MARIA, A MÃE DE JESUS E SEUS IRMÃOS
O evangelista se mostra
muito respeitoso a Maria e aos irmãos de Jesus, mesmo com todas as dificuldades
que a tradição tinha trazido.
1. Silêncio
no contexto de incredulidade
Jesus visita seus
conterrâneos e eles ficam admirados pela sabedoria que sai de sua boca. Segundo
Lucas, eles não fazem referencia nem a Maria, nem aos irmãos, nem à profissão
de carpinteiro. No Evangelho de João, num contexto paralelo, os judeus
questionam o messianismo de Jesus perguntando: “não é este Jesus, o filho de José , cujo pai e
cuja mãe conhecemos? Como pode dizer agora que tem descido do céu?” (Jo 6, 42).
É curioso que Marcos, que não conhecia a concepção virginal, ponha na boca dos
conterrâneos de Jesus a frase “filho de Maria ”, e Lucas que a conhece, a frase “filho de José ”. Mateus
omite a referência aos parentes (Mt 13, 57); Lucas omite a referência aos
parentes e à própria casa. Ele não quer colocar Maria e os irmãos de Jesus num
contexto de incredulidade.
2. Elogio da
mãe e dos irmãos
A cena do encontro de
Jesus com seus familiares é modificada por Lucas. A situa no contexto da
parábola do semeador. Nessa cena de Lc 8, 19-21, Jesus comenta com elogio que
sua mãe e seus irmãos são os que ouvem a Palavra de Deus e as põe em prática. Um sentido
semelhante tem a cena na qual Maria é chamada bem-aventurada por ter levado no
seio e amamentado Jesus. Neste contexto, Jesus indica que bem-aventurança de
Maria consiste em formar parte do grupo dos que ouvem a Palavra de Deus e a
guarda.
A imagem de Maria durante o ministério
de Jesus é sumamente positiva. Luca a situa entre os primeiros discípulos de
Jesus que são perseverantes na fé. Santo Agostinho disse que “Maria cumpriu,
com toda perfeição, a vontade do Pai, e por isso é mais importante como
discípulo que como mãe de Cristo... Por isso, Maria foi bem-aventurada, porque,
antes de dar a luz a seu mestre, o levou em seu seio...”.
3. Presença
de Maria no Pentecostes na Igreja
A
esta cena corresponde outra que se encontra no final da primeira parte do livro
dos Atos (evangelho). Nela se fala de “uma tal Maria”. Na sua casa estavam
muitos congregados e em oração (Lc 12, 12). Essa Maria estava presidindo a
comunidade cristã reunida em sua casa. Ela é “mãe” de João, chamado Marcos – o
primeiro evangelista. Esta Igreja estava orando pela libertação de Pedro.
É interessante este
paralelismo entre a cena da comunidade que espera em oração a chegada do
Espírito Santo e a comunidade que espera em oração a libertação de Pedro. Em
ambas as cenas está Maria, a mãe. Para Lucas, Maria não forma parte de nenhum
dos três grupos (apóstolos, mulheres e irmãos de Jesus), mas ela constitui um
personagem à parte.
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