sábado, 27 de fevereiro de 2016

A PARUSIA NA TRADIÇÃO ECLESIAL

A PARUSIA NA TRADIÇÃO ECLESIAL


            Todas as manifestações da fé da Igreja – testemunho dos Padres, liturgia, doutrina do magistério – mantêm o anúncio da Vinda de Cristo no fim dos tempos, embora se note, em certas épocas, uma inflexão da esperança escatológica na consciência  da Igreja.

1- Época patrística.

            A Didaché conserva o ‘maranathá’ cúltico. A Vinda de Cristo é denominada de Parusia somente na carta a Diogneto e no Hermas. Inácio de Antioquia usa o termo para indicar a encarnação. Justino entende por Parusia tanto a encarnação como a vinda futura, e é o primeiro a usar a expressão ‘primeira e segunda vinda’, ‘vinda sem glória, vinda em glória’, seguido nisso por Irineu e outros.
            Os símbolos, desde as primeiras formulações, confessam que Cristo “há de vir a julgar” (DS 6, 10ss). Essa expressão significava então ‘vir com poder’, e não tanto uma ação judicial.  Por isso mais tarde foi preciso acrescentar ‘há de vir com glória a julgar’ (DS 150).
            Santo Agostinho purifica a fé na Parusia de todo elemento acessório. Na carta 199 ele é extremamente cauteloso na interpretação dos sinais precursores da Parusia e na questão da data. Julga fácil demais se enganar perigosamente sobre essas questões.


2- Da patrística aos nossos dias

            Em toda celebração eucarística a comunidade dos crentes sempre se reconheceu como comunidade dos que esperam a vinda do Senhor, ao mesmo tempo que confessa a presença do Senhor sob as espécies eucarísticas.
            Todavia, o pensamento da Parusia sofreu uma evidente neutralização ao longo do tempo, até hoje. Somente duas vezes o tema aparece em documentos do magistério, e por mera alusão: no IV Concílio de Latrão (DS 801) e na profissão de fé do imperador Miguel Paleólogo (DS 852). É preciso aguardar o Vaticano II para que o magistério dê à Parusia o lugar de destaque que tinha no Novo Testamento. A ‘Lumen Gentium’ nnº 48-49 recolhe de modo conciso os mais importantes elementos da doutrina do Novo Testamento. O tema é retomado na ‘Gaudium et Spes’ nº 39 e na ‘Ad Gentes’ nº 9 e já comparecera na ‘Sacrosantum Concilium’ nº 8.
            Os novos textos eucarísticos recuperaram a exclamação escatológica ‘maranathá’.




Nenhum comentário:

Postar um comentário