domingo, 28 de fevereiro de 2016

MARIA, A MÃE DE JESUS E SEUS IRMÃOS

MARIA, A MÃE DE JESUS E SEUS IRMÃOS


                  O evangelista se mostra muito respeitoso a Maria e aos irmãos de Jesus, mesmo com todas as dificuldades que a tradição tinha trazido.

1. Silêncio no contexto de incredulidade
            Jesus visita seus conterrâneos e eles ficam admirados pela sabedoria que sai de sua boca. Segundo Lucas, eles não fazem referencia nem a Maria, nem aos irmãos, nem à profissão de carpinteiro. No Evangelho de João, num contexto paralelo, os judeus questionam o messianismo de Jesus perguntando: “não é este Jesus, o filho de José, cujo pai e cuja mãe conhecemos? Como pode dizer agora que tem descido do céu?” (Jo 6, 42). É curioso que Marcos, que não conhecia a concepção virginal, ponha na boca dos conterrâneos de Jesus a frase “filho de Maria”, e Lucas que a conhece, a frase “filho de José”. Mateus omite a referência aos parentes (Mt 13, 57); Lucas omite a referência aos parentes e à própria casa. Ele não quer colocar Maria e os irmãos de Jesus num contexto de incredulidade.

2. Elogio da mãe e dos irmãos
                  A cena do encontro de Jesus com seus familiares é modificada por Lucas. A situa no contexto da parábola do semeador. Nessa cena de Lc 8, 19-21, Jesus comenta com elogio que sua mãe e seus irmãos são os que ouvem a Palavra de Deus e as põe em prática. Um sentido semelhante tem a cena na qual Maria é chamada bem-aventurada por ter levado no seio e amamentado Jesus. Neste contexto, Jesus indica que bem-aventurança de Maria consiste em formar parte do grupo dos que ouvem a Palavra de Deus e a guarda.
                  A imagem de Maria durante o ministério de Jesus é sumamente positiva. Luca a situa entre os primeiros discípulos de Jesus que são perseverantes na fé. Santo Agostinho disse que “Maria cumpriu, com toda perfeição, a vontade do Pai, e por isso é mais importante como discípulo que como mãe de Cristo... Por isso, Maria foi bem-aventurada, porque, antes de dar a luz a seu mestre, o levou em seu seio...”.

3. Presença de Maria no Pentecostes na Igreja
                  A esta cena corresponde outra que se encontra no final da primeira parte do livro dos Atos (evangelho). Nela se fala de “uma tal Maria”. Na sua casa estavam muitos congregados e em oração (Lc 12, 12). Essa Maria estava presidindo a comunidade cristã reunida em sua casa. Ela é “mãe” de João, chamado Marcos – o primeiro evangelista. Esta Igreja estava orando pela libertação de Pedro.
                  É interessante este paralelismo entre a cena da comunidade que espera em oração a chegada do Espírito Santo e a comunidade que espera em oração a libertação de Pedro. Em ambas as cenas está Maria, a mãe. Para Lucas, Maria não forma parte de nenhum dos três grupos (apóstolos, mulheres e irmãos de Jesus), mas ela constitui um personagem à parte.


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