domingo, 28 de fevereiro de 2016

MATERNIDADE VIRGINAL NO PARTO

MATERNIDADE VIRGINAL NO PARTO
A Igreja entende a virgindade de Maria no âmbito global da maternidade.
1.      As razoes de uma crença
Posicionamentos:
- É absurdo falar do parto virginal. não valoriza os mecanismos naturais postos pelo Criador na biologia humana. Priva Jesus da autentica humanidade.
- Modo popular e imaginativo, revestindo o acontecimento de prodígios e milagres. Ex: Protoevangelho de Tiago.
- Se Maria é a nova Eva como conceberia ao novo Adão tal como a antiga Eva, por maldição, concebia seus filhos? Deste modo a crença na virgindade no parto foi se impondo como doutrina comum.
- Teologia: deve fazer uma elaboração crítica e não se levar por impressões do momento.
- A doutrina sobre a virginitas in partu: proposta pelo Magistério ordinário e extraordinário.

2.      O parto da Theotokos: interpretação da “virginitas in partu”
- Reduzir a afirmação de fé a definições fisiológicas é reducionismo, seccionar uma realidade viva. Interpretar com outras chaves.
- O mais importante é a maternidade, não a virgindade. O substantivo é mãe, o adjetivo virgem. É a virgindade que está a serviço da maternidade transcendente de Maria e não vice-versa. Mas também não é virgindade abstrata.
- O mais importante nesse parto não é o desenvolvimento fisiológico dele, mas a relação que se estabelece entre mãe e filho. Nesse momento, Maria não deixa de ser mãe-virgem, não deixa de dar a luz ao filho de Deus, não deixa de ser o que precisamente é: a Theo-tokos. O que faz tal parto inigualável é o nascimento do Filho de Deus. Dor ou sem dor, ruptura ou não do hímem, são aspectos sobre os quais não é necessário falar, mas que por respeito ao mistério, não haverá o que mencionar.  O importante é afirmar a conexão entre a concepção virginal e o parto como momento expressivo e culminante da concepção. Processo unitário correlativo. Maria não é bem-aventurada pelo seu seio mas porque acolheu a Palavra e pôs em prática (Lc 11,27). O parto não é objeto de fé enquanto acontecimento fisiológico-biológico, mas enquanto acontecimento espiritual-pessoal: Maria-Cristo.
- Com Maria emerge um novo gêneses, um novo mundo que supera a maldição (distância homem-Deus) do primeiro (Gn 3, 16-19).

V. MATERNIDADE VIRGINAL PERMANENTE
1.      Outro ponto de debate: mãe só de Jesus?
- Algumas confissões cristãs negam esta doutrina para acentuar a centralidade Cristo e acabar com qualquer forma excessiva de culto a Maria como Mãe de Deus.
- Exegetas e teólogos: alguns, católicos e protestantes, se vêem encurralados ante uma crença bimilenaria na Igreja e sobre a qual não podem dar razões convincentes. Optam por dizer que os irmãos de Jesus são “físicos”, de sangue. Rejeitam outra solução.
- Indiferença: recorrem à hierarquia de verdades. Reflexão secundária.
- Todas estas posições negam a maternidade virginal de Maria como sua grande missão nesta terra e, com isso, uma certa destruição de sua figura e seu significado na historia salvífica.

2.      Que motivos foram dados para falar da virgindade permanente?
- Padres (exceto Tertuliano): defendem a virgindade permanente de Maira. Os “irmãos de Jesus” eram filhos de um matrimônio de José (evang. de Tiago). Jerônimo: os irmãos na verdade eram primos de Jesus. Orígenes: a virgindade permanente era o resultado, o efeito co-natural da consagração do Espírito que Maria recebeu para ser mãe de Jesus. Enfim, para os Padres existe uma compreensão global da maternidade divina de Maria, qualificada como “virginal”.
- Os argumentos a favor, do ponto de vista histórico e literário, são insuficientes. Então, a solução é não emitir nenhum juízo?

3.      A razão da “sem-razao”
- Pode haver razão dogmática que supere a falta de razão histórica?
- Virgindade permanente de Maria: confissão de fé desenvolvida nos séc. II, II, IV e definida no V. A chave teológica é a concepção virginal. Tudo deriva daí: parto virginal e vida virginal. a Igreja sabe por experiência que quando uma pessoa é tocada por Deus, ex: Paulo, fica para sempre entregue a Ele. Maria de Nazaré, surpreendida pela Graça e envolta pessoalmente no mistério da concepção de Jesus por obra do Espírito, acolheu um Fiat generoso a missão recebida; se entregou sem reservas à maternidade virginal; esta experiência marcou-a de tal maneira que sua vida adquire sentido deste fato. Nunca deixou de ser virgem. Qualquer novo acontecimento se integrava à experiência central.
- Quem encontrou o Amor irá por aí mendigando afetos?
- Quem foi agraciada com a mais impensável e sublime maternidade, pensará em colocar seu corpo a serviço de outra maternidade física, esquecerá o Espírito para seguir o ritmo da geração humana?
- Afirmações sobre a maternidade virginal de Maria resultam de uma sabedoria espiritual coletiva. Descobriram no “sempre virgem” o paradigma de toda autêntica experiência vocacional que envolve toda a vida, lhe dá sentido e unidade.

4.      Maternidade virginal da esposa de José
- Maria é virgem no contexto da maternidade, da esponsabilidade e da família. Sua virgindade é paradigmática: sinal para casados, solteiros e celibatários.
- Na relação esponsal de Maria com José ficou cancelada a condenação de Gn 3,16. Por amor do Reino, Maria, a mulher totalmente possuída pelo Espírito, aceitou ser acolhida na casa e na convivência de Jose e estabeleceram uma vida de comunhão. O amor do Reino tem a capacidade de transfigurar o Eros e converte-lo em veículo de oblatividade, de êxtase, de entrega abnegada ao mutuo serviço e, sobretudo, à atenção esmerada à nova vida que se desenvolve na família: Jesus. Para Maria, a virgindade não é isolamento, mas relação, comunicação.
- O pecado destruiu a comunhão e afetou a entranha do matrimônio. O eros e o thánatos são os grandes símbolos dessa situação existencial. Jesus, Maria e José formaram a primeira comunidade do novo Gêneses.

- Maria viveu sua virgindade desde a castidade, virtude e força do Espírito Santo: unificada, pacificada, íntegra em todo seu ser. Sua castidade virginal foi força integradora, que unificou a Maria em sua relação pessoal com Jesus e com José, sua família, e que integrou sua pessoa em seu próprio ser.

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