A
Interpretação bíblica
1.1 – Introdução
A palavra de Deus
fixada e condensada em texto definitivo
a muitos séculos, e por ser palavra de salvação esta destinada a todos os
homens de qualquer época, nação ou cultura.
1.2 – Conceito de
hermenêutica
É a compreensão e
interpretação de textos literários, independentemente da época. Mas
particularmente os textos literários da Antigüidade.
A hermenêutica bíblica
tem por objeto a compreensão, explicação e interpretação dos textos bíblicos,
com o fim de trazer o texto vivo e atual para o homem. E isso tem em vista: o
texto literário, o receptor ou homem contemporâneo, o autor do texto, o tema, a
linguagem.
1.2.1 - Necessidade da
Interpretação bíblica:
Muitos
são os fatores que intervem em favor na necessidade da interpretação bíblica, e
entre eles:
1.2.2 - A natureza do próprio
texto: O texto bíblico é
um texto dinâmico em que o Espírito Santo continua falando.
1.2.3 - A finalidade da
Bíblia: A Bíblia se dirige
universalmente no espaço e no tempo a toda a humanidade para ser compreendida
por todos.
1.2.4 - A fidelidade do texto
bíblico em si: O texto bíblico é
difícil de se interpretar dado a distancia temporal que o separa de nossa
época.
1.2.5 - Interpretação
interminável: Cada época aponta novas técnicas e métodos de exegese, nova
filosofia, e também novos interesses e novas interrogações que se dirigem a
Sagrada Escritura para dar sentido a existência humana.
1.2.6 - Está em jogo a
relação com Deus:
Nesse
assunto se averigua a relação pessoal e comunitária do homem com Deus, e está
estreitamente ligada a missão da própria Igreja.
1.3 – História da
hermenêutica bíblica
Não se pode passar por alto a história
da hermenêutica bíblica, há que se levar em conta a riqueza interpretativa do
passado. Também os demais critérios e métodos de interpretação que são de
grande valor na atualidade.
1.3.1 – A hermenêutica
interna na bíblia:
a
hermenêutica de textos tradicionais que configuram e regulam o valor dos grupos
humanos, é um requerimento da cultura e da vida, especialmente quando tais
textos e tradições foram adaptados as novas formas do homem hodierno.
a) O Antigo testamento interpreta a si
mesmo: quem ler com
atenção os livros históricos do AT perceberá que um mesmo evento e
acontecimento, ou conjunto de fatos históricos são narradas várias vezes num
mesmo livro ou em livros diferentes.
b) O Novo Testamento interpreta o
Antigo Testamento: o verdadeiro
exegeta da história da salvação: escondido no coração de Deus é Jesus de
Nazaré. Compreender as Escrituras para os apóstolos é senão lê-la numa ótica
cristã.
c) O Novo Testamento interprete de si
mesmo: O evento central do
Novo Testamento é Jesus Cristo, com sua pessoa no meio da comunidade cristã .A tensão dinâmica, interna ao Novo
Testamento, se dar entre os Evangelhos, mas também entre os demais livros do
Novo Testamento.
1.3.2 – A época patrística: os padres e autores eclesiásticos da Igreja antiga se
inspiraram na hermenêutica da época apostólica para as suas interpretações
bíblicas. Entre as tendências heréticas que tinham de combater nas disputas
abertas com os rabinos judeus.
X Nos primeiros
séculos predominavam a aplicação da defesa da fé.
X Em Alexandria, no
princípio do século III, surge uma escola exegética, influenciada pelas idéias
de Filon de Alexandria.
X A escola
antioquina, com a paz constantiana no século IV a situação da Igreja passa a
ser de caráter lícito.
X São Jerônimo e
Santo Agostinho. No ocidente tem-se o estabelecimento do cânon da Escritura e a
oficialização do ministério apostólico dos bispos concederam a dar mais
importância ao desenvolvimento do dogma
dos problemas exegéticos e hermenêuticos.
1.3.3 – Exegese medieval: a exegese medieval propriamente dita, prolonga a reflexão
da era patrística sobre o fim e método das Escrituras. Mas em uma situação nova
da teologia de do método teológico, que concluirá nos séculos XII e XIII com a
separação de teologia e Bíblia. Que responderá três pontos: 1º a teoria dos
sentidos; 2º o método exegético medieval; 3º Santo Tomás o exegeta.
a) Teoria dos sentidos: o leitor medieval tem que ler a Bíblia em seu sentido
sempre atual; e no presente absoluto da Palavra eterna.
b) Os métodos medievais: há que distinguir, na interpretação Bíblica medieval os
seguintes pontos: leitura monástica, que é de caráter espiritual feita pelos
monges. A leitura escolástica, de caráter acadêmico, esta é levada a cabo pelos
teólogos.
c) Santo Tomás de Aquino exegeta: em Santo Tomás se combinam com
grande equilíbrio as interpretações segundo os quatro sentidos, cuja base é a
leitura literal e leitura escolástica, em conformidade com sua vocação
acadêmica.
1.3.4 – O período moderno até
a providentissimus Deus (1893):
é um
período agitado culturalmente, com fortes tensões entre a fé e a razão e
Escritura e história, mas também rico em apartações tanto para a exegese
científica como para a hermenêutica bíblica.
a) Os movimentos culturais: com o século XVI a
exegese e a hermenêutica bíblica entram em uma nova fase, deixam para trás a
fase patrística e entram no centro da
fase crítica. Com efeito, o homem moderno parte em suas perguntas a Bíblia, de
um mundo que fora criado fora da realidade da fé.
o
O renascimento humanista;
o
A reforma protestante;
o
Os novos movimentos filosóficos;
b) A situação da exegese católica: o Concílio de Trento: para responder aos problemas
suscitados pela reforma protestante no campo bíblico, redatou um decreto sobre
as Escrituras, que por um lado condena o princípio da livre interpretação da
Escritura e tradução.
1.3.5 – Providentissimus Deus
e Dei Verbum: durante estes
decênios convém falar da exegese protestante e católica.
a) Exegese protestante:
b) Exegese católica: a encíclica Providentissimus Deus 1983, apareceu em
uma época em que a exegese católica, centrada no comentário teológico, buscava
o caminho a seguir ante os problemas espreitados pela exegese protestante
racionalista. Nela se recorrem aos critérios hermenêuticos da exegese católica
que são os seguintes:
- A Bíblia é para ser interpretada a luz do mesmo Espírito
que a inspirou;
- A conformidade da exegese com a interpretação que a
Igreja tem feito;
- Que a exegese não está contra o consenso unânime dos
padres a Igreja;
- Que se tenha em conta à analogia da fé;
c) Os novos descobrimentos: os novos descobrimentos são na área arqueológica: são elas:
as grutas de Qunram, as cavernas do deserto de Judá, as impressionantes ruínas
de Masada e escavações em Jericó, e outros.
1.3.6 – Concílio Vaticano II
na atualidade: a constituição Dei
Verbum 1965 percorre sistematicamente toda reflexão e elaboração de teólogos
exegetas sobre a hermenêutica bíblica. O documento se divide em quatro partes:
- Breve descrição de diversos métodos e desenvolvimento dos livros
sagrados, indicando suas possibilidades e seus limites.
- Exame de alguns temas relativos a hermenêutica.
- Reflexão sobre a dimensão característica católica da Bíblia e sua
relação com as disciplinas teológicas.
- Consideração sobre o posto que ocupa a interpretação da Bíblia na
Igreja.
1.4 – Princípios
para uma interpretação católica da bíblia .
Os princípios são os seguintes:
leitura do Espírito, intenção do autor, o conteúdo e a unidade da vida, a
tradição viva de toda Igreja, analogia da fé.
1.4.1 - Leitura no Espírito: a Bíblia foi inscrita por inspiração do Espírito Santo. Ler
e interpretar corretamente a Bíblia, portanto, não é outra coisa se não
desvelar a ação do Espírito Santo nos testos sagrados através dos instrumentos
adequados.
1.4.2 - Intenção do autor: na Escritura se fundem, se confundem os autores: autor
humano e divino; mas a intenção divina supera a humana,
a) Autor humano: Na Bíblia necessitamos indagar o autor humano quanto a sua
intenção, pois tudo que afirmam os hagiógrafos, afirma o Espírito Santo. Porque
a intenção do autor ainda que limitada de modo algum é falsa, senão base autêntica
da verdade.
b) Autor divino: também Deus junto com o homem, é autor da Sagrada
Escritura. A intenção de Deus conhecemos por meio da intenção do autor humano e
por meio daquele que Deus quis dar a conhecer sua palavra.
1.4.3 - Conteúdo e unidade de toda Bíblia: a pluralidade de autores, a necessidade de conhecer suas
intenções para chegar a intenção divina da Escritura. O arco pluricircular
desde o primeiro livro do AT até o último do NT, pleiteiam uma única intenção;
com o princípio da unidade bíblica. A unidade da Escritura consiste na salvação
do gênero humano em
Jesus Cristo. Deus é autor de todos os livros Sagrados,
portanto a Bíblia é unitária e orgânica.
1.4.4 - A tradição viva da Igreja: toda Igreja constitui a tradição viva e por ela toda Igreja
constitui a correta interpretação da Escritura. Portanto, dentro do conceito de
“toda Igreja” estão os padres da Igreja, os fiéis cristãos que constituem
também a tradição bíblica.
1.4.5 - Analogia da fé: qualquer verdade é uma expressão de revelação e da fé, tem
que serem vistas a luz das outras verdades e em conexão com elas; para que se
possa entende-la corretamente, e que seja aberta a uma ulterior e mais profunda
compreensão.
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