As conferencias do episcopado latino-americano do século XX.
Introdução.
Para entendermos com realismo histórico e
com inteira justiça a vida e obra da Igreja latino-americana depois da
independência e, sobretudo no século XX é necessário ter em mente alguns
elementos. Trata – se de um continente que empenhou a viver como hoje, é
multirracial e multicultural. Os três séculos anteriores foram de vida colonial
durante os quais leis, organizações religiosas e estruturas econômicas e
políticas eram importadas das metrópoles: Portugal e Espanha. A Igreja
latino-americana não estava preparada para a transição e tudo devia se resolver
nela mesma.
A Igreja latino-americana, devia aprender a
conviver com toda classe de sistema político, com ideologia importadas que
muitas vezes eram mal assimiladas pelos governos que procurava radicalizar suas
posições em favor de pessoas, de grupos ou até mesmo de programas de governos.
O prestigio do catolicismo e do clero em um meio tradicional e conservador como
o latino-americano, a Igreja estava no vai e vem dos governos que aproximavam
para aproveitar e perseguir a Igreja por que considerava contraria as ideologias
liberais ou socialistas.
Diante de ideologias, revoluções, campos
constitucionais e exigência dos poderes econômicos e políticos mundiais; a
Igreja latino-americana se encontrou pobre em sua pastoral, deficiente na
participação dos leigos e quase desconhecedora de fenômenos explosivos como os
meios de comunicações sociais, a novidade do mundo universitário e a
secularização da vida cotidiana. A obra da Igreja latino-americana foi
realizada em um meio muito difícil.
A Igreja latino-americana foi muito paciente
e encontrou soluções importantes, ela como uma instituição histórica essencial
na vida dos paises e com o seu esforço pela justiça e pela honestidade. Dentro
dessas soluções está a da solidariedade da Igreja latino-americana que se viu
clara no Concílio Plenário de Roma e nas quatro Conferencias gerais do
episcopado do Continente, a Igreja tenha ajudado a analisar os problemas
comuns.
1. Primeira Conferencia geral do episcopado
latino-americano, Rio de Janeiro ( 25 de junho a 4 de agosto de 1955 ), durante
o Pontificado de Pio XII.
1.
Temática da
conferencia:
a)
Visão do
Continente Latino-americano.
b)
Realidade do
catolicismo latino-americano.
c)
Degradação do
sentido cristão.
1.1.
Problema
crucial: A escassez de sacerdotes.
a)
Um continente
católico sem sacerdotes.
b)
Vocações e
seminários.
c)
Causas e
possíveis soluções da escassez das vocações.
1.2.
Os leigos.
a)
Múltiplas
formas de apostolados.
b)
Ação católica
e ação social.
1.3.
A pastoral
especifica.
a)
Missão.
b)
Os Índios.
c)
Os negros.
d)
Educação
católica.
e)
Os meios de
comunicação sociais.
f)
Imigrantes.
g)
Igreja e
cultura.
1.4.
Fatores
diversos.
a)
Laicismo e
maçonaria.
b)
Protestantismo.
c)
Comunismo.
d)
Espiritismo.
1.5.
Constituição
do Celam (Conselho episcopal latino-americano).
Define-se como um órgão de contato e de
colaboração das conferencias episcopais da América latina.
1.6.
Segunda
conferencia geral de Medelin ( 25 de agosto a 6 de setembro de 1968) durante o
Pontificado de Paulo VI.
O documento de trabalho foi preparado pelo
Celam e corrigido e ampliado pelas diversas conferencias episcopais e pela
Santa Sé.
1.6.1.
Temas:
a)
A
interpretação cristã.
b)
A Igreja e a
promoção humana.
c)
A
evangelização.
d)
Pastoral de
massa e de elites.
Nada de instrumentalismo e muito de
humildade e de insistência na pobreza e no compromisso real com os pobres. A
figura de pastor que segue de Medelin é de muitos aspectos, novo, comprometida
com uma Igreja com as características da latino-americana e com a radicalidade
do Evangelho. Por isso se insistiu no só na promoção religiosa, mais também na
promoção humana, de um continente que necessita de transformações rápidas,
profundas e radicais; e na colaboração sincera da Igreja, no campo político,
social e econômico.
1.6.2.
Síntese
doutrinal.
a)
Preocupação
pela justiça.
b)
Revalorização
do testemunho de pobreza, semelhança de Cristo.
c)
Impulso das
comunidades eclesiais de base em comunhão com a Igreja, não uma ideologia nem
anti-hierarquias.
d)
Revalorização
da política como serviço.
e)
Negação de
toda forma de violência, fruto de um abuso de poder, da violação dos direitos
humanos, do terrorismo como um meio de reivindicação social.
f)
Solidariedade
das Igrejas latino-americana com o papa e entre si.
1.7.
Terceira
conferencia geral de Puebra ( 28 de janeiro a 15 de fevereiro de 1979 ).
1.7.1.
Tema da
conferencia.
a)
A
evangelização no presente e no futuro da América latina.
1.8.
Documento
final.
a)
A visão
pastoral da realidade latino-americana: Perspectiva global de nossa historia,
visão sócio-cultural da realidade da América latina, visão da realidade
eclesial, e exigência na tarefa evangelizadora.
b)
Critérios e
realidades da obra evangelizadora: comunhão e participação. Centros de onde se
verifica estas realidades: a família ou comunidades eclesiais de base; a
paróquia, a Igreja particular. Os agentes de comunhão e participação e o
ministério hierárquico da vida consagrada e do laicato. Os meios para
evangelizar são: a liturgia, a oração particular, a piedade popular, o
testemunho, a catequese, a educação católica e os meios de comunicação.
c)
Conteúdo da
evangelização: Jesus Cristo, Igreja, homem. Evangelização na América latina:
anuncio da Boa-Nova e promoção humana. Evangelização de cultura de ideologia e
política.
d)
As opções
preferenciais: os pobres e os jovens. São opções não de exclusão.
Conclusão: A opção da terceira conferencia é
pelo trabalho para que a Igreja latino-americana seja o sacramento de comunhão,
servidora do homem e missionária. O documento de Puebra se articula com o de
Medelin e avança no sentido de encontrar côo causa necessária da libertação, a
comunhão e a participação na vida da Igreja, na evangelização que deve ser
esforço de todos, clero e leigos.
1.8. Quarta conferencia, Santo Domingo ( 12 de outubro a 28 de outubro de
1992 ), durante o Pontificado de João Paulo II.
1.8.1.
Tema.
a)
Nova
evangelização.
b)
Promoção
humana e cultura cristã.
1.9.
Linhas do
documento final de Santo Domingo.
O
documento pretende levar uma palavra de esperança e ser um instrumento eficaz
para uma nova evangelização. Quer apresentar a mensagem de Jesus Cristo, que é
autentico e novo como fundamento da promoção humana e do principio básico de
uma cultura cristã. Uma esperança que se pode concretizar em uma missão nova,
renovada e mais eficaz; evangelização na fidelidade a Jesus Cristo que quer
compartilhar o caminho com os homens ( promoção humana ), quer iluminar com a
Sagrada Escritura o caminho destas culturas ( cultura ), quer infundir um novo
ardor e entusiasmo pela fração do pão; para ir adiante em uma nova
evangelização. São necessárias a reconciliação, a solidariedade, a integração e
a comunhão.
1.1. Jesus Cristo, evangelizador do Pai.
a) A nova evangelização: A Igreja é
convocada à santidade. Comunidades eclesiais vivas e dinâmicas. Unidade do
espírito e diversidade de ministérios e carismas ( ministérios ordenados, vida
consagrada, leigos na Igreja e mundo. Anuncio do Reino a todos os povos. O
compromisso são de todos não existe limites no chamado a evangelizar.
b) A promoção humana: Dimensão privilegiada
da nova evangelização. Há campos específicos ( direitos humanos, ecologia,
pobreza, solidariedade, ordem democrática, a nova ordem econômica e a
integração latino-americana ).
c) A cultura cristã: os valores culturais. A
nova cultura moderna, centrada homem e nos valores de personalização; dimensão
social e convivência absolutização da razão e da tecnologia com autonomia
frente a natureza, a historia e o mesmo Deus. Problemática da cidade de hoje. A
ação educativa da Igreja. A comunicação social e cultural.
1.2. Jesus Cristo, vida e esperança da
América latina e do Caribe.
1.2.1. Linhas pastorais prioritárias.
a). Uma nova evangelização de nossos povos.
b). Uma promoção humana integral.
c). Uma evangelização inculturada.
A mensagem de Jesus Cristo se fará possível
uma recristianização da Igreja latino-americana. A mensagem de Santo Domingo
toca a fundo e permite lutar com esperança por uma reconstrução cristã da
Igreja latino-americana.
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