma da inspiração: diz assim o
texto do cânon: “se alguém não concebe como sagrado e canônicos os livros das
Sagradas Escrituras em sua integridade e com todas as suas partes tal como os
enumera o Concílio de Trento, e negar que são inspirados por Deus seja
anátema”.
S Inspiração
conseqüente:
segundo
a teoria de Haneberg considera como possível que um livro composto pelo
trabalho humano chega a ser inspirado e aprovado pela Igreja como aprovado por
Deus.
S Teoria da
assistência negativa:
o
papel de Deus, autor da Escritura é puramente negativo, subordinando a ele a
possibilidade da inspiração e revelação entre Deus que inspira, o homem
inspirado; que se limita ao entendimento, em que Deus influi para
evitar todo erro dos livros Sagrados.
S Negação da
inspiração:
durante
os séculos XVIII e XIX a inspiração das Sagradas Escrituras foi negada por
alguns racionalistas e liberais do protestantismo. Os livros que até então eram
considerados como sagrados passam a ter tido como mitos e parábolas.
1.5 – A reflexão da Igreja sobre a
inspiração
1.5.1 - Introdução: A reflexão sobre a inspiração mediante analogia tem
avançado sobre dois caminhos: um das realidades mundanas e outro das realidades
mistéricas.
1.5.2 - Analogia com realidade do mundo:
a) Analogia instrumental: por meio dos
estudos patrísticos nós temos a idéia que Deus é a causa principal e o homem
causa instrumental da revelação.
a1 ) Na
época patrística é o Espírito Santo que move o instrumento humano para
executar sua obra de linguagem, põem o alento, move e impulsiona cada autor humano
a colocar o timbre de sua linguagem.
a2 ) Na
época escolástica:
como a
escolástica se dar um passo desde a imagem do instrumento musical a uma
conceitualização dela mesma = causa instrumental e causa principal. * Causa
principal, atua por vontade própria. * Causa instrumental, se distingue numa
dupla ação: natural e racional. * Resultado: efeito das causas. * Ambas as
causas recaem sobre o mesmo efeito. * a causa do agente é permanente e do
instrumento é passageira.
b) Analogia literária: a reflexão patrística tem recorrido a analogia do ditado e
do autor.
b1 )
Analogia do ditado:
é uma
figura de linguagem para dizer que o Espírito dita e o homem escreve.
b2 )
Deus e homem são autores da Sagrada Escritura: o Concílio Vaticano II nos fala que não é somente Deus o
autor da Sagrada Escritura, mais Deus e o homem são verdadeiros autores das
Sagradas Escrituras. * com tudo ainda permanece a Idéia de que a causa
principal dos textos sagrados é Deus e a causa instrumental é o homem.* Deus
atua nos conhecimentos humanos. * Deus move a vontade humana a escrever. * A
vontade humana é dirigida pela vontade sobrenatural de Deus.
c) Teoria de K. Hahner: ele parte do pressuposto de que Deus e o homem em
diferentes níveis produzem os livros sagrados: Deus como Deus e o homem como
homem.
d) Teoria de Luís Alonso – Schökel: este opina que se pode relacionar por via analógica a
inspiração Bíblica com a inspiração literária. Ele apresenta um esquema de sua
teoria em três tempos:
X Materiais: a matéria pode ser
o conhecimento puro, podem ser informes, pode ser materiais literários
pré-elaborados.
X Intuição: o sentimento dominador e sereno nos inunda de gozo com sua
luz e será uma penetração simbólica, ou por via analógica.
X Conclusão: cada uma das teorias enriquece nossa compreensão do
mistério de inspiração. Há de se convir que cada teoria exposta à cima tem sua
limitação.
1.5.3 - Analogia dos
mistérios:
como a
vida da Igreja se desenrola pela participação assídua do mistério Eucarístico,
há de se esperar que ela receba novo impulso de vida espiritual como a
redobrada devoção a palavra de Deus.
a) Analogia com encarnação: esta analogia estabelece uma semelhança em quatro pontos:
·
A encarnação da palavra coexistente das naturezas humana e
divina em uma única pessoa divina.
·
O verbo encarnado é igual e perfeito, tanto em divindade
quanto em humanidade.
·
No verbo encarnado cada natureza mantém sua propriedade.
·
No verbo encarnado a união das duas naturezas em uma só
pessoa não significa fusão nem confusão, mas cada uma delas mantém sua
identidade.
b) Analogia da Eucaristia: o dogma da
Eucaristia nos tem sido ensinado e transmitido sobre tudo pelo Concílio de
Trento. Comparando a doutrina tridentina sobre a Eucaristia com o mistério das
Escrituras por obra da inspiração, existe analogamente uma transubstanciação de
palavra humana em palavras propriamente divina.
·
Na Eucaristia, mediante a consagração se dar a
transubstanciação do pão em corpo de Cristo e do vinho no sangue de Cristo.
·
Por obra da transubstanciação a Igreja afirma e declara a
presença eficaz de Cristo na Eucaristia, sem negar que há outras multiformas da
presença divina.
·
Em razão da presença divina na Eucaristia, o homem deve
atribuir-lhe culto de latria.
·
A Igreja recomenda que recebam, os freqüentemente a Eucaristia.
·
A Eucaristia é chamada pelo Concílio de Trento como sinal
de unidade e vínculo de caridade.
·
Na Dei Verbum diz que na Eucaristia encontramos
expressão inscrita do amor de Deus. Com a Eucaristia encontramos a expressão
sacramental deste mesmo amor divino.
Conclusão: A analogia com os
mistérios da encarnação e da Eucaristia que guia nossos passos e faz um
aprofundamento dos mistérios das Escrituras e propicia uma atividade de
veneração a ela. Há demais sobre nossos olhos há uma maior advertência das relações
intrínsecas sobre Deus e o homem na produção da Sagrada Escritura.
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