A MÃE
AGRACIADA E CRENTE
A MÃE DO
VERBO QUE FEZ CARNE
ü
O quarto Evangelho foi escrito nas comunidades
do discípulo amado que é um personagem misterioso.
ü
Provavelmente foi testemunha ocular do mistério
de Jesus e inicialmente discípulo de João Batista.
ü
O discípulo amado só aparece com este nome na
hora de passar deste mundo ao pai (Jo: 13,1), quando Jesus havia amado os seus
até o extremo. Foi então quando se constituiu sua identidade. Até então, o
“discípulo amado”, de Jesus não era de fato, pois, ainda não tinha entrado de
cheio no mistério.
ü
O quarto Evangelho manifesta uma certa
preferência por mostrar a certas pessoas como modelo, figuras, tipos ou
símbolos de uma peculiar forma de reagir ante Jesus e sua mensagem.
ü
Coloca teologicamente numa mesma perspectiva
dois planos distintos:
§
a atividade terrena de Jesus, e;
§
a vida da Igreja. ;
§
ou seja, contempla o Jesus terreno à luz das
situações posteriores da Igreja.
ü
No momento da morte de Jesus na cruz, os pagãos
são chamados ou “atraídos” ao redil.
ü
Em ambas as partes do Evangelho aparece a “mãe
de Jesus”, no início ministério terreno (JO, 2,1ss) e no momento da hora (19,25-27).
Mas cabe perguntar-se se também ela está mencionada no prólogo cristológico com
o qual o 4ª evangelista inicia sua obra (como MT e LC).
I. MARIA NO PRÓLOGO CRISTOLÓGICO DE JOÃO:
“Não nascido da vontade de varão”
ü
Diferentemente de LC e MT, o prólogo de João se
apresenta numa perspectiva Teológica e mística. Seu prólogo tem forma de hino e
de cântico de louvor que celebra o mistério do verbo encarnado.
ü
Não interessa saber se o prólogo do 4ª Evangelho
conhece o nascimento virginal de Jesus ou o pressupõe.
ü
João, fora do prólogo, fala em duas ocasiões de
Jesus como filho de José
( 1,45; 6,42). No prólogo se fala de alguém não nascido de sangue, nem da
vontade da carne, nem da vontade de varão (1,12-13).
1. As duas versões de João: 1 12-13.
A) Uma falsificação?
ü
Os grandes manuscritos gregos do quarto
Evangelho ( posteriores a 300) referem estes versículos 12-13 aos crentes, não
a Jesus.
ü
É estranho que autores da época ( 100 a 200) citem João 1, 13
empregando a leitura no singular. Somente no final do século II encontramos a
leitura plural. Isto ocorre em Alexandria (Egito).
ü
Tertuliano dá uma explicação: se trata de uma
falsificação de Jo: 1 13; para fundamentar num texto bíblico suas teorias sobre
a origem divina e o renascimento dos eleitos, dos espirituais ou perfeitos, os
gnósticos valentinianos fizeram esta mudança. Ver nota 7 à pág 127, texto de Santo Agostinho.
B) A lógica do quarto Evangelho e a
leitura singular
ü
Argumentos que avalizam a leitura singular em
João: 1 12-13:
§
Quando João fala de novo nascimento dos
cristãos, emprega o verbo em perfeito não em aoristo que é reservado para
Cristo, tal como em João: 1, 13;
§
O fim do
que se fala em João: 1, 12 se refere ao ser do filho. Tem, pois, sentido o
singular no versículo 13;
§
Nunca o quarto Evangelho propõe uma qualidade de
vida cristã sem antes propor uma qualidade em Cristo. Vai contra sua
lógica apresentar a origem divina dos crentes sem propor previamente a origem
divina de Jesus: chegamos a ser filhos de Deus à medida em que cremos naquele
que foi gerado por Deus, o Filho de Deus;
§
As três
negações do versículo 13, têm caráter polêmico; no entanto, a polêmica só tem
sentido se do que se fala é de um nascimento corporal, ao que se negam certas
modalidades: o que se explica muito bem se se trata da encarnação de Cristo.
CONCLUSÃO DE POTERRIE
ü Em
Jo: 1,12-13 Cristo é apresentado em sua encarnação, como o modelo do novo
nascimento dos cristãos.
ü Os
versículos 12-13 com palavras mais simples dizem o seguinte: “ a todos nos é
dada a possibilidade de vir a ser filhos de Deus, na medida em que cremos no
nome daquele que foi gerado por Deus”.
2- As três negações “o qual não nasceu do sangue, nem da vontade
carnal, nem da vontade de varão”
ü O
quarto evangelho nega três modalidades de nascimento de Cristo.
ü As
duas primeiras parecem supor a concepção virginal. A terceira é como uma
expressão extrema.
ü Peter
Hofricher em sua tese doutoral diz que a palavra sangue no plural descrevia, em
primeiro lugar, o derramamento de sangue em atos violentos como um crime ou uma
batalha e, em segundo lugar, uma perda de sangue na menstruação da mulher em
parto (alguns textos do AT e depois da tradição judia)
ü Nas
traduções modernas, o vocábulo άιματα sangue se traduz sempre no singular.
ü Portanto,
o que se quer dizer é que no nascimento de Jesus não houve perda de sangue em
sua mãe, nem tampouco impureza ritual.
ü Em
“De La Potterrie” há correspondência entre Jo: 1,12-13 e Lc: 1,34-35.
ü Segundo
esta concordância, o nascimento virginal é o sinal da filiação divina de Jesus.
ü João
chama a Maria, sempre de “a mãe de Jesus”. Contudo, Jesus é sempre para o 4º
evangelista, o filho único de Deus, o Templo de sua presença. Filho de Deus
feito homem e que tomou sua humanidade de Maria.
3- O Filho de José
ü
O evangelho de João fala duas vezes de Jesus, o
“filho de José ”
(1,45 e 6,42);
ü
Aí, não expressa sua convicção, mas sim o modo
de falar da gente, de Felipe.
ü
Quando quer expressar a identidade de Jesus, sua
filiação, o faz sempre em referência a Deus Pai.
ü
Na boca de Jesus e na do Evangelista, o pai de
Jesus é sempre Deus. São os “outros” que falam de Jesus como filho de José. (Em
Jo: 1,45 é Felipe; em Jo: 6,42 são os “judeus”; falar de Jesus como filho de José é “julgá-lo
segundo a carne” J. Willemse.
II – A Mãe de Jesus nas bodas messiânicas
de Cana da Galiléia
ü
O
contexto anterior:
§
Nas bodas de Caná, a mãe de Jesus ocupa um lugar
importante.
§
No evangelho de João há um grande acúmulo de
afirmações cristológicas;
§
Com todo este transfundo se chega ao relato de
Cana, o que manifesta ao leitor quem é Jesus:
a) o Logos para quem tudo foi feito
b) a vida, a luz dos homens, o Filho
unigênito do Pai, não nascido da carne, nem do desejo de um varão, aquele cujas
as sandálias João Batista não
era digno de desamarrar.
c)
Cordeiro de Deus;
d)
Messias;
e)
Filho do Homem;
f) o
Senhor, o Rei, o anunciado pelos profetas;
g) o
Rabi sobre quem posou o Espírito Santo.
ü
Tem-se a impressão de que a fé dos primeiros
discípulos necessitava de uma ratificação. O relato de Caná se apresenta como o
momento em que essa fé se confirma.
2. Estrutura do relato das
Bodas de Caná
ü Este
relato tem recebido várias e diferentes interpretações:
a)
alegórica (Padres e Teólogos da Idade Média);
b)
histórica
c)
reliongeschichtlich (nega a historicidade do
relato, e busca sua origem na mitologia pagã);
d)
histórico-crítica (quando e como se formou este
relato?);
e)
simbólico-teológica;
f)
estruturalista e lingüística.
ü O
relato está estruturado em cisco partes que forma um quiasmo (usual na
literatura hebraica) Cfr: pág: 132.
§ No
primeiro momento: ignorância da mãe
de Jesus, posto em relevo por Ele ao perguntar: “Que queres de mim, mulher?”
§ No
quarto momento: ignorância do mestre-sala “De onde procede o vinho bom?”
§ Nos
segundo e quarto momentos: aparecem os servidores que recebem a
recomendação para obedecer à palavra do Filho. Portanto, sabiam da procedência
do vinho.
§ No
terceiro momento: central do relato. Jesus e sua palavra oculta ocupam a
cena:
a) Jesus
pronuncia três mandatos: enchei!; tirai! Levai!;
b)
Os servidores obedecem a tudo o que Jesus manda.
Obedecendo Jesus, obedecem ao que Maria (a Mãe) havia pedido antecipadamente (“Fazei
tudo o que Ele vos disser”)
§
A palavra de Jesus e a colaboração obediente dos
servos, produz o Sinal, o começo dos sinais.
3. Os primeiro e último
momentos: “Se fez uma boda... e viram sua glória”
a)
UM EFEITO SIMBÓLICO
ü
Lendo o texto se adverte que o redator se atém
aos detalhes informativos. Nada diz a respeito da esposa; o noivo só aprece no
final e indiretamente; não se fala do rito do casamento...;
ü
Tudo isto indica que se trata de um relato
simbólico, o simbolismo nasce de sua totalidade;
ü
O quarto evangelho apresenta os sinais de Jesus
“para que creiais”;
ü
Em Caná, Jesus realiza um sinal demonstrativo e
expressivo de sua pessoa e de sua glória.
b)
O PRIMEIRO DOS SINAIS
ü
Não é só um sinal, mas o primeiro dos sinais, o
proto-sinal, ou o começo dos sinais (arch tù~n
shmeßwn);
ü
“desde o começo” em João, se refere ao
início da revelação de Jesus: “O que temos visto e ouvido”;
ü
“Começo” em João:
§
Não se identifica com o testemunho de João Batista;
§
Não se identifica com a pregação inicial de
Jesus;
§
Nem tampouco com a vocação dos primeiros
discípulos;
§
Identifica-se o primeiro sinal, em Caná.
ü
Este é o
começo dos sinais, o arquétipo que prefigura e encerra toda a série dos sinais;
ü
No Evangelho de São João os sinais:
a)
são atos simbólicos através dos quais Jesus se manifesta
como Messias e Filho de Deus;
b)
são gestos do Verbo que se faz carne e habita entre
vós.
ü O
que aconteceu em Caná é um símbolo, um caminho de acesso a algo que o supera em grandeza. A cena de
Caná, constitui a chave do quarto Evangelho.
MANIFESTA-SE A GLÓRIA
ü Na
realização do primeiro sinal se manifesta:
§ A
glória do messianismo e a filiação divina de Jesus;
§ A
glória do Filho Unigênito do Pai;
§ A
glória do Logos feito carne.
ü As bodas de Caná são o símbolo da encarnação
do Logos, da união da divindade com a humanidade. Cfr: nota 24, pág: 136, texto
de Santo Agostinho.
4. Os segundo e quarto
momentos: a mulher e a hora
a)
“Não tem vinho”
ü Na
Escritura o vinho é um dos elementos mais importantes do festim messiânico;
ü Principais
textos proféticos que falam do vinho: Amós: 9, 13-14; Joel: 2, 24; 4, 18;
Isaías: 25, 6.;
ü No
Evangelho de Mateus, Jesus fala expressamente do vinho da Nova Aliança;
ü No
judaísmo posterior, este simbolismo geral do vinho se especifica e se precisa
cada vez mais;
ü Nos
Targumins e escritos rabínicos, o vinho é um dos símbolos preferidos da Torah;
ü Na
fé cristã, o vinho é chamado a ser o grande sinal eucarístico do sangue de
Jesus, da carne sacrificada do Senhor;
ü O “não
tem vinho” evoca, portanto, uma situação pré-eucarística.
b)
O que queres de mim, mulher?
ü A
mãe de Jesus não é apresentada com seu nome próprio;
ü Ela
é a mãe da Palavra eterna. Por isso, tem sentido sua presença nas Bodas pois
simboliza a encarnação da Palavra;
ü Quanto
à frase: “Que queres de mim, mulher?” é uma expressão muito conhecida no
mundo semítico e greco-romano. Na maioria dos casos esta frase expressa
inimizade. Portanto, só pode ser entendida da seguinte forma:
§ Ou
como distanciamento de Jesus com respeito à sua Mãe;
§ Ou
como falta de compreensão, de diálogo, como mal entendido.
§ Provavelmente,
a segunda opção é o sentido da pergunta.
ü À
pergunta: por que razão uma falta de vinho é motivo de distanciamento entre
Jesus e Maria? A frase seguinte de Jesus pode nos explicar o sentido: “todavia,
não é chegada a minha hora”.
c)
“Todavia não é chegada a minha hora”
ü No
quarto Evangelho se fala da “hora” em vários sentidos: cronológica
(João: 2, 4; 3, 24; 6, 17; 7, 6.8...), teológica e cristológica (João: 7, 30;
8, 20; 12, 27; 16, 14). Embora prevaleça a teológica.
ü Na
Tradição Bíblica a “hora” é a dos últimos tempos (Cfr: Dan: 11, 40.45 –
LXX), é o momento da consumação final (Dan: 12, 4).
ü “Hora”
no quarto Evangelho significa irrupção contínua de acontecimento escatológico
da revelação (Jo: 7, 30; 8, 20; 12, 23.27; 13, 1; 17, 1).
ü Em
Caná, a referência à hora provavelmente está relacionada com a horta do
acontecimento narrado em João: 19, 27. Se trata, pois, da hora da Paixão, pois
é a este momento que sempre o termo hora está relacionado em João. Muitos autores,
entretanto, defendem que se trata da “hora” dos milagres, como por
exemplo: H. Smith, Soutarm Genyt, Lohfink.
ü Resulta
que naquela “hora”, a mãe de Jesus não exercerá mais sua função materna
a respeito d’Ele.
ü Jesus
antecipa a hora, distanciando-se de sua mãe, chamando-a de “mulher” como
fará na cruz.
ü A
frase “Que queres de mim, mulher?” remete à cruz! Visto neste prisma, a
cena de Cana se refere ao Calvário.
d)
“Mulher”
ü
Quando chega a sua hora Jesus não mantém com sua
mãe a relação familiar.
ü
O exegeta Mercedes Navarro, destaca vários significados
da palavra “mulher” com a qual Jesus se dirige à sua mãe:
§
Relacionada com a função da mulher do
Gênesis: 2, 3.
v
Aqui a mulher é a primeira diferenciada a partir
de ’ada genérico (Gen: 2, 22-34); é a primeira que põe palavra aos desejos
humanos; é a primeira em ascender ao conhecimento do bem e do mal. (Em João: é
a que põe palavra a uma carência; inicia os servidores no conhecimento e, por
isso, eles sabem de onde vem o vinho; com sua palavra, os remete a Jesus).
§
A exclamação: “Mulher!” antecipa o
diálogo de Jesus com a Samaritana (Jo: 4, 21)
v
A cena junto ao poço, humana e teologicamente
falando, como em Caná, é fundamental. Evoca o sentidos das Bodas, sem que por
isso, necessitássemos assinalar Jesus como noivo ou Maria como noiva. A mulher
de Caná inicia e a mulher de Samaria estende.
§
Mulher! Antecipa João: 19, 27.
v
A mulher que se dirige a Jesus realizou o que
havia iniciado em Caná e da forma que a mulher de Samaria havia ampliado no
sentido de universalidade
§
Antecipa também João: 20, 15.
v
O sepulcro tem uma pedra à entrada. Também em
Caná se fala de pedras.
v
Em Caná a mulher pede que façam o que Jesus
disser;
v
A Samaritana se encaminha ao povo e lhe anuncia
o que Jesus lhe havia dito;
v
Maria Madalena anuncia aos irmãos.
ü
Maria
está relacionada em plano simbólico com outras duas mulheres bem distintas
através do termo “mulher”. É significativo que não tenha nome nem a mãe
de Jesus, nem a Samaritana.
e)
As palavras da mãe aos servos
ü
Nos evangelhos, “Fazei tudo o que Ele vos
disser” são as últimas palavras de Maria.
ü
As palavras da mãe de Jesus reproduzem uma
fórmula técnica que aprece várias vezes no Antigo Testamento e sempre em
relação com a Aliança.
ü
São as palavras de aceitação da Aliança.
ü
O exegeta A. Serra observa que as palavras de
Maria aos servos de Caná podem ser postas em paralelo com a formulação da
Aliança: “Nós temos tudo quanto tem dito Iahweh”. Maria utiliza a
fórmula da Aliança. Personifica, em certo sentido, o povo de Deus num contexto
de Aliança: “João põe nos lábios de Maria a profissão de fé que toda a
comunidade do povo eleito pronunciou um dia diante do Sinai”
ü
A tarefa de Maria consistiu em ser mediadora
entre Jesus e os servidores.
ü
O quarto evangelho não fala de serventes (δουλоις), mas de
servos (διακονοις).
ü
Os servos que obedecem a Jesus representam o
novo povo de Deus, aos discípulos de Jesus que seguem fielmente ao seu Mestre,
lhe servem e se mantêm a seu lado.
f)
O mestre-sala e o noivo
ü
O mestre-sala reconhece o acontecimento, mas
ignora ação de Jesus.
ü
O esposo não atua como a maioria dos homens.
ü
A imagem bíblica do esposo evoca a Deus no
Antigo Testamento, esposo de seu povo, mas é comparado com um homem pelo
mestre-sala.
ü
Mais tarde, João Batista define
Jesus como o esposo e a si mesmo como “o amigo do esposo” (Cfr: Jo: 3, 29).
ü
A pergunta do mestre-sala sobre a origem da água
convertida em vinho é a pergunta que sempre faz o quarto evangelho sobre a
origem de Jesus, a Palavra encarnada.
5. O terceiro mundo: a água
e o vinho
ü
Água – símbolo universal de vida (aparece nos
mitos da criação).
ü
Para Walter Lutgehetmann água e vinho são
símbolos do Logos e da carne.
ü
Vinho – símbolo da carne, da humanidade, do
sangue.
ü
A transformação de Caná representa o mistério
insondável da Encarnação.
ü
Segundo o exegeta Aristide Serra:
§
O vinho de Caná é figura da nova Lei cujo
revelador é Jesus;
§
Esta Lei se manifesta em plenitude no terceiro
dia, quando chega sua hora;
§
Cruz: cume da revelação.
III – A mãe de Jesus no terreno do amor esponsal em Jerusalém
ü
A cena muda de cenário no quarto evangelho: de
Caná da Galiléia, onde se celebraram as Bodas Messiânicas à Jerusalém, ao lugar
chamado Gólgota ou Calvário, onde Jesus é crucificado e junto à cruz, está sua
Mãe.
1.
As sete cenas como contexto
ü
Ver quiasmo da página 144.
a)
O lugar da crucifixão e da sepultura
ü
É significativo que o Evangelho segundo João
inicie a paixão de Jesus no horto do Getsêmani (18, 1) e a conclua no horto do
Gólgota onde Jesus foi crucificado e sepultado (19, 41) e onde apareceu a Maria
Madalena (20, 15).
b)
Desnudado e despojado, enrolado e embalsamado
ü No
horto das Oliveiras, Jesus é despojado de tudo pelos soldados (Cfr: Jo: 19,
23-24).
c)
Os dois testemunho do discípulo amado
ü O
discípulo amado aparece nas duas cenas
correlatas (C e C’);
ü Na
terceira cena, se encontra com a mãe de Jesus, a irmã de sua mãe, a mulher de
Cléofas e Maria Madalena (personagens femininos);
ü Na
quinta, surge como testemunha do que pedem os judeus a Pilatos, do que fazem os
soldados com os dois crucificados e o que faz um soldado com Jesus (= a
lança!);
ü Ainda
na quinta cena, Jesus é apresentado como o Cordeiro de Deus, o novo Cordeiro
Pascal (conexão simbólica com Caná).
d)
A sede de Jesus e a entrega do Espírito
ü Jesus
ocupa todo o espaço desta cena;
ü Já
não é mais sua mãe quem o torna consciente da falta de vinho, mas Ele mesmo tem
sede;
ü Muitos
pontos de contato entre Caná e Calvário:
§ Em
Caná se vislumbra a glória; no Calvário, se oculta;
§ Em
Caná primeiro é servido o vinho menos bom; no Calvário, o último vinho é mal;
§ Jesus
começa seu ministério oferecendo a todos o vinho bom. Conclui seu ministério
tomando, Ele mesmo, o vinho mal;
§ Em
Caná a mãe se dirige ao Filho; no Calvário, o Filho se dirige à mãe;
§ Em
Caná a mãe diz: “Não tem vinho”; no Calvário, o Filho fala: “Tenho
sede”.
ü A
cena central e última é aquela em
que Jesus , depois de haver cumprido a missão e ter entregado
tudo, clama sua sede de Deus, sua sede de amor. Este é o momento de sua máxima
solidão. Jesus entrega o espírito à esposa e morre por ela.
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