A
PARUSIA NA TRADIÇÃO ECLESIAL
Todas as manifestações da fé da Igreja – testemunho dos
Padres, liturgia, doutrina do magistério – mantêm o anúncio da Vinda de Cristo
no fim dos tempos, embora se note, em certas épocas, uma inflexão da esperança
escatológica na consciência da Igreja.
1-
Época patrística.
A Didaché conserva o ‘maranathá’ cúltico. A Vinda de
Cristo é denominada de Parusia somente na carta a Diogneto e no Hermas. Inácio
de Antioquia usa o termo para indicar a encarnação. Justino entende por Parusia
tanto a encarnação como a vinda futura, e é o primeiro a usar a expressão
‘primeira e segunda vinda’, ‘vinda sem glória, vinda em glória’, seguido nisso
por Irineu e outros.
Os
símbolos, desde as primeiras formulações, confessam que Cristo “há de vir a
julgar” (DS 6, 10ss). Essa expressão significava então ‘vir com poder’, e não
tanto uma ação judicial. Por isso mais
tarde foi preciso acrescentar ‘há de vir com
glória a julgar’ (DS 150).
Santo
Agostinho purifica a fé na Parusia de todo elemento acessório. Na carta 199 ele
é extremamente cauteloso na interpretação dos sinais precursores da Parusia e
na questão da data. Julga fácil demais se enganar perigosamente sobre essas
questões.
2-
Da patrística aos nossos dias
Em toda celebração eucarística a comunidade dos crentes
sempre se reconheceu como comunidade dos que esperam a vinda do Senhor, ao
mesmo tempo que confessa a presença do Senhor sob as espécies eucarísticas.
Todavia,
o pensamento da Parusia sofreu uma evidente neutralização ao longo do tempo,
até hoje. Somente duas vezes o tema aparece em documentos do magistério, e por
mera alusão: no IV Concílio de Latrão (DS 801) e na profissão de fé do
imperador Miguel Paleólogo (DS 852). É preciso aguardar o Vaticano II para que
o magistério dê à Parusia o lugar de destaque que tinha no Novo Testamento. A
‘Lumen Gentium’ nnº 48-49 recolhe de modo conciso os mais importantes elementos
da doutrina do Novo Testamento. O tema é retomado na ‘Gaudium et Spes’ nº 39 e
na ‘Ad Gentes’ nº 9 e já comparecera na ‘Sacrosantum Concilium’ nº 8.
Os
novos textos eucarísticos recuperaram a exclamação escatológica ‘maranathá’.
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