sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

O SÍMBOLO RELIGIOSO



O SÍMBOLO RELIGIOSO
I.            A comunicação com o Mistério transcendente
§   O homem não deseja comunicar só com o “outro” humano. Quer comunicar também com o ‘Outro’ divino, com o Mistério absoluto e infinito que está mais alem de tudo (transcendente a tudo), e que dá realidade, dá o ser a tudo (é imanente a tudo).
§   Este se reconhece chamado, atraído, por este Mistério que se percebe como plenitude de ser, em seus aspectos transcendentais de unidade, verdade, bondade e beleza. Por outra parte se encontra com fortes obstáculos para chegar a comunicar com Ele: sua limitação ontológica. (Contingente frente ao Necessário e Absoluto), sua dimensão corporal (limitação espaço-temporal frente ao Eterno e Infinito) sua decadência física e moral (morte e pecado frente ao Imutável e Santo).
§   Mas o homem intui que “será” plenamente homem quanto alcançar a plenitude desta comunicação.
II.         A simbologia religiosa
§   O simbolismo religioso consiste no uso de analogias com realidades ao alcance da experiência humana para expressar o chamado e a experiência do Mistério transcendente e para conseguir uma resposta, apesar dos obstáculos.
§   O homem expressa suas relações com a Transcendência em termos cósmicos, terrenos, tomados de suas relações com as coisas e com os outros homens.
§   O intelecto e a sensibilidade captam espontaneamente esta analogia de proporções entre o físico e o espiritual e por isso o homem disse que Deus “está no céu”, o chama à Deus “o Céu”: é um modo simbólico de expressar esta infinitude espiritual.
III.      Elementos da simbologia religiosa
1.        Os arquétipos – Os símbolos religiosos se organizam segundo esquemas chamados por Jung, de arquétipos, que se encontram em todas as culturas. São esquemas espaços-temporais através dos quais se quer compreender e expressar, por analogia, o que está mais além do tempo e do espaço. Exemplos: acima – abaixo; dentro – fora; vida – morte; luz – trevas;
2.        O mito – São narrações simbólicas que buscam expressar a situação humana em relação com a transcendência, explicar as causas dos conflitos e propor as possíveis soluções, se se vê uma solução. Os fatos que ocorrem num determinado tempo marcam todos os tempos, isso porque se trata de fatos fundantes da condição humana e da sociedade humana.
3.        O rito – O rito religioso é a ação simbólica que se considera dotada de uma eficácia prática enqto às relações do individuo e da sociedade com a Divindade. Entre os ritos religiosos destaca-se o rito memorial no qual se realiza a representação simbólica do evento primeiro ou fundante narrado pelo mito, com a intenção de fazer participar nele ao ser humano e a comunidade religiosa.
4.        O sacrifícioé a forma mais originaria do rito religioso. Trata-se de uma doação a divindade. O sacrifício religioso simboliza todo o que o homem ou o povo religioso é e tem. Os sacrifícios podem ser de comunhão, para expressar o agradecimento à Divindade, ou de reconciliação, para superar a situação de ruptura, o pecado. Frequentemente o ele se coloca no contexto de memorial, Seja para agradecer a Divindade pelo benefício representado pelo fato fundante, ou para reparar o distanciamento deste estado originário; neste último caso, o sacrifício representa a destruição da realidade decadente para possibilitar um retorno à harmonia originaria, ao fato fundante.
5.        Espaço e tempo sacros – O tempo em que transcorre o rito é um tempo que se percebe como qualitativamente distinto do tempo normal, é o temo de festa, um voltar  ao tempo primordial. E se desenvolve num lugar sacro, um santuário, que é o ponto de comunicação simbólica com o transcendente.
6.        A comunidade religiosa – o rito introduz ao homem na comunidade religiosa, e condiciona esta comunidade, dando-lhe uma identidade. Na antiguidade, nação e religião coincidiam. A comunidade religiosa põe sua origem no fato de ter sido convocada ou suscitada pela Divindade. Entre os membros da comunidade religiosa, alguns tem um especial papel ministerial: são os sacerdotes, reis, profetas, sábios .... uns por consagração, outros por descendência divina, outros por iluminação do alto, etc. exercem como mediadores entre a comunidade e a Divindade.
7.        A oração – tem diversas modalidades: louvor, invocação, ação de graças, petição de perdão, suplica.. A oração emprega sobretudo, a linguagem simbólico, que envolve toda a pessoa. O que predomina na oração é a função vocativa da linguagem, ainda que também deixa espaço para expressiva. A oração está acostumada a acompanhar os ritos, e então tem ademais função performativa: invocar a presença e o poder da Divindade. Ela se realiza em comum ou individualmente, a oração sempre faz referência à tradição religiosa em que se vive.
8.        A vida religiosa-moral – está estritamente ligado com a religião, do qual depende o estado das relações do individuo e da sociedade com a Divindade. A falta de um comportamento correto provoca o distanciamento da Divindade, que se manifesta em castigos. Daí que cada situação da vida se ritualize, para pô-la em contato com a transcendência: nascimento, bodas, ritos de passagem ...com isso se pretende fazer participar dessa situação da harmonia originaria com a Divindade.

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