A ORGANIZAÇÃO DA
IGREJA LATINO-AMERICANA
1-
Organização territorial
Estrutura
tradicional: zonas de espanhóis, criolos e em algumas circunstâncias,
mestiços.
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Arquidiocese ou Sedes metropolitanas
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Dioceses
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Paróquias
Primeiras dioceses: criaram-se
em 15 de novembro de 1504, na ilha espanhola, três dioceses que não se
cristalizaram na prática. São elas:
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BAYUNA (diocese)
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MAGUA (diocese)
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YAGUATA (Arquidiocese Metropolitana)
Ante a concessão do Patronato, o assunto da provisão para as dioceses
anteriores não se resolve. Em 08 de agosto de 1511, pela Bula “Romanus
Pontifex”, o Papa Julio II erige as dioceses de Santo Domingo e Concepción de la Vega (a espanhola) e a de São
João em Porto Rico ,
todas sufragâneas da Arquidiocese de Sevilha.
Primeiras arquidioceses:
em 1545 se criaram arcebispados:
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México
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Santo Domingo
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Limas
Em 1564 se criou o arcebispado de Santa Fé de Bogotá e em 1609 o de La Plata
Chama atenção
à rapidez com que se criaram dioceses na América. Inclusive a primeira
tentativa demonstra mais a compacta predisposição da Santa Sé que a madureza da
determinação.
A Santa Sé se
reservou a faculdade de dividir dioceses, não obstante a contínua solicitude do
reis de ampliar este privilégio aos patronais. Na pratica, procurou-se proceder
de comum acordo e na medida em que a extensão da obra missionária e a
maturidade da comunidade o ia exigindo. Com o fim de favorecer a estruturação
das dioceses, a Santa Sé concedeu aos missionários e aos bispos amplos
privilégios.
2- Paróquias
“De espanhóis”- seguiam o regime
tradicional ( pároco, vigários e cooperadores) e estavam constituídas por
espanhóis, criolos e às vezes mestiços.
“De índios” – tinham esta categoria
quando deixavam de ser missões (depois de 10 A 20 de iniciada a missão). Às vezes o
“doutrineiro” era religioso e o pároco não tinha um benefício perpétuo em
alguns casos. Portanto, nem sempre é claro a passagem de missão a doutrina.
Em todo caso,
os doutrineiros estavam sujeitos ao bisponão os missionários. A exceção era
para os doutrineiros religiosos, em tudo o que não se referia ao cuidado
pastoral. O bispo intervinha na apresentação do doutrineiro secular, o superior
religioso na do doutrineiro religioso. Este foi o inicio do conflito entre os
bispos e religiosos.
3- Evolução
das Doutrinas
Encomendeiros ou autoridade régia- pagavam
o doutrineiro cujo cargo era temporal.
Bispos- nomeiam os doutrineiros que
deve ser pago como antes e com cargo temporal. Depois de Trento a atividade do
pároco e do doutrineiro se enquadra em todas as partes em territórios
determinados, bem delimitados e os titulares terão caráter perpétuo e imovível.
Patronato- ao se tratar de benefícios
perpétuos, aplica-se ao patronato ou seja a apresentação por parte da Coroa dos
candidatos a párocos e doutrineiros.
Reorganização do patronato- A Junta
Magna do Conselhos da Índias (1568) quis finalizar o problema de jurisdição
episcopal frente a exceção.
Os passos
para eleger párocos e doutrineiros eram o seguinte: exame prévio da parte do
bispo, entrega de nomes de pessoas aptas à autoridade secular, esta escolhe,
depois o bispo da a aprovação canônica.
Em 1576 se
modificou o sistema por real cédula: o Rei podia escolher outros candidatos não
apresentados pelo bispo. Na pratica, os bispos protestaram e muitos não
observaram o mandato por considerá-lo lesivo ao mandato tridentino.
No século
XVIII desaparecem as encomendas e as paróquias como benefícios perpétuos,
começam a depender da Coroa. As doutrinas começam a se chamar geralmente
“paróquias de índios”.
4- Dioceses e
Arquidioceses
Diocese: Julio II (20 de novembro de
1504) promulga a Bula “ Illius fulciti praesidio” pela qual cria as primeiras
dioceses americanas e nomeia os primeiros bispos: Frei Garcia de Padilha, Pedro
Suárez de Deza e Afonso Manso.
O mesmo cria
três dioceses sufragâneas de Sevilha em Santo Domingo ,,
Concepición de la Veja
e Porto Rico. Os bispos são os anteriores ditos. Entre eles o primeiro a
chegar na sua diocese foi o licenciado
Alonso Manso, o bispo de Porto Rico. Funcionaram muito rápidas as dioceses de
Santo Domingo e Concepción de la
Vega.
Quantitativamente
o desenvolvimento foi assim:
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1511: 3 dioceses
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1536: 14
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1566: 26
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1620: 34 arcebispados ou bispados
No caso do
Brasil, o primeiro bispado se funda em 1551 (São Salvador-Bahia). O
desenvolvimento episcopal é mais lento, de maneira que, até o século XIX, só
existia no Brasil 1 arcebispado, 6 bispados e 2 prelazias.
Arquidiocese: a constituição dos
arcebispados dependerá do desenvolvimento político e econômico, também da
localização das sedes com respeito à administração e ao desenvolvimento das
missões , doutrinas e cidades.
Arquidioceses na Hispanoamerica:
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Século
XVI: Santo Domingo (1546), México (1546), Lima (1546), Santa fé de Bogotá
(1564)
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Século
XVII: La Plata
(1609)
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Século
XVIII: Quatemala, Quito, Havana Caracas (1803)
Critérios de seleção dos bispos e arcebispo
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Conduta pessoa intacta
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Pureza de sangue
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No século XVI predominou o critério de que
fossem os religiosos para evitar litígios com motivo da exceção
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De origem peninsular
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Juramento de fidelidade ao Rei e respeito ao
patronado
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Rapidez na chegada à diocese
Ação conjunta dos bispos
Os bispos
foram os protetores e guias naturais dos povos espanhóis e indígenas,
procuraram a observância das leis e em algumas ocasiões, lutaram pra que se
abolissem as injustiças de governantes e encomendadores. Foram os expoentes da
Igreja colonial e os religiosos da Igreja missionária. Foram as bases da
estrutura religiosa e dos avanços da Igreja latino americana.
5- Sínodos e
concílios Provinciais.
Na
Recopilação de 1681 a
lei terceira baseada em células reais de 1570, 1591 e 1621, ordenava que os
arcebispos e bispos de América celebrassem Sínodos cada ano. A lei sexta,
mandava que as constituições sinodais foram examinadas para ver se não se
opusessem em nada os direitos patronais da Coroa.
Os Sínodos
tinham por objetivo examinar a situação da Igreja local, promover planos de
ação apostólica, corrigir abusos, opinar sobre os casos concretos de disciplina
sacramental, educação, aprendizagemde línguas indígenas, questões econômicas.
Concílios provinciais
Celebraram-se:
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5 Lima – 1551-1552, 1567-1568, 1582-1583,
1591-1601, 1772.
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4 México-
1555,1565,1585,1771.
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1 Santo Domingo- 1622-1663
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2 Santa Fé de Bogotá – 1625, 1774
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2Charcas – 1629-1774
Foram
aprovados (dupla aprovação regia e pontifícia): I e II do México e o III de
Lima.
Freqüência
Trento
decreto que cada 3 anos se celebrassem Concílios Provinciais.
Pio V
concedeu que no Novo Mundo fossem cada 5 anos
Gregório XIII
ampliou o período para 7 anos pela petição de Santo Turíbio.
A) Concilio de Lima
Primeiro 1551-52- convocado por Mgr
Jerônimo de Loaysa
Temas: unidade da doutrina e
uniformidade na apresentação, organização e dedeicação dos missionários.
Organização das doutrinas. Constituição da Igreja, uso de línguas nativas e
pratica sacramental.
Segundo 1567-68 – convocado por Mgr
Jerônimmo de Loaysa. Época do Concilio de Trento.
Temas: incorporam-se as normas
tridentinas. Revisam as constituições do primeiro em temas de evangelização e
cuidado pastoral dos indígenas. Será mais teológico que o primeiro e o
terceiro, porem menos pastoral que este ultimo.
Terceiro 1582-83 – convocado pelo Santo
bispo Turíbio de Mongrovejo
Temas: reformar abusos e preveni-los
suprimindo as causas e reorganizando a disciplina eclesiástica. Foi
eminentemente pastoral e organizativo. Praticamente aqui neste terceiro definiu
em grande parte, a vida da Igreja na América latina até a independência.
Quarto e quinto 1591- 1601- Santo
Turíbio tratou de realizar Concílios de acordo com a vontade de Gregório XIII
de fossem cada 7 anos. Estes podem ser considerados como não nascidos, apesar
dos esforços do Santo bispo.
B) Concílios do México
Primeiro 1555- convocado por Mgr.
Alonso de Montúfar, sobre o tema missionário.
Temas: necessidade de usar línguas
indígenas, instrução prévia ao batismo, pastoral contra a idolatria, sistema de
reduções e povoados, administração dos sacramentos.
Aprovação
pontifícia (1563) e regia (1564)
Segundo 1565 – convocado por Mgr.
Montúfar, também na ótica a missa.
Temas: reforma dos costumes do clero e
o povo. Solicita o Concilio ao Rei reforço de religiosos e clérigos para
fortalecer a missão.
Terceiro 1585 – convocado por Mgr.
Pedro de Moya e Contreras
Temas: referentes aos religiosos e aos
clérigos. Estuda-se o tema da pregação, a administração sacramental, diversos
aspectos do culto divino. Insiste-se na temática dos primeiros concílios.
Aprovação:
Pontifícia (1589) e régia ( autoriza-se a impressão em 1621)
C) Concílios regalistas
Sexto de Lima (1772) e o Quarto do México
(1771) – convocados não pelos arcebispos respectivos, mas pelo Rei Carlos
III. Esta época está marcada pelo combate antijesuítico e pela afirmação
prática do patronado em um sentido absoluto e universal.
Nem o de Lima
e nem o do México, cuja cabeça estava Mgr. Francisco Antônio de Lorenza,
receberam a aprovação pontifícia.
6- Por que os
bispos latino-americanos não participaram do Concílio de Trento
Primeiramente
não existiam ainda arcebispados, mas somente 6 bispados na zona do México, 7 na
de Santo Domingo e 6 em
Lima. Depois , não aparece a problemática da Igreja da América
latina na temática do Concilio. As
alusões são raras e não diretas.
A Santa Sé
estava informada do Novo Mundo, intervem em seus assuntos, porém, o faz através
do Patronato Régio. A problemática do Concilio é de outra índole: reforma
católica, protestantismo, cruzadas contra os mouros. Este é o panorama de
Trento e esta é a problemática do momento para a Igreja universal.
Houve, no
entanto, dois motivos mais permanentes para não assistência dos bispos
latino-americanos a Trento:
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A longa ausência da diocese
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O sistema do Patronato supunha que os problemas
das dioceses deviam-se tratar através do Rei de seus procuradores.
Depois ainda,
o Conselho das Índias opinou que os bispos na deviam ir ao Concilio e que se
devia solicitar expressa licença do Papa para que os bispos da América não se
fizessem presente em
Trento. As razões apresentadas são: dificuldades da viagem e
longas ausências das dioceses.
Se a Santa Sé
deu a permissão, não consta, os bispos ficaram quietos e não voltaram a
insistir.
7- Os bispos
e a independência
Para
compreender a situação dos bispos da Igreja em geral, na hora da independência,
tem que levar em conta estes fatos:
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Em virtude do Patronato toda a vida da Igreja
dependia do Rei da Espanha. O caso de Portugal é idêntico, porém, os
acontecimentos da independência do Brasil tomaram um rumo distinto e só no final
do século XIX (1891) proclamou-se a Republica em um golpe incruento.
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O juramento de fidelidade dos bispos à Coroa e
na prática, ao regime patronal, criavam um autentico caso de consciência,
quando se tratava de julgar sobre a adesão ou não aos movimentos
independentistas, republicanos e anti-espanhóis.
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Os acontecimentos políticos da península
centrados na invasão napoleônica e as vicissitudes em torno de Fernando VII
foram ocasiões da independência americana e em grande medida, a solução para o
caso de consciência dos bispos.
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