MATERNIDADE VIRGINAL
NO PARTO
A Igreja entende a virgindade de Maria no âmbito global da maternidade.
1. As razoes de uma crença
Posicionamentos:
- É absurdo falar do
parto virginal. não valoriza os mecanismos naturais postos pelo Criador na
biologia humana. Priva Jesus da autentica humanidade.
- Modo popular e
imaginativo, revestindo o acontecimento de prodígios e milagres. Ex:
Protoevangelho de Tiago.
- Se Maria é a nova
Eva como conceberia ao novo Adão tal como a antiga Eva, por maldição, concebia
seus filhos? Deste modo a crença na virgindade no parto foi se impondo como
doutrina comum.
- Teologia: deve
fazer uma elaboração crítica e não se levar por impressões do momento.
- A doutrina sobre a
virginitas in partu: proposta pelo Magistério ordinário e
extraordinário.
2. O parto da Theotokos: interpretação da “virginitas in
partu”
- Reduzir a
afirmação de fé a definições fisiológicas é reducionismo, seccionar uma
realidade viva. Interpretar com outras chaves.
- O mais importante
é a maternidade, não a virgindade. O substantivo é mãe, o adjetivo virgem. É a
virgindade que está a serviço da maternidade transcendente de Maria e não
vice-versa. Mas também não é virgindade abstrata.
- O mais importante
nesse parto não é o desenvolvimento fisiológico dele, mas a relação que se
estabelece entre mãe e filho. Nesse momento, Maria não deixa de ser mãe-virgem,
não deixa de dar a luz ao filho de Deus, não deixa de ser o que precisamente é:
a Theo-tokos. O que faz tal parto inigualável é o nascimento do Filho de
Deus. Dor ou sem dor, ruptura ou não do hímem, são aspectos sobre os quais não
é necessário falar, mas que por respeito ao mistério, não haverá o que
mencionar. O importante é afirmar a
conexão entre a concepção virginal e o parto como momento expressivo e
culminante da concepção. Processo unitário correlativo. Maria não é
bem-aventurada pelo seu seio mas porque acolheu a Palavra e pôs em prática (Lc
11,27). O parto não é objeto de fé enquanto acontecimento
fisiológico-biológico, mas enquanto acontecimento espiritual-pessoal:
Maria-Cristo.
- Com Maria emerge
um novo gêneses, um novo mundo que supera a maldição (distância homem-Deus) do
primeiro (Gn 3, 16-19).
V. MATERNIDADE
VIRGINAL PERMANENTE
1. Outro ponto de debate: mãe só de Jesus?
- Algumas confissões
cristãs negam esta doutrina para acentuar a centralidade Cristo e acabar com
qualquer forma excessiva de culto a Maria como Mãe de Deus.
- Exegetas e
teólogos: alguns, católicos e protestantes, se vêem encurralados ante uma
crença bimilenaria na Igreja e sobre a qual não podem dar razões convincentes.
Optam por dizer que os irmãos de Jesus são “físicos”, de sangue. Rejeitam outra
solução.
- Indiferença:
recorrem à hierarquia de verdades. Reflexão secundária.
- Todas estas
posições negam a maternidade virginal de Maria como sua grande missão nesta
terra e, com isso, uma certa destruição de sua figura e seu significado na
historia salvífica.
2. Que motivos foram dados para falar da virgindade
permanente?
- Padres (exceto
Tertuliano): defendem a virgindade permanente de Maira. Os “irmãos de Jesus”
eram filhos de um matrimônio de José (evang. de Tiago). Jerônimo: os irmãos na
verdade eram primos de Jesus. Orígenes: a virgindade permanente era o
resultado, o efeito co-natural da consagração do Espírito que Maria recebeu
para ser mãe de Jesus. Enfim, para os Padres existe uma compreensão global da
maternidade divina de Maria, qualificada como “virginal”.
- Os argumentos a
favor, do ponto de vista histórico e literário, são insuficientes. Então, a
solução é não emitir nenhum juízo?
3. A razão da “sem-razao”
- Pode haver razão
dogmática que supere a falta de razão histórica?
- Virgindade
permanente de Maria: confissão de fé desenvolvida nos séc. II, II, IV e
definida no V. A chave teológica é a concepção virginal. Tudo deriva daí: parto
virginal e vida virginal. a Igreja sabe por experiência que quando uma pessoa é
tocada por Deus, ex: Paulo, fica para sempre entregue a Ele. Maria de Nazaré,
surpreendida pela Graça e envolta pessoalmente no mistério da concepção de
Jesus por obra do Espírito, acolheu um Fiat generoso a missão recebida;
se entregou sem reservas à maternidade virginal; esta experiência marcou-a de
tal maneira que sua vida adquire sentido deste fato. Nunca deixou de ser
virgem. Qualquer novo acontecimento se integrava à experiência central.
- Quem encontrou o
Amor irá por aí mendigando afetos?
- Quem foi agraciada
com a mais impensável e sublime maternidade, pensará em colocar seu corpo a
serviço de outra maternidade física, esquecerá o Espírito para seguir o ritmo
da geração humana?
- Afirmações sobre a
maternidade virginal de Maria resultam de uma sabedoria espiritual coletiva.
Descobriram no “sempre virgem” o paradigma de toda autêntica experiência
vocacional que envolve toda a vida, lhe dá sentido e unidade.
4. Maternidade virginal da esposa de José
- Maria é virgem no
contexto da maternidade, da esponsabilidade e da família. Sua virgindade é
paradigmática: sinal para casados, solteiros e celibatários.
- Na relação
esponsal de Maria com José ficou cancelada a condenação de Gn 3,16. Por amor do
Reino, Maria, a mulher totalmente possuída pelo Espírito, aceitou ser acolhida
na casa e na convivência de Jose e estabeleceram uma vida de comunhão. O amor
do Reino tem a capacidade de transfigurar o Eros e converte-lo em veículo de
oblatividade, de êxtase, de entrega abnegada ao mutuo serviço e, sobretudo, à
atenção esmerada à nova vida que se desenvolve na família: Jesus. Para Maria, a
virgindade não é isolamento, mas relação, comunicação.
- O pecado destruiu
a comunhão e afetou a entranha do matrimônio. O eros e o thánatos são
os grandes símbolos dessa situação existencial. Jesus, Maria e José formaram a
primeira comunidade do novo Gêneses.
- Maria viveu sua
virgindade desde a castidade, virtude e força do Espírito Santo: unificada,
pacificada, íntegra em todo seu ser. Sua castidade virginal foi força
integradora, que unificou a Maria em sua relação pessoal com Jesus e com José,
sua família, e que integrou sua pessoa em seu próprio ser.
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