O SÍMBOLO RELIGIOSO
I.
A
comunicação com o Mistério transcendente
§ O
homem não deseja comunicar só com o “outro” humano. Quer comunicar também com o
‘Outro’ divino, com o Mistério absoluto e infinito que está mais alem de tudo
(transcendente a tudo), e que dá realidade, dá o ser a tudo (é imanente a
tudo).
§ Este
se reconhece chamado, atraído, por
este Mistério que se percebe como plenitude de ser, em seus aspectos
transcendentais de unidade, verdade, bondade e beleza. Por outra parte se
encontra com fortes obstáculos para
chegar a comunicar com Ele: sua limitação
ontológica. (Contingente frente ao Necessário e Absoluto), sua dimensão corporal (limitação
espaço-temporal frente ao Eterno e Infinito)
sua decadência física e moral (morte e pecado frente ao Imutável e Santo).
§ Mas
o homem intui que “será” plenamente homem quanto alcançar a plenitude desta
comunicação.
II.
A simbologia
religiosa
§
O simbolismo religioso consiste no uso de
analogias com realidades ao alcance da experiência humana para expressar o
chamado e a experiência do Mistério transcendente e para conseguir uma
resposta, apesar dos obstáculos.
§ O
homem expressa suas relações com a Transcendência em termos cósmicos, terrenos,
tomados de suas relações com as coisas e com os outros homens.
§ O
intelecto e a sensibilidade captam espontaneamente esta analogia de proporções
entre o físico e o espiritual e por isso o homem disse que Deus “está no céu”,
o chama à Deus “o Céu”: é um modo simbólico de expressar esta infinitude
espiritual.
III.
Elementos da
simbologia religiosa
1.
Os arquétipos – Os símbolos
religiosos se organizam segundo esquemas chamados
por Jung, de arquétipos, que se
encontram em todas as culturas. São esquemas espaços-temporais através dos
quais se quer compreender e expressar, por analogia, o que está mais além do
tempo e do espaço. Exemplos: acima – abaixo; dentro – fora; vida – morte; luz –
trevas;
2.
O mito – São narrações simbólicas
que buscam expressar a situação humana em relação com a transcendência,
explicar as causas dos conflitos e propor as possíveis soluções, se se vê uma
solução. Os fatos que ocorrem num determinado tempo marcam todos os tempos,
isso porque se trata de fatos fundantes
da condição humana e da sociedade humana.
3.
O rito – O rito religioso é a ação
simbólica que se considera dotada de uma eficácia prática enqto às relações do
individuo e da sociedade com a Divindade. Entre os ritos religiosos destaca-se
o rito memorial no qual se realiza a
representação simbólica do evento primeiro ou fundante narrado pelo mito, com a
intenção de fazer participar nele ao ser humano e a comunidade religiosa.
4.
O sacrifício – é a forma mais
originaria do rito religioso. Trata-se de uma doação a divindade. O sacrifício religioso simboliza todo o que o homem ou o povo religioso é
e tem. Os sacrifícios podem ser de comunhão,
para expressar o agradecimento à
Divindade, ou de reconciliação, para
superar a situação de ruptura, o pecado. Frequentemente o ele se coloca no
contexto de memorial, Seja para agradecer a Divindade pelo
benefício representado pelo fato fundante, ou para reparar o distanciamento
deste estado originário; neste último caso, o sacrifício representa a
destruição da realidade decadente para possibilitar um retorno à harmonia
originaria, ao fato fundante.
5.
Espaço e tempo sacros – O tempo em
que transcorre o rito é um tempo que se percebe como qualitativamente distinto
do tempo normal, é o temo de festa,
um voltar ao tempo primordial. E se
desenvolve num lugar sacro, um santuário,
que é o ponto de comunicação simbólica com o transcendente.
6.
A comunidade religiosa – o rito
introduz ao homem na comunidade religiosa, e condiciona esta comunidade,
dando-lhe uma identidade. Na antiguidade, nação e religião coincidiam. A
comunidade religiosa põe sua origem no fato de ter sido convocada ou suscitada
pela Divindade. Entre os membros da comunidade religiosa, alguns tem um
especial papel ministerial: são os sacerdotes, reis, profetas, sábios .... uns
por consagração, outros por descendência divina, outros por iluminação do alto,
etc. exercem como mediadores entre a comunidade e a Divindade.
7.
A oração – tem diversas modalidades:
louvor, invocação, ação de graças, petição de perdão, suplica.. A oração emprega
sobretudo, a linguagem simbólico, que envolve toda a pessoa. O que predomina na
oração é a função vocativa da linguagem,
ainda que também deixa espaço para expressiva. A oração está acostumada a
acompanhar os ritos, e então tem ademais função performativa: invocar a
presença e o poder da Divindade. Ela se realiza em comum ou individualmente, a
oração sempre faz referência à tradição religiosa em que se vive.
8.
A vida religiosa-moral – está
estritamente ligado com a religião, do qual depende o estado das relações do
individuo e da sociedade com a Divindade. A falta de um comportamento correto
provoca o distanciamento da Divindade, que se manifesta em castigos. Daí que
cada situação da vida se ritualize, para pô-la em contato com a transcendência:
nascimento, bodas, ritos de passagem ...com isso se pretende fazer participar
dessa situação da harmonia originaria com a Divindade.
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