A REVELAÇÃO SEGUNDO O CICat
PRIMEIRA PARTE – A PROFISSÃO DE FÉ
SEÇÃO I – “EU CREIO” – “NÓS CREMOS”
Ø A
definição de Fé: A fé é a resposta do homem a Deus que se revela e a ele se
doa, trazendo ao mesmo tempo uma luz superabundante ao homem em busca do sentido
último de sua vida.
CAPÍTULO I
O HOMEM É “CAPAZ DE DEUS”
Ø
Deus nos fez capazes de descobrir a sua
existência.
- O desejo de Deus
-
O homem é criado por Deus e para Deus ... e somente em
Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade. (Art. 27);
-
As múltiplas maneiras do homem buscar a Deus: crenças,
comportamentos religiosos (orações, sacrifícios, cultos, meditações etc.); o
homem pode ser chamado de um ser religioso. (28)
-
Esta busca exige do homem todo o esforço de sua
inteligência, a retidão de sua vontade, “um coração reto”, e também o
testemunho dos outros, que o ensinam a procurar a Deus.
2. As
vias de acesso ao conhecimento de Deus
·
Estas também são chamadas de “provas da
existência de Deus” (no sent. Argumentar, convergir e convencer, provar
racionalmente);
·
As vias para chegar a Deus partem da criação: o
mundo material e a pessoa humana.
·
Mundo – a partir do movimento e do
devir, da contingência, da ordem e beleza do mundo, pode-se conhecer a Deus
como origem e fim do universo;
·
O homem – com abertura à: verdade, beleza, com
o senso do bem moral, liberdade e sua consciência, com sua aspiração ao
infinito e à felicidade, ele se interroga sobre a exist. de Deus.
·
Assim por estas diversas vias, o homem pode
aceder ao conhecimento da exist. de uma realidade que é a causa primeira e o
fim último de tudo, “e que os homens chamam Deus”.
3. O
conhecimento de Deus segundo a Igreja
§
Deus pode ser conhecido com certeza pela luz
natural da razão humana a partir das coisas criadas;
§
O homem enfrenta dificuldades para conhecer a
Deus apenas com a luz de sua razão;
§
Este é um Deus pessoal que governa e protege o
mundo com sua Providencia;
§
E uma vez que a razão não consegue dar
explicações racionais, o homem tem necessidade de ser iluminado pela revelação
de Deus, sobre as “verdades religiosas e morais”, que não são inacessíveis à
razão, a fim de que sejam conhecidas com certeza firma e sem mistura de erro.
§
Quando a razão não consegue explicar, entra a
revelação divina;
4. Como
falar com Deus?
v
Uma vez que nosso conhcto de Deus é limitado,
também limitada é a linguagem sobre Deus. Só podemos falar de deus a partir das
criaturas e segundo nosso modo humano limitado de conhecer e de pensar;
v
As criaturas, todas elas trazem em si certa
semelhança com Deus, particularmente o homem criado à “imagem e semelhança” (Gn
1,27);
v
Deus transcende a toda criatura, pois para não
confundirmos o Deus “inefável, incompreensível, invisível, inatingível” com as
nossas representações humanas;
CAPÍTULO II
DEUS VEM AO ENCONTRO DO HOMEM
ARTIGO 1
A
REVELAÇÃO DE DEUS
Ñ
O homem pode conhecer a Deus com certeza a
partir de suas obras;
Ñ
Por uma decisão totalmente livre, Deus se revela
e se doa ao homem, (...) revela seu projeto enviando seu Filho bem-amado NSJC e
o ES.
1. Deus
revela seu “projeto benevolente”
·
O projeto divino da Revelação realiza-se ao
mesmo tempo “por ações e por palavras”, esse projeto comporta uma “pedagogia
divina” = DEUS comunica-se c/ o HO, prepara-o por etapas e que culminará com a
pessoa do VERBO encarnado, JC.
2. As
etapas da revelação (histórica)
a) Desde a origem, Deus se dá a
conhecer
-
Desde os primórdios Deus convidou nossos pais a uma
comunhã o intima, onde ele se relaciona e se revela, revestindo-os de uma graça
e de uma justiça respandescentes
-
DEUS, “após a queda destes, com a prometida redenção,
alentou-os a esperar uma salvação e velou permanentemente pelo gênero humano, a
fim de dar a vida eterna a todos aqueles que , pela perseverança na prática do
bem procuram a salvação”. (DV 3)
b) A Aliança com Noé
-
Exprime o principio da Economia divina para com as
“nações”, isto é, para com os homens agrupados “segundo seus países, língua,
clãs” (Gn 10,5; 10,20-31);
-
A Escritura exprime que grau elevado de santidade podem
atingir os que vivem segundo a Aliança de Noé, na expectativa de que Xto
“congregue na unid. Todos os filhos de Deus dispersos” (Jo, 11,52);
c) Deus elege Abraão
-
Para faze-lo pai de uma multidão de nações (gn 17,5):
Em ti serão abençoadas toas as nações da terra (Gn 12,3)
-
O povo que surge daqui, serão os depositários da
promessa feita aos patriarcas;
d) Deus forma seu povo Israel
-
Israel é o povo sacerdotal do Senhor, ele os retirou da
escravidão do Egito; fez aliança com Moisés e deu a sua Lei (Tora);
-
Por meio dos profetas Deus forma seu povo na esperança
da salvação;
3. Cristo
Jesus “Mediador e Plenitude de toda a Revelação”
v
Xto é a expressão completa do Pai;
v
Hb 1,1-2 – Deus fala agora por meio de seu Filho
...
a) Não haverá outra Revelação
·
As revelações que aconteceram ao longo dos
séculos, tem por função não de “melhorar ou completar” a Revelação definitiva
de Xto, mas ajuda a viver com maior plenitude.
·
A fé cristã não pode aceitar “revelações” que
pretendam ultrapassar ou corrigir a Revelação da qual Xto é a perfeição.
ARTIGO 2
A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA
“Deus dispôs com suma
benignidade que aquelas coisas que revelara para a salvação de todos os povos
permanecessem sempre íntegras e fossem transmitidas a todas as gerações” (DV 7)
1. A
Tradição apostólica
-
Xto ordenou aos Apóstolos que o Evangelho fosse por
eles pregado a todos os homens (...)
a) Pregação apostólica ...
A
transmissão do Ev. deu-se de duas maneiras:
·
Oralmente – “pelos
apóstolos, que na pregação oral, por exemplos e instituições transmitiram as
coisas que ou receberam em palavras da
convivência e das obras de Xto ou aprenderam das sugestões do ES”.
·
Por escrito –
“com também pelos apóstolos e varões que, sob inspiração do mesmo Espírito
escreveram a mensagem da salvação”.
b) ... Continuada na sucessão
apostólica
-
“Os apóstolos
deixaram como sucessores os bispos, que transmitiram o encargo de Magistério”
-
Essa transmissão
viva, realizada pelo Espírito Santo, é chamada de TRADIÇÃO enquanto distinta da
S. Esc., mas intimamente ligadas. Por meio da tradição, “a Igreja, em sua
doutrina, vida e culto, perpetua e transmite a todas as gerações tudo o que ela
é, tudo o que ela crê”. (DV 8).
2. A
relação entre a Tradição e a Sagrada Escritura
a)
Uma fonte comum ...
-
Elas estão entre si estreitmaente unidas e
comunicantes. Pois, ambas promam da mesma fonte divina, formam um só todo e
tendem para o mesmo fim. Tanto uma como outra tornam presente na Igreja o
mistério de Xto, que prometeu estar com os seus “todos os dias, até a
consumação dos séculos” (Mt 28,20)
b)
... Duas modalidades distintas de transmissão
-
“A Sagrada Escritura é a Palavra de Deus enquanto
redigida sob a moção do ES”.
-
Quanto à Sagrada Tradição, ela “transmite
integralmente aos sucessores dos apóstolos a Palavra de Deus confiada por Xto
Senhor e pelo ES aos apóstolos, que por meio da sua pregação se conservem,
exponham e difundam” (DV 9)
-
Daí que a Igreja, a qual está confiada a transmissão e
interp. da Revelação, não possui a certeza a respeito de tudo o que foi
revelado somente da Escritura. Por isso, ambas devem ser aceitas e veneradas
com igual sentimento de piedade e reverência. (DV 9).
c)
Tradição apostólica e tradições apostólicas
-
Existe a Tradição dos apóstolos, da qual estamos
relatando e, outras tradições;
-
Desta Tradição devemos distinguir as “tradições”
teológicas, disciplinares, litúrgicas ou devocionais surgidas ao longo do tempo
nas Igrejas locais.
3. A
interpretação do depósito da fé
·
O depósito da fé é formado pela Tradição e pela
S. Escritura;
·
“O patrimônio sagrado” (2Tm 1,12-14) da fé,
contido na Sagrada Tradição e na S. Escritura, foi confiado pelos apóstolos à
totalidade da Igreja.
a)
Magistério da Igreja
-
O múnus de interpretar a Pal. de Deus escrita ou
transmitida foi confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja, cuja
autoridade exerce em nome de JC, isto é, foi confiado aos bispos em comunhão
com o sucessor de Pedro, o bispo de Roma.
b)
Os Dogmas de fé
·
O Magistério da Igreja através de sua autoridade
dada por JC, define dogmas quando obriga o povo cristão a uma adesão
irrevogável de fé, propõe verdades contidas na Revelação divina ou verdades que
com estas têm conexão necessária.
·
Os dogmas são luzes no caminho de nossa
fé que o iluminam e tornam seguro. Se nossa vida for reta, nossa inteligência e
nosso coração estarão abertos para acolher a luz dos dogmas da fé (Jo, 8,31-32)
Assim, segundo o plano divino, a S. Tradição, a S. Escr. e o Magist. da Ig. estão de tal
modo entrelaçados e unidos que um não tem consistência sem os outros, e que
juntos, cada qual a seu modo, sob a ação do mesmo ES, contribuem eficazmente
para a salvação das almas.
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