quinta-feira, 10 de março de 2016

A Igreja e a educação na América Latina

A Igreja e a educação na América Latina

Introdução     

            Para melhor compreendermos o fenômeno educativo na América Latina, vale a pena ver a evolução da educação e o surgimento das novas universidades, assim como conhecer um pouco das adaptações às necessidades da parte do mundo.


            1. A educação até o século XII
           
1.1    – Educação básica

Tanto Grécia e Roma a educação básica que recebiam as crianças, e menos as meninas, era ler escrever e contar. Receber uma educação básica era um privilégio e eram escassos os que sabiam ler e escrever bem.
As crianças e adolescentes em alguns lugares recebiam por parte dos clérigos e das mães uma instrução religiosa e mora, seria uma catequese com uma repetição memorística de várias fórmulas. Também orações e mandamentos etc.
Esta formação era para que as crianças e adolescentes adquirissem uma destreza de sua própria condição. Isto dado que havia uma enorme distinção do sexo masculino e feminino enquanto educação e ações sociais.

            1.2 – As 7 artes liberais

            O ingresso nas artes liberais, que eram exercícios intelectuais próprio de homens livres em uma idade de 12 a 14 anos, se dividiam em dois blocos: As três artes da linguagem e as quatro artes da realidade.

            a) As três artes da linguagem (Trivium)
            1- A gramática, para aprender a conhecer e a usar corretamente o idioma;
            2 – A retórica, para adquirir destreza na composição e na expressão oral e escrita;
            3- A dialética, para adquirir as bases do pensamento lógico, do diálogo e das ciências da época.

            b) As quatro artes da realidade (Quatrivium)
            1- Aritmética, manejo dos números, das operações matemáticas e dos cálculos;
            2- Geometria, encontro com o mundo físico e com os princípios sobre tudo enunciado pelo próprio Pitágoras;
            3 – Astronomia, estudo dos astros baseado nos conhecimentos científicos e em contra das caprichosas especulações dos astrólogos.
            4 – Música, arte que coroa o ciclo das quatro artes reais.

            c) As Ciências
            1- Filosofia, o grande salto da filosofia no século XI foi o paulatino redescobrimento de Aristóteles e de sua metodologia que incluiria na escolástica a partir dos séculos XI e XII.
            2 – Teologia, até o século XI reduz a sua função positiva: Escritura e Santos Padres. O método escolástico vai se converter no veiculo expressivo de uma ciência teológica na qual irá sobressair grandes pensadores de ordens religiosas.
            3 – Direito, também a partir da Reforma Gregoriana, o direito sofreu uma grande transformação ao distinguir-se claramente o civil do canônico e voltar o estudo de direito romano.
4 – Medicina, ordinariamente o cuidado da saúde e o estudo dos fenômenos conjunto a ela. Ao passar do tempo foi-se surgindo um movimento cada vez mais cientifico e experimental ao redor de escolas.

            d) As instituições educativas básica
O Mestre – é um fato universal que na educação, na instituição básica é o mestre que reúne discípulos para comunicar suas experiências e sua ciência.
A Escola – é um passo graças à institucionalização educativa medieval. Dão-se escolas nas abadias, nos palácios e sobre tudo nas catedrais. Os ensinamentos são gratuitos e patrocinados pelos monastérios, príncipes ou bispos.
As Academias - não eram escolas, mas reuniões de eruditos ao serviço do papa ou de algum príncipe laico ou eclesiástico que os patrocinavam e se serviam de seu trabalho para o governo. A principal de todas as academias medievais foi a Carolíngia.

            e) Sistema sócio-econômico da época

Até o século XI o sistema imperante é o feudal. Dentro desta estrutura econômica de desenvolve uma sociedade organizada piramidalmente.
No século XI e XII com a abertura do Mar Mediterrâneo por obra de pactos comerciais entre cristãos e mulçumanos, favoreceu o comércio e o intercambio em todos os sentidos entre oriente e ocidente. 

            2. As Universidades

             O surgimento das universidades está intimamente ligado as cidades, a superação do feudalismo pela burguesia, a reforma Gregoriana que deu a cristandade medieval um novo vigor intelectual e motivos para pensar e ao gremialismo que converteu os ofícios em serviços qualificados para os quais eram necessários preparar-se e de onde derivava o meio de subsistência.

            2.1 – Característica das Universidades

            Estavam constituídas fundamentalmente por grêmios de professores e estudantes.
            Desde o início sempre teve estes princípios fundamentais:
  • Corporativa
  • Universal
  • Científica
  • Interdisciplinar
  • Autônoma 
           



            2.2 – As Faculdades da Universidade

Significam as divisões das ciências as diversas dedicações a ela de acordo com as possibilidades e aptidão das pessoas.
Se diferenciam dos colégios onde estes eram melhor lugar de vivencia e estudo.
§  De artes
§  De teologia
§  De direito
§  De medicina
§   
            2.3 – Os ofícios

Não se praticavam nas universidades estas são o que chamamos hoje de Arquitetura, Engenharia, Artes Plásticas etc.


            2.4 – Outros Saberes

As chamadas ciências naturais e biológicas, desenvolveram a partir do renascimento

            2.5 – As Primeiras Universidades

  1. Paris – XI – XII – Artes e Teologia
  2. Bolonha – XI – XII – Direito
  3. Salermo – X – XI – Medicina
  4. Montpellier (Espanha) – XII – Medicina
  5. Oxford – XII – Artes e Teologia

            2.6 – Estruturas universitárias

Os estudantes e professores se dividiam em nações e colégios que eram unidades que faziam possível a vida universitária.
Administrativamente, a universidade centralizava o trabalho das distintas faculdades que eram relativamente independentes.
Dentro das autoridades universitárias temos o chanceler, o reitor magnífico, o reitor da faculdade, o secretário da universidade. E cada universidade estabelecia a própria hierarquia.

            2.7 – A vida acadêmica

            As atividades das universidades se dividiam em aulas, debates, exames e atos públicos.
  • Admissão – era a aceitação de um estudante por parte de um professor da universidade. O professor era responsável da inscrição na faculdade e do currículo do aluno.
  • Classes de estudantes – como faziam para pagar os estudos:
    • Becário – tinha os estudos pagos por quem fosse dar a beca;
    • Pensionista – recebiam o necessário para o sustento, tendo que pagar a matricula;
    • Mediobecario – recebia a metade da beca;
    • Externos – se mantinham através da caridade pública.

            2.8 – Distribuição típica do tempo

            Não era um horário igual em todas as universidades, mas é algo parecido com o horário de nossos seminários eclesiásticos.

            2.9 – Graus acadêmicos

            Temos os seguintes graus:
  • Bacharelado – grau mínimo para o que superasse o ciclo básico
  • Licenciatura – adquirido por aqueles que eram considerados idôneos para ensinar sua ciência.
  •  Mestrado – conferido aquele que havia superado uma etapa profissional
  • Doutorado - título reconhecido por parte do grêmio de professores do qual o mestre pertencia. O novo doutor tinha que oferecer um banquete ritual ao claustro.

            2.10 – A Universidade Confessional

            Com a reforma protestante o panorama das universidades mudou, assim iniciaram as universidades protestantes e confessionais.
            Os paises com forte influxo de universidades confessionais foram: uma parte da Alemanha, Holanda, Escandinava, Inglaterra no protestantismo.
            Itália, França, Espanha, Portugal, a outra parte da Alemanha, Irlanda e a América latina.
            A Santa Sé ao longo foi acolhendo em seu sistema de Universidades pontificais uma serie de instituições romanas dedicada, sobretudo, de uma elite de sacerdotes e leigos com o destino a Igreja universal.

            3. Os estudos na América Latina

            A aparição da educação na América Latina iniciou no panorama de uma plena euforia na Espanha e Portugal: pela definitiva vitória contra os mulçumanos em granada, pelos descobrimentos de terras peninsulares e pelo novo caminho para o comércio.
            A educação na América Latina este desde o início intimamente ligado ao processo de civilização e evangelização dos povos indígenas, tanto através das missões como posteriormente as doutrinas e as diversas dificuldades na geografia americana.

            3.1 – Formação das elites indígenas

            Dentro desta organização a formação dos indígenas ficaria sob a tutela dos colonizadores, europeus que aconselhavam uma educação humana e cristã, mas a idéia fracassou porque os indígenas eram colocados ante situações de absoluta desconfiança e incompreensão por parte de seus mestres. Isto se dava devido a língua que ele usavam para falar com os índios que era a língua européia.



            3.2 – Escolas elementares

            Na missão a doutrina era para ambos, meninos e meninas, ler escrever, catecismo, musica e algum oficio particular ou pintar, bordar etc. Nos povoados e reduções a educação dos indígenas, pouco a pouco também os mestiços e crioulos obteve frutos.

            3.3 – Centros de formação profissional

            Com base no processo social e de organização na América Latina o trabalho artesanal teve apoio tanto da Igreja como do governo secular, que teve uma grande participação da criatividade dos indígenas.

            3.4 – Colégios para filhos de caciques

            A intenção destes colégios era para formar as elites indígenas que visava dotar os povos indígenas de bons governantes, com a possibilidade de criar um clero indígena civilizado e culto. Só que a idéia fracassou dado a forte oposição colonialista.



            3.5 – Colégios abertos a todos

            Com o aumento dos mestiços foi necessário fazer da educação e das instituições educacionais aberta para todos onde puderam funcionar e competir os distintos grupos sociais. Mas que nem sempre teve êxito. Daí surgiu a organização escolar dos Jesuítas.

            3.6 – Internatos e colégios femininos

            Ante a necessidade de dar uma educação adequada as meninas, se estabeleceram por obra de religiosas, criam os internatos femininos. Partiam da formação básica e diversos tipos de preparação das meninas para desempenhar seu papel de esposa e mãe.

            3.7 – Educação superior

            A primeira organização de instituições de educação foi a da casas de formação filosófica e teológica dos religiosos, sobretudo nos conventos dominicanos, franciscanos, agostinianos e mercedários e mais tarde os jesuítas.

            3.8 – Colégios abertos a seglares

            Foi obra dos Jesuítas que segundo um espírito humanista e a metodologia implantam em seus colégios a “Ratio Studiorum”.

            3.9 – Universidades

            As primeiras universidades da América Latina seguiram o modelo de Salmantino, claro com o influxo das ordens religiosas.
            No demais seguem o ritmo das demais universidades que já explicitamos anteriormente.


            3.10 – Universidades latino-americanas até a independência

            As primeiras universidades brasileira que surgiram foram a de Salvador de Bahia (1808) e da do Rio de Janeiro (1808).

4. Conclusões a respeito do movimento universitário

1.      Somente tardiamente surgiu as universidades no Brasil, anteriormente seguia os colégios dos jesuítas.
2.      As universidades da América Latina tiveram sua origem nas instituições da Igreja até a independência.
3.      Houve uma maior proliferação das universidades depois da independência.
4.      A expulsão dos jesuítas em Portugal e Espanha e a independência das nações Latino-americanas, favoreceu para o movimento universitário desenvolver.
5.      Hoje a América Latina, tem cerca de 70 universidades católicas ou de inspiração católica, dentre elas 17 são pontifícias.




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