segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

O CONCÍLIO VATICANO II

O CONCÍLIO VATICANO II

a) A figura do seu idealizador: o papa João XXIII

Ângelo Roncalli nasceu em 25 de novembro de 1891 na diocese de Bérgamo, de família humilde, teve bastantes dificuldades econômicas, foi seu tio quem assumiu as despesas do seminário. Foi para Roma e foi ordenado em 1904 (Época do Modernismo). Depois de ordenado retorna para Bérgamo, ficando de 1904 a 1914 como secretário do bispo. Em 1914 começou a II Guerra Mundial e de 1915 a 1918 ficou como capelão militar na guerra, época que marcou a sua vida (incansável defensor da paz). Voltando para a diocese fica de 1918 a 1920 trabalhando no seminário como professor de História. Foi chamado a Roma para ser diretor da obra da propagação da fé (Propaganda Fidei) de 1920 a 1925. Em 13 de março de 1925 foi eleito bispo e começou a sua experiência internacional, trabalhou na diplomacia de 1925 a 1952. Em 25 de abril de 1925 foi visitador e depois delegado apostólico na Bulgária (cristãos de maioria ortodoxa). De 1935 a 1944 foi ser delegado apostólico na Turquia e Grécia. Em 1944 Núncio Apostólico na França. Em 1952 foi escolhido cardeal e assumiu o patriarcado de Veneza onde ficou até 1958.
Após a morte de Pio XII, foi eleito papa em 28 de outubro após onze escrutínios. Escolheu o nome de João XIII, pois o seu pai se chamava joão e foi batizado na Igreja de São João Batista; tinha 77 anos quando foi eleito papa. No dia da coroação em 04 de novembro se dá a conhecer:
* A missão do papa é religiosa e pastoral: “a missão do papa é ser bom pastor”;
* Em dezembro vai fazer algo que os antigos papas costumavam fazer e que havia sido esquecido: visita os hospitais e a prisão em Roma nos dias de natal;
* Faz a sua primeira escolha de cardeais (23 cardeais), a lista chama a atenção, pois o primeiro nome é o do arcebispo de Milão: Giovanni Batista Montini.
* No dia 25 de janeiro de 1959, no encerramento da semana de oração pelos cristãos, João XIII anunciou o Concílio Ecumênico, um Sínodo Romano e a reforma do Código de Direito Canônico.

b) O seu Desenvolvimento

O Concílio teve quatro fases, somente na primeira fase esteve presente João XIII; as demais foram dirigidas pelo cardeal Montini que foi eleito papa escolhendo o nome de Paulo VI.
Nem todos acharam boa a idéia do Concílio, os cardeais e a Cúria Romana viram isso com certa desconfiança. Em 17 de maio de 1959 temos o início da comissão preparatória. Se pensou em primeiro lugar mandar um questionário para os bispos, mas se descartou essa idéia e foi pedido em 18 de julho de 1959 que os bispos enviassem quais seriam as questões a serem tratadas no Concílio; que presidiu essa comissão foi o cardeal Tardini. De 2593 bispos questionados, 1998 responderam; o trabalho dessa comissão foi de classificação de tudo aquilo que fora enviado pelos bispos. Em 14 de julho de 1959 aconteceu um discurso do papa no Vaticano dizendo que o Concílio era um Concílio próprio e não uma continuação do anterior. Em 05 de junho de 1960 começa a fase preparatória do Concílio. Essa comissão teve um certo problema, pois os presidentes das comissões foram os presidentes das Congregações da Cúria Romana e os esquemas preparados foram um pouco contraditórios à posição de João XIII; esses esquemas foram rejeitados pelo Concílio com exceção do documento sobre liturgia; os demais tiveram que ser novamente escritos pela comissão. Em geral, esses esquemas tentaram colocar os ensinamentos doutrinários e disciplinares dos outros papas, sobretudo de Pio XII. João XIII queria uma atualização da Igreja aos novos tempos, formas de transmitir a doutrina; tentou construir uma ponte para o diálogo. Passados 2 anos, tem-se aproximadamente 70 esquemas  escritos, somente 16 foram aprovados. A Cúria queria que o Concílio tivesse início mais adiante, mas o papa queria o início para 1962. Em 02 de fevereiro de 1962 foi dada como concluída a fase preparatória para o Concílio e assim foi marcada à abertura para o dia 11 de outubro do mesmo ano. Foram enviados esquemas para os bispos, sobretudo o da liturgia e o regulamento do Concílio dizendo que funcionaria como os anteriores[1]. O regulamento prevê a presença de peritos, isto é, teólogos que ajudarão aos bispos em determinadas temáticas tratadas no concílio, esses peritos não tiveram direito de voto. Serão estes peritos os grandes teólogos após o Vaticano II; eles que na década de 50 tiveram que silenciar, agora aparecem no Concílio como grandes assessores dos bispos.

c) Comissões do Concílio

            Em preparação para o concílio, algumas comissões foram formadas, são elas: comissão central, dogmática, bispos, governo das dioceses, disciplina do clero, sacramentos, liturgias, seminários, religiosos, Igrejas orientais, missões, apostolados dos leigos e secretariado para a união dos cristãos. Os presidentes destas comissões eram os presidentes das respectivas congregações curiais. Os presidentes pensavam que os esquemas sendo feitos em fase aos documentos de Pio XII, logo seriam aprovados e logo concluiriam o concílio. Em 16 de fevereiro de 1962 foi estabelecido o Motu Próprio Concílio, a data de abertura do concílio para o dia 11 de outubro de 1962. foram enviados sete esquemas para os bispos onde não ficaram satisfeitos, pois existia uma distância entre o discurso do papa e o que ali vinha apresentado. O esquema da liturgia foi o único aceito pelos bispos, mas mesmo assim não foi aprovado na primeira fase do concílio. O regulamento foi publicado um mês antes, em 05 de setembro de 1962. Existia um plenário, um grupo de comissões, um conselho de presidência, os esquemas eram aprovados e depois o documento em sessão solene. Em 13 de outubro foi pedido que fosse adiada a votação das comissões para que os bispos pudessem se conhecer melhor. O regulamento previa a assistência nas sessões solenes de observadores por parte dos cristãos separados (protestantes e ortodoxos); na primeira fase teremos 48 observadores e no final 100, tem-se a presença de ouvintes leigos.
            A sessão solene de abertura foi dia 11 de outubro de 1962; alguns cardeais europeus pediram adiamento para um melhor conhecimento entre eles, demonstrando certa consciência conciliar. A votação vai acontecer em 16 de outubro, mas as conferências episcopais fizeram  uma lista de sugestões onde solicitam que não se renove a mesma comissão preparatória, mas que sejam formadas por novos membros. O papa dispôs que o primeiro esquema discutido no concílio fosse o da liturgia. Neste concílio houve quatro fases:
            1ª fase: 11/10/1962 a 08/12/1962.
            2ª fase: 29/09/1963 a 04/12/1963.
            3ª fase: 14/09/1964 a 21/11/1964.
            4ª fase: 14/09/1965 a 08/12/1965.
            O primeiro documento vai ser o da liturgia, existia uma pequena minoria que não aceitava as questões propostas, em particular a língua vulgar, por causa disso, o texto não vai ser aprovado na primeira fase. Em 14 de novembro começaram a debater o esquema chamado “as fontes da revelação”; só o nome já causou problemas, pois muitos no diálogo ecumênico rejeitavam o nome “as fontes”; vai receber críticas radicais, se recusavam a colocar no mesmo nível a palavra de Deus e a tradição, antes era opinião predominante que ao a palavra de Deus era a fonte primária da revelação. Houve 1381 votos contra e 822 a favor. O papa vai pedir que o documento seja reelaborado pó uma comissão mista formada por membros da mesma comissão teológica, mas também do secretariado para a unidade, começa a tirar a hegemonia da cúria sob os trabalhos conciliares. Vão até 20 de novembro as discussões sobre o assunto. Em 23 de novembro, o concílio entra na última fase do primeiro período. São colocados dois outros esquemas: meios de comunicação social e unidade da Igreja. O esquema sobre a unidade da Igreja não estava bem elaborado e se decidiu retornar a fazer uma comissão mista para trabalhar a questão. No mesmo dia é distribuído o esquema mais esperado, sobre a Igreja, que na opinião de muitas pessoas deveria reequilibrar as dimensões do Vaticano I; o esquema sobre a Igreja vai gerar o documento chamado “Lumen Gentium”. A essa altura já é possível perceber um grande crescimento pos parte dos bispos naquilo que teriam que fazer um nível elevado da compreensão do que verdadeiramente era o concílio. As seis últimas congregações gerais do concílio foram dedicadas ao exame do esquema “De ecclesia”. Embora o esquema fosse considerado uns dos melhores dentre os aprovados pela comissão teológica, levantaram-se grandes objeções não só em relação a sua redação, mas também a linha eclesiástica que o inspirava.
            O concílio concluía a primeira fase numa situação de instabilidade; nenhum dos esquemas examinados havia concluído seu item. Excetuando-se o projeto sobre a reforma litúrgica, nada do que tinha sido preparado previamente, obtivera consenso. Os documentos mais debatidos serão: Sacrosanctum Concilium (sobre a liturgia); Lumen Gentium (sobre a Igreja); Dignitatis humanae (liberdade religiosa); e Gaudium et spes (Igreja e mundo).
            Na vigília de suspensão do concílio foi distribuído aos padres um fascículo no qual as várias dezenas de esquemas preparatórios eram sistematizados em vinte assuntos. No dia 11 de abril de 1963 foi publicada, mesmo com o estado de saúde do papa, a encíclica “Pacem in teris”; dia 03 de junho de 1963, dia de Pentecostes morre João XXIII.
            Paulo VI vai ser eleito papa em 21 de Junho de 1963 e a parte mais importante do seu pontificado será dar continuação ao concílio em andamento, para o qual dirigi-se os olhares de todos os homens de boa vontade. No dia 27 de junho, o secretário do Estado anunciou que o papa havia determinado não só a continuação do concílio, mas fixado para o dia 29 de setembro a retomada dos trabalhos, que ficaram assim adiados apenas por duas semanas, que tinha sido a duração da vacância da sede de Pedro.

            d) Giovvanni Battista Montini

            Nasceu em 26 de setembro de 1897 em Concesio; em 1916 entra no seminário, sendo ordenado em 29 de maio de 1920. Em 1923 começa a trabalhar como diplomata em Varsóvia (Polônia); via ser nomeado no mesmo ano assistente eclesiástico da Federação Universitária Católica Italiana. Em 1924 começa a trabalhar na secretaria do Estado até ir para Milão. Em 1925 se torna assistente nacional da FUCI; em 1933 sai da federação. Em 1937 vai ser substituído da secretaria do Estado. Em 12 de dezembro de 1954 foi consagrado bispo, sendo arcebispo de Milão; em 15 de dezembro de 1959 foi escolhido cardeal por João XXIII. No dia 21 de junho de 1963, depois de cinco escrutinhos do conclave que durou três dias, foi eleito papa com o nome de Paulo VI. Morreu em 06 de agosto de 1978. Quando foi escolhido, falou que seu plano era dar seguimento ao concílio, transfere a data da segunda fase que deveria começar duas semanas antes, para o dia 29 de setembro de 1963. Quando inaugurou o segundo período, Paulo VI lembrou quatro objetivos do concílio: a exposição da teologia da Igreja, a sua renovação interior, a promoção da unidade dos cristãos e o diálogo com o mundo contemporâneo. Em outubro de 1963 só deu início a discussão sobre o esquema da “De Ecclesia” que já vinha sendo discutida deste a primeira fase. Superada a crise sobre a “De Ecclesia”, começa em novembro a discussão sobre o esquema relativo ao ofício e aos poderes dos bispos. Em 18 de dezembro de 1963 começa a discussão sobre o ecumenismo; na parte que tratava dos judeus e da ordem religiosa, foi bastante contestada. Em 04 de dezembro temos a aprovação da “Sacrosanctum Concilium” e do decreto “Inter Mirifica” (meios de comunicação social).
            No discurso de encerramento da segunda fase, Paulo VI sublinhou os resultados  conseguidos e o grande trabalho ainda por fazer, advertiu contra impaciência e iniciativas arbitrárias na aplicação da reforma litúrgica e, enfim, anunciou a própria decisão de realizar uma peregrinação a Jerusalém, durante a qual se encontraria como patriarca de Constantinopla,Atenágoras. A terceira fase teve início em 14 de setembro de 1964, temos ai uma nova participação de observadores (do patriarcado de Constantinopla e das Igrejas nestorianas); começam o trabalho sobre outros documentos já discutidos anteriormente: De Ecclesia, De cecumenismo e De episcoporum munere, e sobre outros três: Revelação, Apostolado dos leigos e Igreja no Mundo Contemporâneo. Em 21 de novembro de 1964 a Lumen Gentium foi aprovada. Os outros documentos não tiveram tanto problema como a Lumen Gentium e Dignitatis Humanae. O Vaticano II é algo de grande importância para a História da Igreja Contemporânea.




[1] Todo esse material foi enviado aos bispos um mês antes do seu início.

PIO XI E PIO XII

O papa Pio XI

Achille Ratti nasceu em 31/05/1857 em Desio, Norte da Itália. Entrou no seminário em 1867 com 10 anos; ordenou-se diácono em 1879. Bastante apto para as disciplinas exatas ficou com dificuldades de escolha, porém decidiu-se por fazer Teologia e foi a Roma onde foi ordenado sacerdote em 20/12/1879. Em 1882 formou-se em três faculdades: Teologia, Direito Canônico e Filosofia. Depois voltou para Milão onde foi pároco e professor de Dogmática no seminário; publica também alguns escritos. Era dedicado ao alpinismo (esporte comum entre os Italianos).
Em 1888 faz pedido para ser bibliotecário na Ambrosiana (1888-1914). Nesse período tem uma atividade cientifica em três temas: A História da Igreja de Milão (período de São Carlos Borromeu); Argumentos de Bibliografia; Assuntos de arte e Literatura. Em 1907 foi ser prefeito da Biblioteca. Em 1911 foi convidado para trabalhar na Biblioteca Vaticana. Em 1914 se torna prefeito da Biblioteca Vaticana deixando definitivamente Milão. Em 1919 passa a ter alguns encargos diplomáticos e foi ser vigário apostólico em países que se tornaram independentes: Romênia, Lituânia e Letônia; no mesmo ano se torna núncio e bispo. Em 1921 arcebispo de milão. Em 13 de junho se torna cardeal.
Em 22/01/1922 Bento XV morre. No Conclave existiam dois grupos: o de Merry Del Val (grupo tradicional) que eram aqueles que seguiam a linha de Pio X, e o grupo de Pietro Gasparri (grupo aberto) que seguiam a linha de Bento XV. Em 06/02/1922 depois de 14 escrutínios escolheram Pio XI.
Pio XI morre em 10 de fevereiro de 1939, um dia antes de completar os 10 anos dos Pactos de Latrão. Vai ser o papa do período da ascensão do Nazismo e do Fascismo. A guerra inicia em setembro.

e)    O papa Pio XII

Eugênio Pacceli nasceu em 02/03/1876 em Roma. Em 1894 decidiu entrar no seminário. Em 1899 se formou em Teologia e Direito Canônico. Em 1901 foi trabalhar como aprendiz na Secretária de Estado (Congregação para os Negócios Eclesiásticos Extraordinários)[1]; trabalha até 1917 e depois se torna Núncio em Mônaco da Baviera, depois bispo em 13 de maio de 1917. Em 1920 foi ser núncio na República Alemã. Em 16/12/1929 se torna cardeal. Em 1930 Secretário de Estado de Pio XI.
O conclave se reuniu em 01 de março de 1939 e em 02 de março depois de 3 escrutínios  foi eleito papa.
Pio XII morre em 10 de outubro de 1958.
Pio XII optou por um posicionamento diferente de seu antecessor: tenta criar um clima de diálogo. Manda mensagens para Hitler comunicando sua eleição e opta por não lê o discurso preparado por Pio XI antes da morte.
Hitler decide invadir a Polônia  em 01 de setembro de 1939 (início da guerra); dois dias depois Reino Unido e França declararam guerra a Alemanha.
Quando inicia a guerra a preocupação de Pio XII é a paz, e tenta impedir a Itália que entre na guerra, para isso visita o rei tentando convencê-lo a não participar. Não surtirão efeitos os pedidos do papa e em 10 de junho de 1940 a Itália entra na guerra. Em 10 de maio deste ano Hitler já tinha ocupado a Holanda, Bélgica e Luxemburgo. Pio XII ainda escreve telegramas aos chefes de Estado dessas nações e se coloca solidário a estas ocorrências. Depois dos fracassos de seu pedidos resolve silenciar. Porém não deixa de lado as assistências de caridade nos diversos países aos prisioneiros de guerra.
Roma foi bombardeada em 1943 por duas vezes, e Pio XII se fez presente nos locais bombardeados se solidarizando com as vítimas.




[1] É um tipo de Ministérios de Relações Exteriores.

A IGREJA E A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

A IGREJA E A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

O Tratado de Versalhes (28-06-1919): A única culpada foi à Alemanha. Terá que pagar pelo que fez; pagar uma grande quantia aos países vencedores; parar com a fabricação de armas; pagar carvões. Surge um clima de desemprego e inflação alta na Alemanha.

a) O Fascismo

É uma forma de autoritarismo do século XX que pretende que a existência nacional e individual seja regulada de acordo com as idéias do conservadorismo extremo e na total subordinação ao Estado e uma lealdade incondicional ao seu líder.
A primeira vez que se ouviu falar em Fascismo foi em 1919 na Itália. Fascismo vem da palavra: Fascio que era o antigo símbolo romano do poder. É um feixe de varas atadas por um eixo que de um lado representa a unidade cívica e de outro lado a autoridade, os oficiais romanos que castigavam os delinqüentes.
Mussolini começa no partido socialista e depois, por causa dos eu nacionalismo foi expulso do partido e funda o seu movimento. Em 1922 fez uma marcha em Roma mostrando o seu poderio, fazendo com que o Rei Vitório Emanuel III lhe conceda o cargo de primeiro Ministro; vai ter plenos poderes. Num primeiro momento aceita a existência do parlamento que vai existir até 1924. O governo se torna uma ditadura e quem organiza o Estado é Mussolini. Uma das características do fascismo é trabalhar a educação e as mentes.

b) O Nazismo

O nazismo surge em 1920, é um grupo que deriva do partido social alemão dos trabalhadores, mas conhecido como Partido Nazista. Muito parecido com o fascismo em questão do autoritarismo, mas tem algo próprio dos alemães que é o racismo - idéia de que os povos do Norte seriam descendentes de arianos, um povo mais puro, sendo cívico e culturalmente superiores.
Adolf Hitler nasceu na Áustria, era católico, tenta viver como pintor, foi para a Alemanha e se alistou para a Primeira Guerra Mundial. Terminada a guerra, entra para esse grupo; atrai para junto de si um grupo de pessoas cada vez maior. Esse grupo (Partido Nacional Socialista), além do autoritarismo vai criticar fortemente o bolchevismo, pois segundo eles é uma conspiração dos judeus (Comunismo Internacional). Vão começar a acusar que o culpado da situação da decadência da Alemanha são os bancos internacionais que estão nas mãos dos judeus (Capitalismo Internacional). Em 1923 Hitler tenta um golpe de Estado, vai ser preso e condenado a cinco anos de prisão, porém, só permaneceu preso nove meses. Durante esse período na prisão vai escrever o seu livro que será o seu programa de vida: “Minha Luta”. Quando Hitler sai da prisão, a Alemanha já está no auge dos problemas, conseqüência do Tratado de Versalhes. Houve eleições em 1932 na Alemanha e o Partido Nazista se deu bem, mas não foi o melhor; era necessário fazer um governo de colisão e Hitler não aceitou. Teve de se fazer uma nova eleição e o partido de Hitler saiu na frente. Hitler foi nomeado chanceler no dia 30 de janeiro de 1933 pelo presidente, pois era o líder do partido vencedor na eleição. Com a morte do presidente em 1934, Hitler se auto denominou presidente. Os nazistas tinham esquadrões para cometer violências e acusar outros grupos.

c) Ascensão de Hitler

Em 30 de janeiro de 1933 chega ao poder porque prometeu solucionar todos os problemas da Alemanha provenientes do Tratado de Versalhes que deixou a Alemanha em ruim situação econômica; prometeu colocar ordem no Estado Alemão. A idéia de tentar reerguer a Alemanha da humilhação.
Quando o Nazismo chega ao poder Hitler tinha três objetivos:
1- Salvar a integridade da raça alemã: Está dentro a questão do anti-semitismo[1] ; também não podia ter deficientes mentais, estes deveriam ser eliminados.
2- Realçar a Alemanha no âmbito mundial. O exército demonstra a potencialidade de uma nação. Em seis anos Hitler conseguiu criar um grande exército com armamentos.
3- União de todos os alemães em torno de um único guia: Hitler. E sob grande disciplina.
Por que o povão aderiu ao Nazismo?  Naquela época o apoio foi unânime pelo discurso carismático, poder de persuasão; o regime de terror; a propaganda feita por Goebbels[2].
Quando Hitler chegou ao poder fez a legislação sobre a “Raça Pura” (30 de março; 7 de abril e 14 de julho). Impossibilitava aos judeus de se casar, trabalhar e estudar em escolas publicas. Limitava a vida dos judeus.
Em 16 de julho de 1933 foi assinada a concordata com a Santa Sé, isto é, como a Igreja deverá atuar no Estado Alemão. Assim como houve críticas com a concordata com Mussolini aqui também o Estado é contrário aos princípios cristãos. Foi assinada porque era o único jeito de manter viva a Igreja na Alemanha.
Havia na Alemanha o Partido do Centro que era de inspiração católica, o secretário era um padre que teve de ir embora da Alemanha.
Em 30 de julho de 1934 houve a “Purga Cruenta” do partido Nazista (daqueles membros que facilitaram a chegada de Hitler no poder através da violência) ala radical do Nazismo.
Entre 1935-1938 acontece o rearmamento, cada vez mais os judeus tiveram dificuldades. Nesse período na Alemanha se solucionava a questão do desemprego; o crescimento econômico se deu. Em 21 de março de 1937, Pio XI publica um documento importante: “Mit Bennender Sorge” foi enviada por vias secretas para que o Estado Alemão não soubesse antes; foi recomendada para ser lida por todos os fiéis. Pio XI se colocava abertamente contra o Nazismo:
- Denuncia a opressão;
- Reafirma a fé criticando a idolatria pessoal e do Estado;
- Condena o culto a personalidade;
- Fala da fidelidade a Igreja;
- Reafirma o direito natural;
- Exorta a juventude alemã a que não traia a fidelidade a Deus.
No documento escrito em alemão, Pio XI coloca bastante clara as suas opiniões.
Em 12 de março de 1938 a Áustria foi ocupada e se dá a anexação[3]. Esta ocupação não foi vista com maus olhos.
O arcebispo de Viena chamado Innitzer rendeu homenagem a Hitler. No dia 11 de março houve uma declaração coletiva do episcopado Austríaco exaltando sem nenhuma reserva o nazismo. No dia 1° de abril o L’Ossevatório Romano declara que os bispos agiram sem consultar a Santa Sé. O cardeal Innitzer vai a Roma; Pio XI se recusa a recebê-lo e Eugênio Pacelli (até então secretário de Estado) obriga que o arcebispo assine uma declaração limitando as suas afirmações feitas em Viena. Essa declaração vai ser publicada no L’Ossevatório Romano e só depois Pio XI o recebe.
Em 13 de abril de 1938 a Congregação de Estudos envia aos decanos das universidades católicas uma lista de teses nazistas, convidando aos professores a confutarem essas listas, em particular a legitimação dos deficientes mentais.
Em maio de 1938 Hitler faz uma visita a Roma o que significa a sua aproximação a Mussolini. Neste período de visita Pio XI decide se retirar de Roma. No discurso em Castelo Gandolfo se lamenta em está em Roma uma cruz que não é a cruz de Cristo. O L’Ossevatório Romano vai dizer que o papa não estava naquele período em Roma porque o ar não fazia bem. Em 06 de setembro Pio XI se pronunciou: “Em Cristo somos todos descendentes de Abraão. O anti-semitismo para um cristão é inadmissível. Espiritualmente somos todos semitas”.
Em setembro de 1938 Hitler manifesta a intenção de ocupar a Tchecoslováquia e a Polônia. Ao manifestar essa intenção a França e a Inglaterra não estão preparadas para enfrentar a guerra, portanto assinam um acordo de paz. Nesse período já havia o interesse por parte de alguns militares de aplicar o golpe em Hitler.
Em outubro de 1938 Mussolini aplicou as leis nazistas (relacionadas aos judeus) na Itália.
Em novembro de 1938 acontece a noite dos “Kristallnachi”, noite em que os nazistas foram ao bairro judeu e quebraram todas as vidraças das ljas dos judeus.
Em fevereiro de 1939 Pio XI morre e temos a chegada de Eugênio Pacceli (Pio XII).
A II Guerra acontece no período em que Pio XII está no papado. 




[1] Os judeus eram como ainda são os donos de grandes bancos, e alguns eram também comunistas. Os alemães imaginavam que estes se organizavam num complô internacional contra eles, e que boa parte da crise que a Alemanha sofria, os judeus eram culpados.
[2] Marqueteiro de Hitter.
[3] ANSCHLUSS- Grande Alemanha.

A EXPANSÃO DAS MISSÕES CATÓLICAS NA ÁFRICA E NA ÁSIA

A EXPANSÃO DAS MISSÕES CATÓLICAS NA ÁFRICA E NA ÁSIA

Já existia um trabalho missionário na Ásia pelos jesuítas no século XVI e também pelos Dominicanos e Franciscanos. Na África não existia o cristianismo.
Começa a partir da segunda metade do século XIX o reflorescer do trabalho missionário na Ásia. Depois a chegada dos católicos na África. O problema que vai acontecer é que o trabalho começa quando estas regiões estão ocupadas pelos países europeus; junto com os países iam os missionários que às vezes davam mais valor a pátria terrestre do que a pátria celeste; dando a entender que se converter ao cristianismo era se submeter a metrópole que domina.
 Na Ásia:
O Japão não queria abrir o comércio. Foi dado a liberdade de culto para os estrangeiros que habitavam no Japão.
Na Ásia Oriental tem uma tendência em não aceitar as coisas que vem do Ocidente. Houve uma perseguição aos católicos que finalizou com 2 mil mártires.
No Vietnã encontra um catolicismo caminhando em 1833, mas com perseguições.
Na Coréia – Foi dominada, ora, pela China, ora, pelo Japão. O primeiro sacerdote chegou em 1784 e encontrou 4 mil católicos.
Nas Filipinas o catolicismo era bem forte.
A Índia antes era cristã nestoriana e se mantiveram cristãos numa perspectiva Oriental. Alguns aceitaram a evangelização outros não.
Na África:
Começou a existirem escritos bem românticos sobre as missões. Os escritos demonstravam somente o lado positivo, e isso facilitou para conquistar benefícios econômicos. Porém, não citaram as dificuldades, as doenças.
Sudão – um trabalho complicado.
Em 1846 criam um fundo Vicariato Apostólico da África Central. Da Guiné até ao Rio Nilo. Do Saara até os montes da Lua.
Etiópia – Era cristã monofisista. Era dividida e não aceitava que em Cristo existia duas naturezas, a humana e divina. O bispo monofisista era nomeado pelo imperador.
         As expedições:
Ø   Primeira: Em 1848 chegou em Cartum.
Ø   Segunda: Consegue uma boa colaboração da Austrália. Conseguem missionários e um barco. Funda uma estação em Cartum.
Ø   Terceira: Feita por Daniel Cabone. Fundador dos Cambonianos.
Ø   Quarta: Em 1862 vão 58 franciscanos de novo a Cartum e morreram a maioria.
Ø   Quinta: Em 1867. Cabone funda o seminário para a missão da África. Fundou um colégio no Cairo. Em 1873 chega como o pró-vigário e morre em 1881.

a) A Carta Apostólica “Maximum Illud” do papa Bento XV sobre as Missões

Bento XV no documento de 30/11/1919 sobre as missões, apresenta os 5 pontos de vista:
1° Condena o feudalismo territorial - É quando inicialmente um território foi dado a uma congregação e esta não permite que outras exerçam atividades;
2° Necessidade de uma sincera colaboração entre as missões;
3° Urgência absoluta de formar um clero autóctone que um dia possa assumir a própria Igreja local;
4° Condena o nacionalismo exacerbado dos missionários. “Seria deplorável se existisse missionários que esquecendo a sua dignidade pensassem mais na sua pátria terrestre que aquela suprema, e estivesse mais preocupados em vê...” Esta seria a pior chaga do apostolado que paralisaria na missão o zelo pelas almas e diminuiria junto aos indígenas qualquer autoridade. “Os indígenas se dão conta se existe outros interesses além do seu bem espiritual”;
5° Que os missionários saibam a língua do lugar.






O PAPA BENTO XV E A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

O PAPA BENTO XV E A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

a) O Papa Bento XV

Giacomo Della Chiesa nasceu em Genova, 1854. É proveniente de uma família nobre. Quando criança teve dificuldade de saúde. Estudou em casa, depois no seminário, porém, morava em casa. No seminário é atraído pelo sacerdócio. Todavia, seu pai não permitiu que entrasse no seminário antes que se formasse. Fez Direito, depois de formado seu pai concedeu a permissão para entrar no seminário. Foi para Roma estudar direito eclesiástico na Academia dos Nobres Eclesiásticos.
Ao terminar os estudos e ordenado sacerdote foi trabalhar na cúria e lá conhece o cardeal Mariano Rampolla del Tindara (secretário de Leão XIII) que era candidato favorável ao papado. De 1883-1887 Mariano vai como Núncio para a Espanha e Giocomo o acompanha para trabalhar na Nunciatura. Quando Mariano retorna para Roma ele também volta e fica na Cúria até se tornar substituto Secretário de Estado de 1901-1907. Merry Del Val fica como Secretário de Estado e Giocomo não se dando bem com ele é mandado para Bolonha, Itália onde é bispo e depois arcebispo. Em maio de 1914, Giacomo tornou-se cardeal.
Com a morte de Pio X em 20 de julho de 1914; em 03 de setembro de 1914 eleito Papa Giacomo escolheu o nome de Bento XV em homenagem de seu predecessor que foi bispo de Bolonha. Quando se tornou Papa já tinha iniciado a Primeira Guerra Mundial.
Bento XV (1914-1922) não continuou as mudanças de Pio X.



b) Primeira Guerra Mundial

Desde 1870, quando a Rússia vence a França. Surge o Império Austro-húngaro.
Existia uma série de problemas em relação aos países europeus; conseqüências do Congresso de Viena em 1915. A partir de 1948 houve uma má interpretação do nacionalismo exacerbado. No século XX esse nacionalismo tinha se tornado um culto idolátrico a pátria. O nacionalismo exacerbado vai fazer com que a guerra aconteça. O imperador da época se chama Francisco José; seu filho cometeu suicido deixando-o sem descendente. Passou a ser descendente seu sobrinho Francisco Ferdinando que foi morto em 28 de junho de 1914 por um estudante Sérvio que fazia parte de um movimento ultranacionalista. A Áustria fez uma série de pressões para que a Sérvia cedesse algumas coisas. Não sendo atendida pela Sérvia, a Áustria resolveu declarar guerra em 28 de julho de 1914. Os Sérvios receberam apoio dos Russos que declararam guerra a Áustria, e a Alemanha apoiou a Áustria. Nessa exacerbação dos nacionalistas existiam acordos entre as nações. Um se chamava Tríplice Aliança, formada entre a Alemanha, Áustria e Itália, e Tríplice Entente formada entre a Grã-Bretanha, França e Rússia (alianças antes da guerra).
Depois da guerra temos dois grupos:
1°) Potências Centrais: Alemanha, Áustria, Turquia e Bulgária;
2°) Aliados: Rússia, França, Grã-Bretanha, Itália e Estados Unidos da América.
O ponto inicial da guerra foi o assassinato do sobrinho do imperador Francisco José. Nesta guerra foram usadas pela primeira vez muitas armas como, o aviões, tanques, etc. Os católicos de cada nação afirmavam que era uma guerra boa e necessária e se achavam protegidos por Deus e Nossa Senhora para atacar o inimigo.
Pio X a única vez que falou da guerra foi para pedir aos povos orações. A Santa Sé sempre se colocou numa postura de neutralidade; Bento XV toma uma postura diferente e se posiciona dentro da guerra. Em 1915 ele protesta contra a invasão Bélgica. Fala de um modo geral para não ser mal interpretado. Ele quer condenar a guerra como tal. Em 04 de março de 1916 num documento fala que a guerra é um suicídio para a sociedade e uma loucura. Em 04 de dezembro diz que “a guerra é a pior tragédia da loucura humana”. Por fim, publica em 1917 um documento que é a proposta para se chegar à paz: “Nota de primeiro de Agosto”. Ele relembra os três objetivos do início do seu Pontificado:
1°) Perfeita imparcialidade com relação aos beligerantes (os que brigavam);
2°) O esforço contínuo de fazer a todos o maior bem possível[1];
3°) O esforço para apressar o fim desta calamidade.
O papa quer uma paz estável e digna para todos. Suas sugestões são:
→ Diminuição dos armamentos das várias nações;
→ Instituição de um arbitrato internacional para tratar das questões fronteiriças;
→ Liberdade dos mares;
→ Perdão recíproco dos danos e gastos de guerra;
→ Recíproca restituição dos territórios ocupados. Quer que a Alemanha saia da Bélgica; restituição das colônias alemãs para a Alemanha (foram divididas entre os Aliados);
 → Solução de outras questões territoriais, tendo em conta as aspirações dos povos locais (fala dos problemas entre Áustria e Itália, Alemanha e França, problema da Armênia, questão dos Bálcãs e do antigo Reino da Polônia).
Bento XV tenta propor uma saída equilibrada. No final ele usa essa frase: “A guerra é uma inútil tragédia”. Essas sugestões foram enviadas aos chefes de Estado. A Rússia, a França e a Itália não responderam; A Inglaterra subordinou qualquer resposta a precisas declarações sobre a Bélgica; os Estados Unidos diz que é impossível um tratado de paz.
O papa colocou-se aberto contra a guerra. Por isso, foi muito criticado pelos seus contemporâneos. Por que todos os católicos da época eram favoráveis à guerra.  A sua iniciativa foi ignorada, ou seja, não foram seguidas. Mas essa nota foi um ato de coragem. Ele viveu a solidão do poder.
A guerra vai continuar; no mesmo ano de 1917 temos a Revolução na Rússia tirando o poder do imperador e dando início ao Comunismo. Na Alemanha vão começar várias insatisfações do imperador e em 1918 cai a monarquia. Na Áustria o imperador Carlos I abdicou. Na Turquia também caiu o governo e um dos militares deu início a República Turca. A Alemanha vai assinar o anistício em 11 de novembro de 1918. Em 1919 se deu início as conferências de Paris para se chegar ao tratado da paz. O Tratado de Versalhes vai ser assinado em 28 de junho de 1919- causa da Segunda Guerra Mundial; (a Alemanha não assinou). A Alemanha entra numa crise econômica, também causa da Segunda Guerra.



[1] Refere-se ao trabalho assistencial promovido pela Santa Sé aos prisioneiros.

O PAPA PIO X E AS SUAS REFORMAS

O PAPA PIO X E AS SUAS REFORMAS

7.1) VIDA DE PIO X

 Foi Papa de 4/8/1903 a 20/8/1914. Seu Pontificado foi considerado um dos mais controversos do papado moderno. Ele assumiu uma postura crítica negativa em relação aos governos democráticos modernos e fez uma campanha às vezes cruel e destrutiva contra teólogos, biblistas e historiadores católicos considerados modernistas, da qual a Igreja só começou a recuperar no Concílio Vaticano II (1962-1965).
Giuseppe Melchiorre Sarto, era filho de um carteiro e uma costureira entrou no Seminário de Pádua em 13/11/1950; ordenou-se sacerdote em 1858 e trabalhou 8 anos como cura na zona rural em Tombolo e a partir de 1867 outros nove como pároco em Salzano. Em 1876 foi nomeado chanceler de sua Diocese natal: Treviso e diretor espiritual de seu principal Seminário. Em 1884 foi nomeado Bispo de Mântua, uma diocese arruinada, que logo ele revitalizou. Em 1893, foi nomeado Patriarca de Veneza, mas devido aos tramites só assume em 24 de novembro de 1894; depois se tornou Cardeal. Morre em 20/08/1914.
Em julho de 1903 com a morte de Leão XIII, o Cardeal Sarto foi eleito papa em 4 de agosto, embora o favorito no Conclave fosse o cardeal Mariano Rampolla de Tindaro. Nos escrutínios do conclave estava praticamente certo de que Rampolla seria o novo papa, até que o arcebispo de Cracóvia, o cardeal Puzyna de Kozielsko, proclamou solenemente o veto do imperador Austro-húngaro, Francisco José, contra a candidatura de Rampolla. O cardeal Sarto foi eleito papa e adotou o nome de Pio X e foi coroado em 9 de agosto. No ano seguinte, em janeiro, decretou que dali em diante, estava proibido os vetos imperiais.
O novo papa começou o pontificado nomeando secretário de Estado similarmente conservador, o cardeal Rafael Merry del Val. Em 1907, fez um decreto “Lamentabili Sane Exitu” (Partida Realmente Lamentável), onde foram condenadas 65 proposições modernistas e em 8 de setembro do mesmo ano, publicou Encíclica “Pascendi Dominici Gregis” (Apascentando o Rebanho do Senhor), que definiu o Modernismo como a “síntese de todas as heresias”.
As iniciativas positivas no pontificado de Pio X, foram:
→ Reorganização da Cúria Romana;
→ Revisão do Código de Direito Canônico;
→ Reforma de Seminários e seus Currículos;
→ Aperfeiçoamento da instrução catequética;
→ Fundação do Pontifício Instituto Bíblico em 1909.

7.2) AS REFORMAS

a) O Código de Direito Canônico

Napoleão tinha exercido uma forte e duradoura influência na formação do Código de Leis da Europa (29 de janeiro de 1804). Desde então muitas normas de vários Estados tinham se inspirado nas de Napoleão. Foi-se percebendo uma necessidade de juntá-las numa coleção clara, sistemática, breve, completa, de indiscutível autoridade, ao menos no mundo latino e alemão. Numa palavra, iniciava-se a formação “de Códigos” legislativos. Depois do século XIV não tinha sido publicado nenhuma coleção completa e oficial de leis eclesiásticas. A legislação ficava assim desordenada, obscura, com lacunas, repetições e disposições não mais em rigor, mas que jamais tinham sido oficialmente anuladas. A legislação matrimonial então era um verdadeiro caos. Assim, normas obrigatórias em Paris não o eram em Londres. Ex.: Um matrimônio clandestino, ou seja, celebrado sem testemunhas, somente com trocas de consentimento entre as duas partes era inválido em Paris, mas válido em Londres.
Depois da anulação e da condenação de qualquer intervenção de autoridades civis na eleição do papa (o veto); no dia 19 de março do mesmo ano, com um “Motu Próprio Arduum Sane Múnus”, o papa expunha à necessidade de ordenar de modo claro e sistemático as diversas leis da Igreja, instituindo uma comissão cardinalícia especial.
O professor de Direito Canônico Pietro Gasparri no ano de 1903 convence ao papa Pio X organizar a Legislação da Igreja. Concordando o papa escolhe o próprio Gasparri para iniciar os trabalhos. A iniciativa foi primeiramente vista com certo ceticismo. Os mais benévolos pensavam que seriam necessários uns 25 anos, outros julgavam que tudo não passaria de um belo projeto, como a reforma do breviário, em que se falava desde o tempo de Baronio. Sim, por ocasião da morte de Pio X, onze anos mais tarde, o essencial estava já redigido. O mérito é da capacidade organizadora de Gasparri e do incansável trabalho dele e dos juristas ao seu redor. Duas comissões[1] trabalhavam contemporaneamente reunindo-se cada uma delas uma vez por semana, de novembro a julho do ano seguinte, mesmo na semana da páscoa. Os esquemas assim elaborados eram examinados individualmente por 25 consultores.
E em conformidade com o voto expresso no “Arduum Sane Múnus”, os bispos foram logo convidados a expressar seu parecer dentro de quatro meses; uma nova consulta aconteceu em 1912 e em 1914. O Código foi bem aceito pelo Episcopado. Com a morte de Pio X, já tinha sido comunicado aos Bispos, os livros I, II, III e IV. Três meses depois era transmitido o livro V. A revisão final ocupou outros dois anos. O Código foi promulgado por Benedito XV na festa de Pentecostes em 27 de maio de 1917 e entrou em vigor no ano seguinte. Esse código considerava somente a Igreja Latina, não as várias Igrejas Orientais unidas a Roma. O Código de 1917 favorece a centralização e a uniformidade, aumenta o poder das várias congregações, enquanto se limitam às faculdades dos bispos e, apesar das promessas, percebe-se o perigo de considerar como de nível inferior as Igrejas de Rito Oriental unidas a Roma. O que é grave no Código é o pouco espaço dado ao laicato. Falta uma definição do leigo. Na mente de Gasparri, estão presentes só as associações de leigos. Oietti observa: “não se fala de leigos senão como Associações Pias e Religiosas; ora, os leigos mesmo tomados individualmente têm obrigações e direitos na Igreja.” Segundo Feliciani esta é uma das mais graves lacunas do Código.

b) Reforma na Cúria Romana

Pio X, Chanceler Episcopal, Bispo, depois Patriarca de duas importantes dioceses, tinha uma ampla experiência pastoral e administrativa. Por causa disso, demonstrou logo ser favorável a uma radical reorganização tanto da legislação eclesiástica como do sistema de governo pontifício.
O Papa Sisto V na Bula “Imensa Aeterni” de 22/01/1588, criava 15 congregações. A elas tinham sido acrescentadas depois outras, até atingir um total de 37. Algumas delas eram agora, totalmente inúteis, anacrônicas. Três organismos distintos se ocupavam dos religiosos. O Tribunal da Rota tinha perdido toda a sua importância judiciária e administrativa. A idéia de uma Reforma estava no ar. Os critérios e o primeiro esboço da reforma foram delineados por ele próprio em novembro de 1907. Era preciso abolir os órgãos inúteis e criar outros novos, exigidos pelos tempos. Separar a ordem administrativa da ordem judiciária; estabelecer uma clara competência de cada Dicastério, num só setor com todos os seus problemas.
D. De Lai, secretário da congregação do Concílio, tornou-se secretário da Comissão Especial. Ele redigiu o primeiro esquema da Nova Cúria que, seguido de outros cinco, permaneceu substancialmente intacto na redação definitiva. A “Sapienti Consilio” de 29 de junho de 1908, descrevia clara a nova estrutura: A Secretaria de Estado estava dividida em 3 seções: 1°) Negócios extraordinários; 2°) Negócios ordinários; 3°) Expedição de breves. Foi reduzida as Congregações para 11; Tribunais para 3 e Ofícios para 5.
Foram retirados da Propaganda Fidei todos os territórios que de um modo ou de outro, não podiam ser mais considerados de missões.
A Congregação dos Bispos e Regulares foi transformada: os problemas relativos aos bispos foram confiados à Consistorial, e os que diziam respeito aos religiosos passavam para um novo Dicastério: a Congregação dos Religiosos.
O “Index” ficou separado do Santo Ofício. As Congregações dos Ritos e dos Santos foram reunidas. A Rota, reduzida desde 1870 a um simples Tribunal para as questões litúrgicas, tornava-se um tribunal de apelo. A Assignatura Apostólica se transformava em Supremo Tribunal. A Penitenciária ficava rigorosamente limitada ao foro interno.
Depois de 300 anos, o governo da Igreja começava a mostrar um rosto novo, mais racional e eficiente. Percebia-se que o poder temporal desaparecera para sempre. A Igreja de Cristo se organizava agora somente em vista de sua missão puramente religiosa.
Em 1967, Paulo VI fez a penúltima reforma com o documento “Regimini Ecclesiae Universae”. O Papa João Paulo II fez à última, com a “Pastor Bônus”.

c)    Reforma Catequética

Santo Agostinho já havia feito uma no final do século IV início do V.
Com a Reforma Protestante, Lutero também fez um catecismo expondo a doutrina da nova Igreja. Vendo o bom resultado, os católicos resolveram fazer também. No mundo católico o primeiro foi feito por Pedro Canísio “Parvus Catechesimus Catolicórum”, publicada no século XVI, usado até 1750, com 14 edições; traduzido para o Alemão.
Carlos Borromeu, depois do Concílio de Trento, ficou responsável para elaborar um Catecismo. Convidou quatro cardeais para organizar o “Catechismus ex decretum Concilie Tridentini ad parochos”, mais conhecido como “Catechismus Romanus”, foi traduzido para o Italiano.
Roberto Bellarmino, no fim do século XVI, a pedido de Clemente VIII, fez uma edição maior, mais completa e uma outra menor. Essa teve ±350 edições, e foi usada até o final do século XVIII. É bastante claro e nítido, e por isso, substituiu em muito os anteriores.
No século XVIII um bispo chamado Michelle Casati da diocese de Mondori no Piemonte publica com seu nome um catecismo que é usado até o final do século XIX.
No século XIX, surgia um grande movimento catequético bastante forte, sobretudo nos países de língua alemã. Este propicia congressos sobre catequese e vêem a necessidade de maior uso da Bíblia. No final do século XIX em Roma, surge a Pia Sociedade de São Jerônimo[2], mas não foi bem vista devido ao Modernismo que estava alastrado. Discutia-se também em Roma sobre o Ensino Religioso (espécie de catequese).
Em 1905 foi feito o “Compêndio da Doutrina Cristã” por Pio X. Ainda neste mesmo ano, em 15/04 é publicada a Encíclica “Acerbo Nimis” onde na primeira parte Pio X descreve, com termos bíblicos, a situação de ignorância religiosa das pessoas daquela época, afirma que os responsáveis para remediar essa situação são os sacerdotes e os catequistas leigos.

c.1) O Papa estabeleceu algumas normas
1) Catequese dominical para as crianças e práticas para preparar 1° Comunhão e Crisma;
2) Catequese para adultos;
3) Ressaltou a importância da Homilia Dominical;
4) Criação de Escolas para futuros professores da educação cristã;
5) Fundada em toda paróquia uma Congregação para a Doutrina Cristã.
Pio X tinha um sonho: um catecismo. Em 1912, se criou o Catecismo da Doutrina Cristã, para ser utilizado em toda a Itália. A partir desta data, vão ser iniciados publicações de catecismos didáticos, não tanto catecismo, mas apenas manuais.
Pietro Benedetti e um lasarista chamado Giuseppe D’ Isengard trabalharam tomando por base o CASATI. Depois enviaram o novo catecismo para 46 bispos para que pudessem revisar. O trabalho foi publicado em 18/10/1912.

d) Reforma Eucarística

Tinha-se ainda a visão de que a Eucaristia era para os Santos. Pio X tomando por base a frase onde Arnoud afirma que: “A Eucaristia é um prêmio para os santos”; contrapõe-se dizendo que: “a Eucaristia não é um prêmio para os santos, mas um remédio para a fragilidade humana.”.
Pio X estipulou também a idade de 7 anos para receber a Eucaristia. Os primeiros documentos sobre a Reforma foram:
1) “Sacra Tridentina Synodus” de 22/12/1905 (decreto): Na primeira parte fala sobre a natureza da comunhão: Não está destinada essencialmente a glória de Deus, mas é sobretudo um remédio para a fragilidade humana. Na segunda parte que é histórica fala da prática e da freqüência eucarística na Igreja Primitiva, e relembra que na época do Jancenismo houve o rompimento. E fala das discussões contrárias a prática da comunhão. A terceira e última parte é dispositiva: Existe duas condições necessárias para comunhão cotidiana: estado de graça e a reta intenção. O confessor não pode impedir a comunhão a quem tenha essas disposições.
2) “Quam Singularis” de 8/12/1940 (decreto): Quanto a Idade. Começa com a parte histórica dizendo que na Antiguidade as crianças comungavam no Batismo. Lembra os decretos do IV Lateranense e do Tridentino, e da posição dos Jancenistas. Levanta a questão de quando a criança tem capacidade de distinguir o pão comum do sacramento. Parte prática: que a comunhão e a confissão se tornam obrigatórias a partir dos 7 anos de idade.


 e) A Reforma Litúrgica

Pio X, fez também a reforma no âmbito da liturgia e da música.
Ø   Música: No Motum Próprio “Tra Lê Sollecitudini” de 22/11/1903. Um documento que se tornou a carta magna do movimento litúrgico, publicada na festa de Santa Cecília.
·              A essência da música sacra deve ser santa, artística e universal. O mais próximo possível ao gregoriano autêntico, ou a polifonia.
·              A música moderna pode até ser permitida desde que não possua nada de profano.
·              “A música está a serviço da liturgia e não vice-versa”. O centro da liturgia não é a música. Só o celebrante pode fazer o solo, as mulheres não podem fazer parte do coro. Excluído o uso de piano e de instrumento de percussão.
Ø   Liturgia das horas[3]: Constituição “Divino Aflatue” de 01/11/1911. Redução dos salmos tanto nos domingos quanto nos dias de semana. Inicia-se por motivos pastorais.



[1] Eugênio Pacielle (futuro Pio XII) participou de uma das comissões.

[2] Incentivavam o uso da bíblia.
[3] Constituí na Reforma do Breviário.