sábado, 13 de fevereiro de 2016

A INTERPRETAÇÃO BÍBLICA

A Interpretação bíblica
1.1 – Introdução
            A palavra de Deus fixada e condensada em  texto definitivo a muitos séculos, e por ser palavra de salvação esta destinada a todos os homens de qualquer época, nação ou cultura.
1.2 – Conceito de hermenêutica
            É a compreensão e interpretação de textos literários, independentemente da época. Mas particularmente os textos literários da Antigüidade.
            A hermenêutica bíblica tem por objeto a compreensão, explicação e interpretação dos textos bíblicos, com o fim de trazer o texto vivo e atual para o homem. E isso tem em vista: o texto literário, o receptor ou homem contemporâneo, o autor do texto, o tema, a linguagem.
1.2.1 - Necessidade da Interpretação bíblica: Muitos são os fatores que intervem em favor na necessidade da interpretação bíblica, e entre eles:
1.2.2 - A natureza do próprio texto: O texto bíblico é um texto dinâmico em que o Espírito Santo continua falando.
1.2.3 - A finalidade da Bíblia: A Bíblia se dirige universalmente no espaço e no tempo a toda a humanidade para ser compreendida por todos.
1.2.4 - A fidelidade do texto bíblico em si: O texto bíblico é difícil de se interpretar dado a distancia temporal que o separa de nossa época.
1.2.5 - Interpretação interminável: Cada época aponta novas técnicas e métodos de exegese, nova filosofia, e também novos interesses e novas interrogações que se dirigem a Sagrada Escritura para dar sentido a existência humana.
1.2.6 - Está em jogo a relação com Deus: Nesse assunto se averigua a relação pessoal e comunitária do homem com Deus, e está estreitamente ligada a missão da própria Igreja.
1.3 – História da hermenêutica bíblica
            Não se pode passar por alto a história da hermenêutica bíblica, há que se levar em conta a riqueza interpretativa do passado. Também os demais critérios e métodos de interpretação que são de grande valor na atualidade.
1.3.1 – A hermenêutica interna na bíblia: a hermenêutica de textos tradicionais que configuram e regulam o valor dos grupos humanos, é um requerimento da cultura e da vida, especialmente quando tais textos e tradições foram adaptados as novas formas do homem hodierno.
a) O Antigo testamento interpreta a si mesmo: quem ler com atenção os livros históricos do AT perceberá que um mesmo evento e acontecimento, ou conjunto de fatos históricos são narradas várias vezes num mesmo livro ou em livros diferentes.
b) O Novo Testamento interpreta o Antigo Testamento: o verdadeiro exegeta da história da salvação: escondido no coração de Deus é Jesus de Nazaré. Compreender as Escrituras para os apóstolos é senão lê-la numa ótica cristã.
c) O Novo Testamento interprete de si mesmo: O evento central do Novo Testamento é Jesus Cristo, com sua pessoa no meio da comunidade cristã .A tensão dinâmica, interna ao Novo Testamento, se dar entre os Evangelhos, mas também entre os demais livros do Novo Testamento.
1.3.2 – A época patrística: os padres e autores eclesiásticos da Igreja antiga se inspiraram na hermenêutica da época apostólica para as suas interpretações bíblicas. Entre as tendências heréticas que tinham de combater nas disputas abertas com os rabinos judeus.
X  Nos primeiros séculos predominavam a aplicação da defesa da fé.
X  Em Alexandria, no princípio do século III, surge uma escola exegética, influenciada pelas idéias de Filon de Alexandria.
X  A escola antioquina, com a paz constantiana no século IV a situação da Igreja passa a ser de caráter lícito.
X  São Jerônimo e Santo Agostinho. No ocidente tem-se o estabelecimento do cânon da Escritura e a oficialização do ministério apostólico dos bispos concederam a dar mais importância ao desenvolvimento do dogma  dos problemas exegéticos e hermenêuticos.
1.3.3 – Exegese medieval: a exegese medieval propriamente dita, prolonga a reflexão da era patrística sobre o fim e método das Escrituras. Mas em uma situação nova da teologia de do método teológico, que concluirá nos séculos XII e XIII com a separação de teologia e Bíblia. Que responderá três pontos: 1º a teoria dos sentidos; 2º o método exegético medieval; 3º Santo Tomás o exegeta.
a) Teoria dos sentidos: o leitor medieval tem que ler a Bíblia em seu sentido sempre atual; e no presente absoluto da Palavra eterna.
b) Os métodos medievais: há que distinguir, na interpretação Bíblica medieval os seguintes pontos: leitura monástica, que é de caráter espiritual feita pelos monges. A leitura escolástica, de caráter acadêmico, esta é levada a cabo pelos teólogos.
c) Santo Tomás de Aquino exegeta: em Santo Tomás se combinam com grande equilíbrio as interpretações segundo os quatro sentidos, cuja base é a leitura literal e leitura escolástica, em conformidade com sua vocação acadêmica.
1.3.4 – O período moderno até a providentissimus Deus (1893): é um período agitado culturalmente, com fortes tensões entre a fé e a razão e Escritura e história, mas também rico em apartações tanto para a exegese científica como para a hermenêutica bíblica.
a) Os movimentos culturais:  com o século XVI a exegese e a hermenêutica bíblica entram em uma nova fase, deixam para trás a fase patrística  e entram no centro da fase crítica. Com efeito, o homem moderno parte em suas perguntas a Bíblia, de um mundo que fora criado fora da realidade da fé.
o   O renascimento humanista;
o   A reforma protestante;
o   Os novos movimentos filosóficos;
b) A situação da exegese católica: o Concílio de Trento: para responder aos problemas suscitados pela reforma protestante no campo bíblico, redatou um decreto sobre as Escrituras, que por um lado condena o princípio da livre interpretação da Escritura e tradução.
1.3.5 – Providentissimus Deus e Dei Verbum: durante estes decênios convém falar da exegese protestante e católica.
a) Exegese protestante:
b) Exegese católica: a encíclica Providentissimus Deus 1983, apareceu em uma época em que a exegese católica, centrada no comentário teológico, buscava o caminho a seguir ante os problemas espreitados pela exegese protestante racionalista. Nela se recorrem aos critérios hermenêuticos da exegese católica que são os seguintes:
- A Bíblia é para ser interpretada a luz do mesmo Espírito que a inspirou;
- A conformidade da exegese com a interpretação que a Igreja tem feito;
- Que a exegese não está contra o consenso unânime dos padres a Igreja;
- Que se tenha em conta à analogia da fé;
c) Os novos descobrimentos: os novos descobrimentos são na área arqueológica: são elas: as grutas de Qunram, as cavernas do deserto de Judá, as impressionantes ruínas de Masada e escavações em Jericó, e outros.
1.3.6 – Concílio Vaticano II na atualidade: a constituição Dei Verbum 1965 percorre sistematicamente toda reflexão e elaboração de teólogos exegetas sobre a hermenêutica bíblica. O documento se divide em quatro partes:
- Breve descrição de diversos métodos e desenvolvimento dos livros sagrados, indicando suas possibilidades e seus limites.
- Exame de alguns temas relativos a hermenêutica.
- Reflexão sobre a dimensão característica católica da Bíblia e sua relação com as disciplinas teológicas.
- Consideração sobre o posto que ocupa a interpretação da Bíblia na Igreja.
1.4 – Princípios para uma interpretação católica da bíblia .
            Os princípios são os seguintes: leitura do Espírito, intenção do autor, o conteúdo e a unidade da vida, a tradição viva de toda Igreja, analogia da fé.
1.4.1 - Leitura no Espírito: a Bíblia foi inscrita por inspiração do Espírito Santo. Ler e interpretar corretamente a Bíblia, portanto, não é outra coisa se não desvelar a ação do Espírito Santo nos testos sagrados através dos instrumentos adequados.
1.4.2 - Intenção do autor: na Escritura se fundem, se confundem os autores: autor humano e divino; mas a intenção divina supera a humana,
a) Autor humano: Na Bíblia necessitamos indagar o autor humano quanto a sua intenção, pois tudo que afirmam os hagiógrafos, afirma o Espírito Santo. Porque a intenção do autor ainda que limitada de modo algum é falsa, senão base autêntica da verdade.
b) Autor divino: também Deus junto com o homem, é autor da Sagrada Escritura. A intenção de Deus conhecemos por meio da intenção do autor humano e por meio daquele que Deus quis dar a conhecer sua palavra.
1.4.3 - Conteúdo e unidade de toda Bíblia: a pluralidade de autores, a necessidade de conhecer suas intenções para chegar a intenção divina da Escritura. O arco pluricircular desde o primeiro livro do AT até o último do NT, pleiteiam uma única intenção; com o princípio da unidade bíblica. A unidade da Escritura consiste na salvação do gênero humano em Jesus Cristo. Deus é autor de todos os livros Sagrados, portanto a Bíblia é unitária e orgânica.
1.4.4 - A tradição viva da Igreja: toda Igreja constitui a tradição viva e por ela toda Igreja constitui a correta interpretação da Escritura. Portanto, dentro do conceito de “toda Igreja” estão os padres da Igreja, os fiéis cristãos que constituem também a tradição bíblica. 
1.4.5 - Analogia da fé: qualquer verdade é uma expressão de revelação e da fé, tem que serem vistas a luz das outras verdades e em conexão com elas; para que se possa entende-la corretamente, e que seja aberta a uma ulterior e mais profunda compreensão.

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