quinta-feira, 10 de março de 2016

As conferencias do episcopado latino-americano do século XX.

As conferencias do episcopado latino-americano do século XX.

Introdução.
           
Para entendermos com realismo histórico e com inteira justiça a vida e obra da Igreja latino-americana depois da independência e, sobretudo no século XX é necessário ter em mente alguns elementos. Trata – se de um continente que empenhou a viver como hoje, é multirracial e multicultural. Os três séculos anteriores foram de vida colonial durante os quais leis, organizações religiosas e estruturas econômicas e políticas eram importadas das metrópoles: Portugal e Espanha. A Igreja latino-americana não estava preparada para a transição e tudo devia se resolver nela mesma.
A Igreja latino-americana, devia aprender a conviver com toda classe de sistema político, com ideologia importadas que muitas vezes eram mal assimiladas pelos governos que procurava radicalizar suas posições em favor de pessoas, de grupos ou até mesmo de programas de governos. O prestigio do catolicismo e do clero em um meio tradicional e conservador como o latino-americano, a Igreja estava no vai e vem dos governos que aproximavam para aproveitar e perseguir a Igreja por que considerava contraria as ideologias liberais ou socialistas.
Diante de ideologias, revoluções, campos constitucionais e exigência dos poderes econômicos e políticos mundiais; a Igreja latino-americana se encontrou pobre em sua pastoral, deficiente na participação dos leigos e quase desconhecedora de fenômenos explosivos como os meios de comunicações sociais, a novidade do mundo universitário e a secularização da vida cotidiana. A obra da Igreja latino-americana foi realizada em um meio muito difícil.
A Igreja latino-americana foi muito paciente e encontrou soluções importantes, ela como uma instituição histórica essencial na vida dos paises e com o seu esforço pela justiça e pela honestidade. Dentro dessas soluções está a da solidariedade da Igreja latino-americana que se viu clara no Concílio Plenário de Roma e nas quatro Conferencias gerais do episcopado do Continente, a Igreja tenha ajudado a analisar os problemas comuns.

            1.  Primeira Conferencia geral do episcopado latino-americano, Rio de Janeiro ( 25 de junho a 4 de agosto de 1955 ), durante o Pontificado de Pio XII.

1.      Temática da conferencia:
a)      Visão do Continente Latino-americano.
b)      Realidade do catolicismo latino-americano.
c)      Degradação do sentido cristão.

1.1.            Problema crucial: A escassez de sacerdotes.
a)      Um continente católico sem sacerdotes.
b)      Vocações e seminários.
c)      Causas e possíveis soluções da escassez das vocações.

1.2.            Os leigos.
a)      Múltiplas formas de apostolados.
b)      Ação católica e ação social.

1.3.            A pastoral especifica.
a)      Missão.
b)      Os Índios.
c)      Os negros.
d)     Educação católica.
e)      Os meios de comunicação sociais.
f)       Imigrantes.
g)      Igreja e cultura.

1.4.            Fatores diversos.
a)      Laicismo e maçonaria.
b)      Protestantismo.
c)      Comunismo.
d)      Espiritismo.


1.5.            Constituição do Celam (Conselho episcopal latino-americano).

Define-se como um órgão de contato e de colaboração das conferencias episcopais da América latina.

1.6.            Segunda conferencia geral de Medelin ( 25 de agosto a 6 de setembro de 1968) durante o Pontificado de Paulo VI.
O documento de trabalho foi preparado pelo Celam e corrigido e ampliado pelas diversas conferencias episcopais e pela Santa Sé.

1.6.1.      Temas:
a)      A interpretação cristã.
b)      A Igreja e a promoção humana.
c)      A evangelização.
d)     Pastoral de massa e de elites.

Nada de instrumentalismo e muito de humildade e de insistência na pobreza e no compromisso real com os pobres. A figura de pastor que segue de Medelin é de muitos aspectos, novo, comprometida com uma Igreja com as características da latino-americana e com a radicalidade do Evangelho. Por isso se insistiu no só na promoção religiosa, mais também na promoção humana, de um continente que necessita de transformações rápidas, profundas e radicais; e na colaboração sincera da Igreja, no campo político, social e econômico.

1.6.2.      Síntese doutrinal.
a)      Preocupação pela justiça.
b)      Revalorização do testemunho de pobreza, semelhança de Cristo.
c)      Impulso das comunidades eclesiais de base em comunhão com a Igreja, não uma ideologia nem anti-hierarquias.
d)     Revalorização da política como serviço.
e)      Negação de toda forma de violência, fruto de um abuso de poder, da violação dos direitos humanos, do terrorismo como um meio de reivindicação social.
f)       Solidariedade das Igrejas latino-americana com o papa e entre si.

1.7.            Terceira conferencia geral de Puebra ( 28 de janeiro a 15 de fevereiro de 1979 ).

1.7.1.      Tema da conferencia.
a)      A evangelização no presente e no futuro da América latina.

1.8.            Documento final.
a)         A visão pastoral da realidade latino-americana: Perspectiva global de nossa historia, visão sócio-cultural da realidade da América latina, visão da realidade eclesial, e exigência na tarefa evangelizadora.
b)        Critérios e realidades da obra evangelizadora: comunhão e participação. Centros de onde se verifica estas realidades: a família ou comunidades eclesiais de base; a paróquia, a Igreja particular. Os agentes de comunhão e participação e o ministério hierárquico da vida consagrada e do laicato. Os meios para evangelizar são: a liturgia, a oração particular, a piedade popular, o testemunho, a catequese, a educação católica e os meios de comunicação.
c)         Conteúdo da evangelização: Jesus Cristo, Igreja, homem. Evangelização na América latina: anuncio da Boa-Nova e promoção humana. Evangelização de cultura de ideologia e política.
d)        As opções preferenciais: os pobres e os jovens. São opções não de exclusão.
Conclusão: A opção da terceira conferencia é pelo trabalho para que a Igreja latino-americana seja o sacramento de comunhão, servidora do homem e missionária. O documento de Puebra se articula com o de Medelin e avança no sentido de encontrar côo causa necessária da libertação, a comunhão e a participação na vida da Igreja, na evangelização que deve ser esforço de todos, clero e leigos.

1.8. Quarta conferencia, Santo Domingo ( 12 de outubro a 28 de outubro de 1992 ), durante o Pontificado de João Paulo II.

1.8.1.      Tema.
a)      Nova evangelização.
b)      Promoção humana e cultura cristã.

Em Santo Domingo, o papa disse que havia vindo para celebrar o nascimento desta esplendida realidade que é a Igreja na América latina. Que hoje os católicos do novo mundo representam quase a metade da Igreja Universal.

1.9.                Linhas do documento final de Santo Domingo.

  O documento pretende levar uma palavra de esperança e ser um instrumento eficaz para uma nova evangelização. Quer apresentar a mensagem de Jesus Cristo, que é autentico e novo como fundamento da promoção humana e do principio básico de uma cultura cristã. Uma esperança que se pode concretizar em uma missão nova, renovada e mais eficaz; evangelização na fidelidade a Jesus Cristo que quer compartilhar o caminho com os homens ( promoção humana ), quer iluminar com a Sagrada Escritura o caminho destas culturas ( cultura ), quer infundir um novo ardor e entusiasmo pela fração do pão; para ir adiante em uma nova evangelização. São necessárias a reconciliação, a solidariedade, a integração e a comunhão.
1.1. Jesus Cristo, evangelizador do Pai.

a) A nova evangelização: A Igreja é convocada à santidade. Comunidades eclesiais vivas e dinâmicas. Unidade do espírito e diversidade de ministérios e carismas ( ministérios ordenados, vida consagrada, leigos na Igreja e mundo. Anuncio do Reino a todos os povos. O compromisso são de todos não existe limites no chamado a evangelizar.

b) A promoção humana: Dimensão privilegiada da nova evangelização. Há campos específicos ( direitos humanos, ecologia, pobreza, solidariedade, ordem democrática, a nova ordem econômica e a integração latino-americana ).

c) A cultura cristã: os valores culturais. A nova cultura moderna, centrada homem e nos valores de personalização; dimensão social e convivência absolutização da razão e da tecnologia com autonomia frente a natureza, a historia e o mesmo Deus. Problemática da cidade de hoje. A ação educativa da Igreja. A comunicação social e cultural.

1.2. Jesus Cristo, vida e esperança da América latina e do Caribe.

1.2.1. Linhas pastorais prioritárias.

a). Uma nova evangelização de nossos povos.
b). Uma promoção humana integral.
c). Uma evangelização inculturada.

A mensagem de Jesus Cristo se fará possível uma recristianização da Igreja latino-americana. A mensagem de Santo Domingo toca a fundo e permite lutar com esperança por uma reconstrução cristã da Igreja latino-americana.                           




A IGREJA LATINO AMERICANA NO SÉC. XX

A IGREJA LATINO AMERICANA NO SÉC. XX



1. Panorama da América Latina no início do séc. XX

1.1.  Desenvolvimento da Economia
  1. Políticas econômicas
Em 1880, as economias exportadoras de matérias primas se consolidaram em quase todos os países. Os fatores que influíram foram: a expansão das fronteiras agrícolas; o fortalecimento das infra-estrutura exportadora; o crescimento demográfico e a imigração; e o auge urbanístico. O maior ou menor êxito das políticas econômicas dos países dependeu da estabilidade dos governos, de sua abertura aos mercados internacionais e das possibilidades para aceder a esses mercados.
Os impostos que representaram a principal fonte das entradas fiscais contribuíram a um meio desenvolvimento da educação, da saúde e das condições urbanas. Até a Primeira Guerra Mundial, a América Latina equilibrou a balança comercial. Depois da recuperação da década de 1920 se produziu a Grande Depressão de 1929 que obrigou a uma radical transformação das economias latino-americanas. Vários países latinos chegaram a ser praticamente monoexportadores e, portanto, dependentes de um artigo da economia com evidente perigo no jogo dos preços internacionais.

  1. Imigração e crescimento demográfico

Desde a segunda metade do séc. XIX se começou a produzir um forte aumento populacional devido a demanda de mão-de-obra e, unida a esta, pela imigração que afetou principalmente a Argentina, o Brasil, Cuba, Uruguai, Chile e Venezuela.
Os imigrantes foram atraídos pela possibilidade de encontrar trabalho e meios de progredir. Para a Igreja, o problema pastoral dos imigrantes foi difícil, sobretudo entre os grupos que não chegaram com seus próprios sacerdotes e obviamente entre os que tinha um credo distinto do católico.

1.2.  Mudanças de estrutura sócio-política
  1. Incremento da População Urbana

O desenvolvimento da economia exportadora, o crescimento demográfico e a maior burocratização dos Estados revalorizou o papel centralizante das cidades latino-americanas como pólos de desenvolvimento. As capitais e os porto marítimos têm destaque. A luta para ampliar a base social do Estado e incorporar a massa rural com plenos direitos foi difícil.

  1. Desenvolvimento do movimento trabalhador

Quando se iniciou o processo de industrialização existiam, na América Latina, além do clero e dos militares, uma classe alta (latifundiários, aristocratas, intelectuais) e uma classe popular que se viu acrescentada por grupos móveis que se deslocavam na medida em que se apresentavam as ofertas de trabalho. A classe intermédia era quase inexistente, porém, cresceu com o processo migratório que trouxe pessoas de um nível cultural superior ao da classe cultural. A sua chegada coincide com o fato de que o número de artesãos adquiria entidade em algumas sociedades majoritariamente rurais. Os imigrantes chegaram à América Latina imbuídos de idéias sindicalistas, reivindicatórias e frequentemente revolucionárias.
A Igreja se encontrou, de pronto, frente a um novo problema pastoral: por um lado, movimentos anarquistas, de socialismo extremo; de outro, repressão violenta dos governos e dos donos do capital, injustiças e aproveitamento. Animados pela Igreja se criou o movimento trabalhador católico que teve incidência na promoção humana e cristã dos trabalhadores e no fomento da ajuda mútua e do cooperativismo.
O problema situou-se em que teve que enfrentar dificuldades com os governos e não preparação de um pessoal idôneo para o apostolado trabalhador. O pensamento social da Igreja era claro, mas o clero e, mais ainda, os leigos não tinha uma teologia das realidades temporais e se encontraram indefesos frente ás estridências da moda do socialismo e marxismo. Pouco a pouco o comunismo se foi apoderando do movimento, até conseguir apoio de partidos trabalhistas de esquerda.

1.3.  Alguns fatos significativos que mudaram a fisionomia da América Latina
  1. Final do Império Espanhol na América
  2. Guerras e conflitos limítrofes

A causa foi a indefinição das fronteiras entre alguns Estados, herança do domínio espanhol que não se preocupou ou não teve os meios suficientes, não tinha a urgência que se teve quando chegou a independência.

  1. Política expansionista do Brasil
A política das novas fronteiras levou os Bandeirantes sempre mais longe. No séc. XX, durantes 15 anos se adiantou em negociações diplomáticas com os países vizinhos até definir os territórios atuais.

  1. Colômbia e Panamá
Dentro dos interesses estadunidenses estava a construção de um canal interoceânico no departamento colombiano do Panamá. Em 1903, se produziu um levantamento propiciado pelos Estados Unidos e se proclamou a nova República. O governo instaurado no Panamá cedeu a franja para o Canal e reconheceu a soberania dos E.U.A.

  1. Políticas expansionistas dos Estados Unidos
Alguns estados mexicanos foram anexados aos Estados Unidos

  1. Os processos revolucionários latino-americanos do séc. XX

2.1.  Revolução Mexicana

Foi um movimento político contra o centralismo e contra o bloqueio do longo governo de Porfírio Diaz (1876-1911). Foi um movimento social em favor de uma reforma agrária. Foi um movimento regional em prol do federalismo. Foi ainda movimento de reivindicações de grupos representativos: indígenas, trabalhadores e burguesia.
  1. Queda de Porfírio Diaz (1911)
Plano de San Luis de Potosí: Francisco Madero propõe o motivo da insurreição geral. Madero é eleito presidente e dada a sua vocação constituicionalista, se opõe à violência e a expropriação com vista na reforma agrária. Dissolve o Partido Anti-reelecionista e funda o Constitucional Progressista de tendência legalista moderada.


  1. Queda de Madero (1911)
Foi impossível satisfazer igualmente a todos os grupos. O Exército Oficial, sob o comando de Victoriano Huerta (antigo porfirista) consegue deter aos revolucionários, porém, ao ser enviado à Cidade do México para reprimir a ascensão de Félix Diaz (sobrinho do ex-ditador), termina se unindo a ele contra Madero, o qual é assassinado. Huerta assume a presidência.
  1. Queda de Huerta (1914)
Plano de Guadalupe: Venustiano Carranza, propôs a revolução constitucionalista contra o usurpador Huerta. Em Chihuahua, Pancho Villa organiza a rebelião conta o governo, o mesmo faz Zapata em Morelos. Os Constitucionalistas ocuparam a Cidade do México. A luta pelo poder leva a um período anárquico que termina quando finalmente Carranza assume o poder.

  1. Governo de Carranza (1915-1920)
Seus objetivos básicos foram: a institucionalização do país, a consolidação da reforma agrária, a sindicalização trabalhista e o direito de greve. A Nova Constituição é intervencionista, nacionalista, anti-clerical e medianamente reivindicadora dos interesses camponeses e trabalhistas.

  1. Governo de Obregón (1920-1924)
A revolução tomou o atalho da definitiva institucionalização do país. Os Estados Unidos reconhecem Obregón e favorece as medidas do seu governo. A distribuição de terras foi mais efetiva nos lugares onde os proprietários de terra tinham apoiados a revolução.

  1. Governo de Calles (1924-1927)
Continua a linha de Obregón. Ao tentar por em prática as medidas anti-clericais da Constituição, estala o movimento dos Cristeros (1926). A mediação dos Estados Unidos permitiu um certo diálogo entre o México e o Vaticano. Calles comprometia a não destruir o catolicismo, nem a Igreja Mexicana, apesar de continuar com as leis anti-religiosas.

  1. México e Igreja depois da Revolução
Os bispos e sacerdotes quando retornaram do exílio tentaram re-cristianizar as estruturas e reconstruir o social de acordo com as urgentes conseqüências da Revolução. A Igreja saiu fortalecida da Revolução, recuperou seu poder moral numa sociedade combativamente católica governada por leis anti-católicas. A característica principal da Igreja mexicana foi sua realização baseada na adesão popular e não na proteção do Estado.

2.2.  Revolução Cubana (1953-1960)

Começou a germinar desde o momento da independência (1898) em que se consagrou constitucionalmente a tutela dos Estados Unidos. Até 1956, quando Fidel Castro começa a luta na Serra Mestra e cria o M-26, a política e a economia cubanas giravam em torno da potência despótica do Norte.
Em 1944, tem-se as primeiras eleições livres em Cuba. É eleito Ramón Grau Sanmartín. Este conseguiu um governo estável pela bonança açucareira. Em 1948, é eleito Carlos Prío Socorras, com quem Cuba entra mais na órbita dos Estados Unidos, o que significou repressão do comunismo.
Em 1953, Fidel Castro, do partido ortodoxo, Começa a insurreição popular. Nestes momento vastos setores do catolicismo cubano e ainda do clero apóiam o movimento M-26. Batista ganha algumas eleições. Em 1954, Fidel Castro sai da prisão e se exila no México. Em 1956, Castro desembarca em Cuba e cria um foco guerrilheiro na Serra Mestra, província do Oriente. O M-26 se torna o Exército Rebelde e recebe apoio da oposição a Batista e dos camponeses e vastos setores católicos se unem ao movimento.
Quando cai Batista, as intenções do M-26 começam a aparecer Anti-imperialistas (anti-yanqui) e pró-comunista (pró-soviética). De 1959 em diante, a revolução se converteu de anti-imperialista em revolução social de forte cunho marxista-leninista. As primeiras reformas foram: a nacionalização, a reforma urbana, alfabetização massiva e segurança sócia para toda a população.
Che Guevara queria a industrialização acelerada baseada na diluição da economia de mercado e na eliminação do incentivo material para o trabalho (salário), e isso levou ao comunismo. Fidel Castro assume o poder do governo revolucionário. Fora Raúl Castro, seu irmão, os demais chefes revolucionários foram desaparecendo de diversas maneiras.
A Igreja Cubana, sua hierarquia, os sacerdotes religiosos e leigos convencidos, muitos deles ativistas da avançada ação católica, apoiaram por causa da liberdade que viam refletida no gesto heróico da revolução humanista e cubana, dirigida por Fidel Castro. Colaboraram decididamente com a reforma urbana e agrária e com a luta para melhorar as condições de vida dos trabalhadores e camponeses. O primeiro passo conflituoso ocorreu pelos juízos sumários e a pena de morte para os inimigos da revolução. Em 1960, a orientação marxista-leninista do regime castrista foi um fato claro e se começou as reformas nos setores da educação, dos assuntos eclesiásticos, da economia e do social.
As campanhas de descrédito do clero e da ação da Igreja se basearam no lema de que tudo que está fora do comunismo é revolução. A Carta aberta dos Bispos de Cuba a Fidel Castro (4 de dezembro de 1960) foi a última declaração pública da hierarquia cubana. Daí começou a Igreja do silêncio. Nacionalizou-se a educação, confiscou-se os colégios e escolas da Igreja, ordenou-se a detenção dos bispos e expulsou-se 132 sacerdotes, suprimiu-se qualquer imprensa católica e proibiu-se cultos fora dos templos.
Em relação à Santa Sé, podemos dizer que, por sabedoria e para o bem da Igreja e o povo cubano, ela julgou mais conveniente a diplomacia que permitisse a salvaguarda dos interesses da Igreja.

2.3.  Revolução Nicaragüense

Em 1934, Sandino, herói nacional é traído e assassinado pelo chefe da guarda nacional, Atanásio Somoza. Este começa uma ditadura a partir de 1936. Em 1961, nasce a Frente Sandinista de Libertação Nacional, que executa ações guerrilheiras até derrocar a dinastia dos Samoza, em 1979.
Daí até 1990, a Nicarágua é governada por uma junta liderada ideologicamente pelo sandinismo, que se acentuará cada vez mais no marxismo-leninista, ao estilo cubano. Mas, contra o sandinismo, desenvolve-se a guerrilha dos Contra ajuda pelos E.U.A. E é aqui que começam as diferenças com Cuba.
A Igreja nicaragüense, os bispos e o clero, desempenharam um papel essencial na orientação da revolução com o fim de que se conserve como processo para uma sociedade plena e autenticamente nicaragüense, não capitalista, nem consumista, nem dependente, nem totalitária. A diferença com a presença da Igreja em Cuba é que aqui ela não padeceu a prova do silêncio.




  1. A Doutrina da Segurança Nacional e a Guerra Suja

Na América Latina, desde a Independência, sempre existiu a crença de que, dada a alta dose de ingovernabilidade dos países, é necessária a intervenção do estamento militar na vida política. Os militares são os últimos garantidores da ordem constitucional, estes se convertem em árbitros da situação, às vezes, unilateralmente.
Na década de 1960 à de 1970, nos países do Sul, os militares recorreram à doutrina da segurança nacional para justificar suas intervenções na política interna. Os militares argentinos que governaram de 1976-1982 usaram o termo de Guerra Suja para justificar a dureza repressiva e violação dos direitos humanos.

  1. A Dívida Externa

Com boa intenção os países do continente entraram na dança dos milhões de dólares fruto de espetacular bonança petroleira das décadas de 60-70. Desgraçadamente a corrupção existente, a crise mundial da indústria e as políticas armamentistas fizeram que se evaporassem partes consideráveis desses capitais produto do endividamento.
O FMI impôs condições pesadas para financiar a dívida externa com o objetivo de liberar as economias, revalorizar o papel do mercado em detrimento do Estado, reduzindo o setor público e ampliando o privado. A isso se assoma, que os governos e as classes políticas caem uma descredibilidade pelo não cumprimento das promessas e as diversas manifestações de corrupção.




A Igreja latina americana depois da independência século XIX

A Igreja latina americana depois da independência século XIX



1. A formação dos Estados latino-americanos:

Os principais problemas dos novos Estados depois da independência foram:

a)                            A pacificação e construção dos aparatos estatais que asseguravam o governo das republicas: surgem então, duas tendências: adaptar as leis as novas realidades o mudar absolutamente tudo, segundo o modelo único que se conhecia na América, a dos Estados Unidos. Desde o começo existem duas formulas: a centralista mais adaptada a mentalidade boliviana e a federalista no Brasil, Argentina, México, e por uns anos no centro da América.
b)                           A elaboração de um projeto nacional que aglutina as vontades de umas republica empobrecida com um policlassismo excessivamente polarizado entre uma classe poderosa econômica e politicamente, e outra pobre e tradicionalmente dependente sem uma classe media verdadeiramente significativa.
c)                            A indefinição dos limites entre as diversas republica muitas vezes foi causa desde o principio de intermináveis discussões e no futuro desencadeando guerras e conflitos.
d)                           O latifundiário, o militarismo, a corrupção administrativa são fenômenos que tem incidência desde o começo e se manifesta de diversas maneiras nas distintas republicas e em distintas épocas.
e)                            O liberalismo com o seu conteúdo lógico de capitalismo e de concentração de riquezas em mãos de poucos influem de maneira determinista na formação das novas republicas sobre tudo no econômico e político.

1.1. A Igreja depois da independência:

Ela perde o seu principal guia que é a Metrópoles a qual esteve totalmente ligada pelo regime padroado. Uma Igreja que praticamente havia recebido tudo da Espanha e de Portugal. Agora está empobrecida e seus recursos são objetos dos governos também empobrecidos, apesar desta abertura a mudança direta a comunicação com a Santa Sé o sistema de relação não claro e tão rápido como exigiam as circunstancias. Roma não está acostumada a tratar com a América. O papa intervia na via das concordatas com êxito relativo por causa da inconstância política americana, golpes de Estado.
A tremenda falta de sacerdotes em paises que recebiam grandes parte de seus efetivos das Metrópoles, em muitas republicas se põem aos religiosos sobre tudo estrangeiro.

1.2. A difícil situação econômica da Igreja latina americana independente:

As guerras de independência destruíram boa parte dos recursos produtivos das novas republicas. Não estava disponível o pessoal humano qualificado para uma empresa de envergadura, inclusive os governos estavam mal dedicados à estabilidade política que uma empresa econômica de beneficio social. A perspectiva econômica foi de produção exceto para o mercado interno, como a exportação de matérias primas sobre tudo por dificuldades no transportes aos portos.
Os sistemas fiscais eram inexistentes, os sistemas de arrecadação de impostos e o crescimento do comercio exterior, muitas republicas tiveram que ajudar a dá empréstimos estrangeiros sobre tudo para criar a infra-estrutura necessária para o comercio com melhoria de novos portos e vias de comunicação ferroviária. Pouco a pouco, o nível exportador foi crescendo: México teve uma boa balança comercial com suas infra-estrutura colonial para abastecer de matérias primas aos centros produtores dos Estados Unidos e toda a Europa. Venezuela foi crescendo a exportação de produtos agrícolas, o comercio de Prata: México, Peru e Bolívia marcaram uma linha de dependência já que o setor saiu muito golpeado pelas guerras de independência.

1.3. A instabilidade política foi uma das causas do regresso do desenvolvimento econômico em grande parte da Latino-americana:

Foi no século XIX que a situação melhora e em grande parte o fenômeno é motivado pela expansão da economia européia e a crise de 1873 que aumentou a demanda de produtos latino-americanos, tanto na Europa como nos Estados Unidos. A abertura do Oeste dos Estados Unidos e a febre do ouro contribuíram para o desenvolvimento à costa do Pacifico: Chile, Peru, Equador e sues portos chegaram a duplicar seu comercio. As melhorias dos paises deram um passo significativo para criar ou melhorar seus sistemas fiscais.
Os bancos britânicos se estabelecem em vários setores Latino-americanos, as redes de ferrovias unida ao fato de exportação crescem as exportações e entram em um jogo novos produtos de demanda internacional: o cobre no Chile, chefa depois a oportunidade para os cereais sobre tudo o trigo. O desenvolvimento urbano foi maior nas cidades vinculadas ao comercio, então, México segue sendo a cidade maior de todo o latino-americano.

1.4. O marco institucional latino-americana depois da independência:

Primeiro os próprios libertadores e depois os representantes de grupos dirigentes mais ou menos oligárquicos, ocupam os portos vacantes, desde esse momento terminada a euforia emancipadora começou a lutar por criar o marco institucional das novas republicas. Entre liberais e conservadores com uma diferencia de ideológicas mais com interesse hegemônicos muito fortes e com posição opostas sobre tudo em matéria religiosa e educativa. A estas duas tendências se uni em diversos paises e tempos; o autoritarismo de tipo militarista que usa o poder da força e da ditadura.
Entre centralistas e federalistas com diferenças fundamentais em torno à organização administrativa dos pais e ao modelo político. A realidade do sistema republicano latino-americana foi uma debilidade do poder central que nos pais de estrutura basicamente rural tinha que estar em continua aliança com os poderes locais.

1.5. O debate constitucional:

Tinha que ver com a forma de governo das novas republicas e com o angustioso tema de governabilidade dos novos Estados. Os diversos constitucionalistas tiveram basicamente quatro fontes de influencia:
1ª A tradição britânica.
2ª. A experiência constitucionalista e federal norte-americana.
3ª. As idéias igualitárias da revolução francesa 1789 e as posteriores revoluções européias de 1830 e 1848.
4ª. A constituição liberal de Cadiz de 1812.

Estes trouxeram como conseqüências uma instabilidade constitucional que em vários paises latino-americano chegou a ser caótica.


1.6. Situação da Igreja nas constituições da latino-americana:

A instabilidade constitucional e a política republicana são os marcos de referencia para entender a difícil situação da Igreja na época de sua estrutura segundo o modelo americano, e ajuda a compreender atitudes atuais de quem tem a missão de governar uma Igreja tão acostumada a depender do poder estatal em concreto os bispos, os sacerdotes, e a seu lado os religiosos.

2. A Igreja e os novos Estados:

O problema das relações com a Santa Sé, para a Santa Sé era claro que o padroado era um privilegio, os assuntos americanos se resolviam através do padroado e dos governos republicanos não aceitavam que os negócios de suas Igrejas se manejaram segundo o regime da congregação de propaganda fidei sobre tudo o da provação de bispos. Ante o perigo de um cisma a Santa Sé adotou a política de negociação individual com os novos Estados um modus vivendi, ou uma concordata que deseja salvar os direitos da Igreja a regular seus próprios assuntos.
A Santa Sé declarava antes qualquer tipo d convenio, era que o padroado havia sido um privilegio voluntário da parte da Igreja e taxativo para o rei da Espanha e de Portugal com obrigações muito concretas da parte destes. Só em alguns casos no centro da América e Peru, Pio IX concedeu uma espécie de padroado em nomeação dos bispos. Geralmente a política da Santa Sé se orientou a permitir que os Estados dessem seus juízos sobre os candidatos que representava o papa com o fim e prevenir qualquer oposição de índole política.

2.1. O episcopado durante o século XIX:

Ao regularizar o sistema de nomeação de bispos sem o conduto do padroado, foi melhorando pouco a pouco a situação das dioceses latinas americanas. O problema seguia sobre a extensão do território. A falta de seminários e em alguns casos a impossibilidade de criá-los, não só por escassez de professores mais sim pela política de alguns governos. A política no México foi bastante fluente, os seminários eram confiscados em virtude da legislação de 1857, passo muito importante para a formação do clero e em especial de professores para os seminários; Pio IX criou em Roma o Pontifício colégio Pio latino Americano em 1858.

2.2. Os bens da Igreja:

A Santa Sé e as próprias Igrejas latinas americana tiveram que implantar toda a sua capacidade de negociar e de resistência para mudar o reconhecimento do direito da Igreja para adquirir e possuir bens temporais.

2.3. A educação:

Por muitas razões históricas a educação colonial girou ao redor de instituições eclesiásticas em toda latina americana. Os novos livres pensadores acharam o atraso do povo precisamente ao influxo eclesiástico; havia argumentos positivos de grande valor: liberdade de pensamento, liberdade de expressão nem sempre tolerada pelos governos antieclesiasticos, igualdade de todos os seres humana frente à lei nem sempre respeitada com o adversário ideológico ou político; e por fim liberdade de religião.
Existia também o desejo de modernizar o processo educativo, segundo o movimento cientifico europeu. Educação para todos, educação positiva e não tradicional escolástica, educação neutra em questões religiosas. Os golpes mais duros deram os governos republicanos no mundo da Universidade, geralmente se pode dizer que o século XIX não foi nada favorável a Universidade latina americana. A educação popular nas novas republica foi quase um bom propósito: educação para todos. A educação na América foi analfabeta no século XIX onde 4% tinham acesso a escola publica, a única que existia ordinariamente.

3. As instituições eclesiásticas e as ideologias do século XIX:

A Igreja latino americana como instituição de seres humanos teve dificuldades seriais para enfrentar o período pós colonial e republicano ele por motivos intrínsecos e extrínsecos.



3.1. Motivos intrínsecos:

As diversas instituições eclesiásticas, o clero secular e regular e as agrupações religiosas de diversas índoles eram débeis forças do regime do padroado e sim o apoio do pessoal das Metrópoles. Religiosidade tradicional latino americano que a preparação humana religiosa e intelectual. Clero escasso mal formado recebia o pague das novas idéias sem poder oferecer uma alternativa ou uma distinta da censura ou da condenação eclesiástica.
Há participação no movimento revolucionário ou em instituições como a maçonaria. A vinculação do povo e dos sacerdotes com os bispos era muito escassa e às vezes impossível, por causa das distancias de deixar as paróquias abandonadas por meses e pela vacância de sedes episcopais pela morte do bispo ou pela expulsão muito freqüente na América latina.
Os religiosos com dificuldades reconstruíram suas comunidades e quando podiam exercia seu ministério. Muitas vezes os religiosos sobre tudo os jesuítas eram expulsos dos paises deixando o seu trabalho apostólico, o caso foi grave no centro da América: Colômbia e Equador onde os religiosos dependiam da vontade dos governos.

3.2. Motivos extrínsecos:

O liberalismo radical: os latinos americanos não assumiram uma atitude oposta conservadora ou liberal com base em muitos dos princípios básicos do liberalismo. A reação contra o regime colonial a afirmação dos direitos do individuo, o Estado e os governantes em um sistema democrático, a divisão dos três poderes e por suposto o regime republicano cuja melhoria realizou nos Estados Unidos.
O ponto de divisão esteve nos métodos: os conservadores queriam a mudança proposta pelo regime de liberdade e de direito individuais conservando os privilégios da antiga ordem como condição de salvar a ordem e da estabilidade econômica, social e política. O que necessitava a América era um regime estável autoritário e dos valores tradicionais, a religião católica, os privilégios de classe e uma atitude paternalista com respeito ao povo. Como formula de governo, os conservadores se inclinaram ao centralismo ou como ideal de governo com autoridade real, ou como passo necessário fazia o governo federal, os liberais preferiram o passo ao federalismo como único meio de propiciar o desenvolvimento dos pais.
O liberalismo latino americano não teve trajetória e conteúdo comum em todas as republicas, se mesclo com diversas formas de nacionalismo, positivismo e anticlericalismo levando os golpes de Estados e as mudanças radicais no regime constitucional. A maçonaria na América influiu de maneira sempre anticlericalismo; lojas passaram ir muitos clérigos e pessoas ilustres fieis da Igreja. No Brasil o caso foi evidente quando o papa Pio IX condenou a maçonaria. A maçonaria se converteu em um circulo das novas idéias amparados pelos tradicionais segredos maçom e pelo seu deismo. No Brasil a condenação de Pio IX produziu reação do imperador Pedro II apoiado pela grande maioria do clero, o imperador negou a publicação da Bula papal amparado no padroado.

4. Primeiro Concilio plenário da América latina: 1899

No século XIX se encerra para a Igreja da América latina com uma manifestação de sua vida religiosa institucional, é o começo da unidade episcopal no continente e da abertura a Igreja Universal. O momento privilegiado em que se reúnem as experiências de umas Igrejas particulares que tantas dificuldades haviam tido depois da independência. Leão XIII convocou em 1898 um Concilio plenário em Roma os bispos de uma Igreja América latina, com quatros séculos de existência e com problemas comuns que havia que revolver para previnir a descristianização do continente.

4.1. O ambiente da convocação:

O 4ª. Centenário do descobrimento da América foi a ocasião escolhida pelo papa. O ambiente de integração produzido pela criação das conferencias Americanas, o pontificado de Leão XIII personalidade vigorosa que produziu o maior contato possível com as realidades do mundo e da Igreja. A problemática latina Americana vista pela Santa Sé:
* O laicismo do Estado.
* As novas ideologias: Socialismo, comunismo.
* O protestantismo e seu influxo crescente.
* A maçonaria.
* O liberalismo.

A união da América latina com a Santa Sé e com o papa devia ser a confirmação da eclesialidade que favorecia uma Igreja tradicionalmente separada administrativamente e não influenciada por Roma, centro unitário e hierárquico da Igreja Universal.
Os objetivos do Concilio foram antes de tudo pastoral, a defesa e propagação da fé católica, o aumento da religião e da piedade, a salvação das almas, a disciplina do clero e a dignidade, defesa e ampliação da ordem episcopal. As fontes documentais dos 998 artigos são: Concilio de Trento, Concilio Vaticano I, Magistério de Pio IX e Leão XIII, declarações dos sínodos latinos Americanos, catecismo e outros documentos canônicos.
O Concilio plenário foi um ponto privilegiado de encontros da Igreja da América latina com a Santa Sé, com o papa e com os bispos entre si, o Concilio plenário criou uma nova consciência continental de vastas perspectivas de ser parte essencial da Igreja Universal, de ter um influxo popular capaz de superar as maiores crises políticas e sobre tudo de possuir uma força interna que permitira analisar seus próprios problemas e buscar as soluções.            
           

A Santa Sé e a independência.

 A Santa Sé e a independência.


                                                                Introdução:

                        Até a independência Roma não havia tido que pensar em seu sistema de relações com as colônias espanholas e portuguesas distinto do regime de padroado. Espanha e Portugal asseguravam a administração dos assuntos eclesiásticos e da evangelização. Roma adotou esta linha de conduta desde o século XV, por diversos motivos. Alguns estavam pensando que os papas trataram desta forma para se libertar das responsabilidades que incubiam dando aos reis católicos da Espanha e de Portugal ao cargo de apostolado de missão. Existem explicações que nos parecem, mas aceitadas: é uma realidade histórica que a Santa Sé dentro da mentalidade da época julgava que o apoio da autoridade civil católica era o caminho mais seguro e eficaz para a cristianização das colônias na América e na Ásia.
            O padroado régio, dentro do contexto geral da cristandade pós-tridentina é um dos aspectos da grande missão católica, é sem duvida um aspecto particular de inegável transcendência que na América o fenômeno mais amplo é a união intima entre as duas sociedades: a civil e a religiosa própria da época barroca. Durante o século XVIII, as cortes espanhola e portuguesa organizaram o regime eclesiástico das colônias americanas dento do sentido de unidade entre: a Metrópole e sua extensão.

            1. A independência americana vista pelo Vaticano:

            Para poder entender o problema suscitado no Vaticano pelos movimentos emancipadores americanos, há que ter presente o contexto político europeu da época posterior à independência dos Estados Unidos e sobre tudo a Revolução francesa de 1789.  A organização política européia antes da Revolução da segunda metade do século XVIII havia caracterizado pela concentração de poder nos monarcas absolutos; nos paises protestantes a necessidade de uma organização e de uma autoridade, esta autoridade era outorgada pelo direito de decidir a religião que os súditos haviam de seguir.
            Nos paises católicos, a intromissão nos assuntos eclesiásticos parecia justificável pela necessidade de combater o cisma, a heresia e em geral qualquer erro em matéria religiosa que se constituía em perigo social que atentava a unidade nacional. Na Espanha e Portugal a legitimidade do regime monárquico era defendida como uma defesa de causa da religião católica ameaçada pelo protestantismo e pelo racionalismo; o Vaticano apoio a causa legitimista e centralizou sua política em uma adesão sincera aos propósitos das monarquias católicas sobre tudo na defesa da fé e na organização da Igreja. A independência dos Estados Unidos não mudou nenhum problema político da Santa Sé, o problema quando se tratou de nações católicas: a França em primeiro lugar, a revolução de 1789 foi para a Santa Sé uma autentica catástrofe por que significou a perda de um dos bastidores da catolicidade que era uma barreira em contra da perigosa heterodoxia das poderosas potencias protestantes do centro e norte da Europa; a revolução francesa significou um golpe para a Igreja e não somente por que perdeu grande parte de suas riquezas e do poder temporal, mais sim por que os princípios revolucionários se tinham como a reta ordem do mundo que apenas se restavam das guerras religiosas do século XVII.
            Quando Napoleão quis instaurar uma nova ordem na Europa, algo pareceu que melhoraria a situação e Roma firmou uma concordata com a França que certamente atendendo-se ao principio de que é preferível assumir o mal menor para evitar o mal maior. No Brasil, se realizou a emancipação sem graves preocupações para a Sé Apostólica, pois iniciada em 1822 assumiu desde o principio a forma monárquica e foi reconhecida oficialmente por Portugal em 1825. Em caso hispano-americano era problemática para a Santa Sé desde o México até o Rio da prata, a independência supõe uma larga guerra de quase 20 anos, o rei da Espanha padroado das Igrejas americanas se opões radicalmente a todo reconhecimento com o republicanismo americano. O Vaticano julgou como uma necessidade política que na América o processo de evangelização e de organização das Igrejas através do regime do padroado.
No meio eclesiástico hispano-americano teve uma crise catástrofe: os bispos, as paróquias, ordens religiosas, seminários, colégios e hospitais se paralisaram sobre tudo por falta de uma provisão nos cargos vacantes. A expulsão dos jesuítas de todos os domínios do rei da Espanha e a supressão da ordem por pressão da corte sobre o papa Clemente XIV no ano 1773. Nas filas da hierarquia os problemas eram as sedes vacantes que não podiam ter bispo já que estava encerrado o caminho normal do padroado, a corte de Madri como um meio de desacreditar o processo de independência.
Enclausurada a comunicação com Roma, o movimento emancipador americano pela diplomacia da Espanha cuja corte exportava ao Vaticano o que lhe interessava para desacreditar os libertadores como subversivos e imorais e anti-eclesiásticos, ficaram vacante muitas das sedes americanas.

2. A independência americana nos tempos de Pio VII (1800-1823).

Já tendo que afrontar situações o papa Pio VII fulminante do imperialismo de Napoleão, a abdicação dos monarcas espanhóis, a independência americana e a reinstauração do legitimismo monárquico a partir do congresso de Viena. Situações antes as quais o papa tinha uma posição que era impossível desligar o campo eclesiástico do campo político, Pio VII conhecia muito bem o terreno que pisava na Europa havendo experimentado pessoalmente as imposição despóticas de Napoleão em matéria religiosa. O papa intuiu que tinha que existir uma versão distinta dos fatos na América e que os católicos dessas terras tinham direito de buscar contato direto com a Sé Apostólica. Isto se sucedeu em 1813.
O rei da Espanha, Fernando VII pode respirar tranqüilo vendo o caso sendo superado a crise colonial americana. Pio VII deu a provisão dos bispos para as sedes vacantes da América por meio de uma Encíclica dirigida ao clero da América sujeita ao rei católico da Espanha. É necessário reconhecer a boa vontade de Pio VII para com a América; a reação americana ante o documento do papa foi muito variada: o México e Peru, os bispos e grande parte da aristocracia aceitaram com entusiasmo as ideais do papa. A Venezuela e a Nova Granada acreditou de novo para Santa Sé o problema da incomunicação e o papa o desejo de conhecer os assuntos americanos através de vias distintas de Madri.

3. A causa eclesiástica americana no tempo de Leão XII 1823-1829

A missão Muzi e Buenos Aires e Chile 1823-1825, em Roma a política absolutista da Santa Aliança. Durante esses anos se produziu a reação francesa em favor do absolutismo espanhol e conseguinte plano de Fernando VII de restituir seu poder na América com o apoio da Rússia e da Áustria. Nesse ambiente absolutista por interesse econômico de potencias que já estava na nova era da revolução industrial, chega a Sede de São Pedro Leão XII que tinha um ato de seu dever pastoral no caso da emancipação. Três eram os focos de atenção primeira para o novo papa com respeito aos assuntos americanos: Chile, México que ressurgia da crise produzida; Leão XII que havia participado na preparação da missão Muzi, não só a confirmou mais sim que fez com ela grandes esperanças religiosas. No Vaticano se pensava que era possível desligar do assunto eclesiástico organizar as Igrejas americanas do político de reconhecer que as novas nações não queriam nada com a Espanha e com o padroado.
Com o México, o papa foi claro ao seguir a política por Pio VII de chegar informações através de enviados americanos, o problema mais complexo para o papa Leão XII era a grande Colômbia, ali a guerra seguia o eu curso em 1823 com o objetivo definido, libertar definitivamente o Peru. O governo de Bolívar e Santander havia entrado em contato com Roma. Fernando VII sabia do pensamento do papa e quis neutralizar o efeito dos contatos vaticanos com os rebeldes americanos.

3.1. Colômbia

A Encíclica de Leão XII não produziu nenhum efeito na América e nem ser quer na Espanha, o papa esteve muito consciente de seu dever pastoral e julgou com boa fé seu papel de não forçar os acontecimentos no plano político e não apartar de suas obrigações de pastor Universal desejando que a sua Encíclica seguisse o curso normal pela via de Madri. Não teve Leão XII o mesmo êxito com Centro da América e México, o problema surgiu porque o governo quis forçar o reconhecimento político para seus delegados ante o Vaticano como condição para negociar o assunto dos bispos dos quais em 1829 tirava da Republica.

3.2. Chile

No Chile depois do fracasso da missão de Muzi, o problema eclesiástico havia degenerado no enfrentamento do governo e do eclesiástico Santiago com o bispo Rodrigues. O papa Leão XII temeroso de que no Chile se repetira o Cisma Centro - americano. O presidente se decidiu por enviar um delegado oficial a Roma com o fim de negociar assuntos eclesiásticos chilenos. Previsto de boas cartas de recomendação do presidente; não foi fácil para o papa Leão XII manejar o espinhoso assunto sobre a irreguralidade com que Cenfuegos havia governado a diocese de Santiago sem nenhuma delegação do bispo legitimo. O papa via claramente o importante papel que julgava Cenfuegos na política chilena. Em 1829 o papa Leão XII morre.
O seu sucessor o papa que tinha a difícil tarefa de trazer uma linha mais definitiva de política religiosa da Santa Sé com respeito às novas Republicas hispano-americana.

4. Avanços e retrocessos durante o pontificado do papa Pio VIII ( 1829-1830 ).

O papa Pio VIII tinha o suficiente realismo político para dar-se conta que a causa espanhola estava perdida na América. Sentia a urgência pastoral de organização a Igreja Americana, no pontificado de Pio VIII a Santa Sé procurou a aproximação com as províncias do Rio da Prata e com o México com êxito no primeiro caso e com fracasso no segundo caso.
Durante o governo unitário de Rivadavia ( 1826-1827 ), não se deu nenhum passo de aproximação a Santa Sé, não se tratava de uma atitude cismatica mais uma calculada política de deixar que a Igreja argentina se vivesse sem bispos e sem sacerdotes e sem seminários. O frei Justo de Santa Maria consagrado por um chileno Cenfuegos foi o primeiro bispo da Argentina independente e causa de uma mudança radical na política eclesiástica de seu governo.

4.1. México

Outro caso distinto foi i México fatos que atentavam contra qualquer solução inclusive a de mandar vigários apostólicos como no Chile e Argentina. O papa devia reconhecer o México como nação independente da Espanha. O assunto era especialmente grave em um momento em que se produzia a invasão espanhola do general Barradas; com a queda de Guerrero e a ascensão do general Bustamante pareceu que melhoraria a situação; o novo regime colocou condições a Santa Sé para continuar as negociações: queriam no México bispos redenciais e não vigários. O argumento básico era a dignidade nacional; não era justo que o papa negava a petição do México unicamente por não contrariar o rei da Espanha.
Roma se comoveu ante as reclamações do embaixador mexicano e muitos dos conselheiros do papa se mostraram indignados a conceder ao menos dois bispos residenciais para o México.

5. A situação do problema eclesiástico americano nos tempos de Gregório XVI ( 1831-1835 ).

Na eleição do novo papa julgou um papel importante da Igreja americana foi eleito com plena consciência do conclave de que era um partido fervente da instauração definitiva da hierarquia americana com presidência do padroado régio, dado pelo rei da Espanha. Eleito Gregório XVI celebrou seu primeiro consitorio e publicou solenemente seis bispos para o México eleitos: Motu Próprio e sem mediar consultas nem com o governo mexicano nem com Madri.

5.1. México

A corte espanhola teve que calar ante o fato consumado que não podia contradizer com novos fatos de força sobre América já que se haviam fatos definitivamente impossíveis. O governo proclamou que a emancipação e liberdade do México se haviam visto solenemente reconhecidas pelo padre comum dos fieis.

5.2. Chile e Argentina:

Gregório XVI com sua política decisiva em favor da regularização da hierarquia americana se ocupou do assunto eclesiástico na Argentina, no Chile e Uruguaio. Morto o ancião bispo de Santiago, Rodrigues, o papa nomeou Vicunha como bispo residencial da capital chilena.
Reações diversas se deram, por que o sistema não padroado de governo eclesiástico era desconhecido nas Igrejas americanas e em parte por que os governos civis queriam exercer um padroado sobre as dioceses semelhantes ao exercer pela Espanha; Gregório XVI teve que intervir muitas vezes para evitar os conflitos entre os bispos e os enviados. As dificuldades iniciais confirmaram cada vez mais ao papa em sua política contra os vigários apostólicos hispano-americanas e em favor de colocar bispos redenciais para as diversas dioceses.  

5.3.Uruguaio:

Em 1830 ano em que o Uruguaio empenhou a ser a nação soberana das mudanças políticas aos que se veio o problema da autonomia eclesiástica de Montevidéu com respeito ao bispo de Beunos Aires ao qual pertencia espiritualmente. Quando se protocolizou por parte da Argentina e Brasil o nascimento da nova nação, Gregório XVI deu um passo de erigir o vicariato apostólico de Montevideo desmembrando de Buenos Aires e com Monsenhor Larranga como primeiro vigário com caráter episcopal; o papa ao deu o passo definitivo de erigir dioceses em Montevideo pela instabilidade política que se tinha em Uruguaio e pela escassez do clero.

5.4. Peru:

O caso do Peru teve um processo parecido ao da Grande Colômbia e de que o próprio libertador se ocupou do negocio de evitar a Muzi a que extendia sua missão até Lima. Certamente a demora na provação das dioceses peruanas se deu a demora em fazer chegar a Roma as informações e também a mudança política verificado no Peru em 1827 durante o governo de Bolívar.
O congresso constituinte da nação anulou as designações que o libertador havia feito para a arquidiocese de Lima nem manteve a petição oficial da Santa Sé que se providenciam bispos as sedes de Lima, e nem apresentou novos candidatos. As dificuldades políticas peruanas de 1827 não impediram que existisse comunicação oficial com a Santa Sé em assuntos referentes ao uso do padroado. Em Roma, nada sabia dos propósitos do governo de Lima com respeito aos bispos; o papa se decide a romper o silencio entrando em comunicação com os bispos e com o próprio vigário de Lima, com o fim de preparar ao terreno para a provisão das sedes peruanas. Deste modo, a chegada a presidência de Luis José em 1833 se entrando na negociação oficial para a nominação.
Um juízo geral sobre a atuação de Gregório XVI com respeito a Igreja americana tem quer levar em conta a concepção realista que sempre teve o papel da religião e da organização eclesiástica em meio dos conflitos políticos do século XIX. O papa procedeu dentro do critério de que a revolução independente em hispano-americana era um fato consumado e irreversível e de que seguir insiste nos argumentos legitimistas não só era utópico sim que prejudicava a causa religiosa nas novas nações, sem a religião estava em perigo e os americanos queriam ser fieis a Igreja, o papa tinha que atrair-los e ajudá-los evitando haurir suas idéias nacionais que estavam centrados na formula republicana.
Gregório XVI proclama na Constituição Sollicitude Ecclesiarum, em 1831 que as vicissitudes políticas dos Estados não podiam impedir nunca a Santa Sé de necessidades espirituais das almas e especial a criação de novos bispos; Gregório XVI reconheceu os diversos estados americanos: México, Equador, Chile e posteriormente Peru, Bolívia e Argentina.