UNIDADE I – BASE ANTROPOLOGICA DA
REFLEXÃO SACRAMENTAL
TEMA 1: OS SINAIS DA COMUNICAÇÃO HUMANA
Como
ser social, o homem necessita de sinais e símbolos para comunicar-se com os
demais, mediante a linguagem, gestos e ações. O mesmo sucede em sua relação com
Deus. (CICat. 1146)
1.1
Análises da comunicação humana
ü
Qdo falamos de linguagem entendemos a
comunicação humana em geral, ñ só a comunicação por palavra.
ü
É ser a expressão e a participação de uma
interioridade espiritual única e inrepetível;
ü
Na linguagem humana se distinguem 4 funções ou
dimensões:
1) Informativa: tem referência a uma
realidade externa aos interlocutores;
2) Expressiva: manifesta a
interioridade do que fala;
3) Vocativa: ou apelativa, de
chamada, reclama uma resposta do que escuta;
4) Performativa: consiste em criar
uma ação, uma nova realidade, entre as pessoas que se comunicam;
ü
Consideramos a linguagem como um fenômeno de
comunicação interpessoal; Toda comunicação interpessoal é uma expressão de si,
uma revelação-doação, que chama ao outro a dar uma resposta para criar uma nova situação entre os dois;
ü
O mistério da pessoa se revela na comunicação, no encontro interpessoal, que se é
autêntico, é um encontro de amor...
ü
Para comunicar tenho que oferecer alguns dos
valores que me distinguem como indivíduo, tenho que condescender, despojar-me
de algo, arriscar algo, doar,
ou em sentido amplo sacrificar.
O contrário ñ seria comunicação, senão agressão, roubo;
ü
Qdo através de sua doação a pessoa descobre seu
mistério de interioridade ao outro e o outro por sua vez também descobre seu
mistério, se dá um verdadeiro encontro.
Qdo um se expressa, se auto-realiza
como pessoa, e ademais, no intercâmbio, sua interioridade se enriquece com a interioridade do
outro;
1.2
Algumas Características da comunicação humana autêntica
ü
Um fato de comunicação é um fato de liberdade por parte do que inicia; é um
fato gratuito, ñ faz para obter
correspondência;
ü
É sacrificado,
pois um oferece algo de si, há o risco de ñ ser correspondido; para que isso ñ
ocorra, e o encontro seja completo, se requer por parte do que recebe uma
atitude de abertura e acolhida ao
outro, de confiança prévia na
sinceridade do outro, na veracidade de seu gesto e de suas intenções. Essa
abertura se pode chamar fé a nível
humano: uma atitude de suspeita pode levar a mal interpretar o gesto.
ü
No autêntico encontro interpessoal os
protagonistas se autro-transcendem,
criam comunidade: o “NÓS” abre um
horizonte de projetos para o futuro, cria a esperança
de uma plenitude de vida cada vez
maior. O amor é de por si difusivo.
1.3 A
comunicação com fato simbólico
ü
No ser humano, a comunicação de sua
interioridade não pode dar-se mais que por meio de elementos materiais,
mas por meio de realidades sensíveis que manifestam a interioridade. Estas
realidades são os signos e símbolos;
ü
O ser humano necessita recorrer ao signo e ao
símbolo não só para comunicar sua interioridade ao outro e constituir
uma autentica comunidade humana, mas também para desenvolver sua própria
interioridade: as faculdades intelectiva e volitiva não se desenvolvem se não
há alguém que proporcione ao indivíduo uma linguagem; os pensamentos, afetos,
desejos, permanecem confusos até não encontrarmos o modo de Expressa-los.
1.4 Sinais e símbolos
ü
A linguagem se compõe de signos. Em geral, um
signo é uma realidade que faz referência a outra, uma realidade que, uma vez
conhecida, nos traz à mente outra realidade diversa de si, como dizia S.
Agostinho.
ü
Os signos se distinguem por 3 elementos: o
significante (que é a realidade que constitui o signo); o significado (que
é a realidade à que se faz referência); e a significação (que é a
relação entre ambos).
ü
Há signos que podemos chamar de sinais: seu
significado consiste numa realidade material de que são efeitos; No nosso
estudo centramos nos signos eqto que de alguma maneira expressam a
interioridade humana;
ü
Há signos puramente convencionais: seu
significado depende unicamente da decisão humana. O consenso e tradição da
sociedade proporcionam o “código” para interpretar estes signos;
ü
A espécie de signos que mais interessa a nível
de comunicação interpessoal é o símbolo ou signo simbólico. Símbolo é
o que junta duas realidades com consistência e sentido próprio, a partir da
qual se pode evocar outra realidade, geralmente de ordem espiritual, por uma
relação de analogia (semelhança) que tem com isso. Assim, o coração,
sendo uma parte do corpo simboliza a realidade do amor;
ü Os signos de realidades materiais, que temos
chamados sinais, podem adquirir valor simbólico por causa de alguma analogia
com uma realidade espiritual.
ü A linguagem falada ou escrita a temos considerado signo convencional, mas pode fazer referencia a uma realidade simbólica;
1.5 O símbolo real
ü
O símbolo real é aquele que não só tem uma relação de analogia, senão também de participação com a realidade que representa. Três são as entre significante e
significado no símbolo real: diferença,
analogia e participação.
ü
No ser
humano, unidade substancial de corpo e alma, o corpo é símbolo real de
toda a pessoa, por que o corpo é parte da realidade da pessoa; precisamente a
parte sensível, expressiva.
ü
É na
pessoa humana donde se dá a união dos dois níveis de realidade, físico e
espiritual, que tem faz possível o simbolismo. Isto é devido ao que na pessoa
humana a alma é a forma substancial que informa (em sentido metafísico)
o corpo.
ü
Em Teologia Sacramental:
alguns chamam “sacramento” só a realidade sensível significante. Outros chamam
“sacramento” a todo evento da salvação sobrenatural que se expressa y comunica
através de uma realidade sensível que de algum modo participa de si.
1.6 O símbolo convencional
ü
Há
símbolos dos quais todos os homens podem compreender espontaneamente seu
significado. Como as expressões do corpo humano ou de realidades mateirais que
tem uma relação imediata com o mesmo.
ü
Sem dúvida, os símbolos admitem uma pluralidade de significados: um mesmo
símbolo pode evocar vários significados (ex. a flor= beleza, alegria). Por
outra parte, há símbolos diversos que podem adquirir significados semelhantes.
( água e fogo= purificação).
ü
Os símbolos as vezes apresentam uma ambigüidade ou bipolaridade de
significados; as realidades materiais podem ter significados contrapostos no valor, um positivo e
outro negativo ( fogo= calor, vida; como também queimadura, incêndio, morte).
ü
É freqüente que os símbolos recebam diferentes
significados segundo a intenção da pessoa que os emprega, do conj. de signos
que os acompanham, ou do conj. do discurso, se se trata da linguagem falada.
ü
As analogias e as relações que se podem
estabelecer entre umas realidades e outras são muito variadas;
ü
A maioria dos símbolos são parcialmente convencionais, já que uma sociedade, por convenção
pode mudar o significado de um símbolo, ou fazer que prevaleça um significado
sobre outro, ou fazer que se use um símbolo em vez de outro para expressar um
determinado significado. Sem dúvida, não podemos dizer que os símbolos sejam
signos totalmente convencionais, por sempre existe uma relação de analogia
entre o símbolo e a realidade significada.
1.7 A
eficácia própria do símbolo
ü
Os
símbolos realizam todas as funções da linguagem: informativa, expressiva,
vocativa e performativa.
ü
As
vezes se fala de símbolos especulativos que descrevem ou definem uma
realidade, explicam sua estrutura ou sua essência, de modo que nós possamos
fazer uma idéia clara. (Ex. Parábolas, alegorias ...).
ü
Em geral, os símbolos não são meramente
especulativos, mas sobretudo práticos:
quer dizer, não só causam efeitos a nível intelectivo em quem os recebe, mas
também a nível afetivo, e movem à ação.
ü
A carga emotiva dos símbolos o faz meio apto
para representar e comunicar realidades consideradas sob o aspecto do valor. A percepção de valores, encontra
sua expressão não verbal nos afetos.
Por isso os símbolos são especialmente aptos para medir a comunicação mutua da
interioridade humana, pois o único e irrepetível da pessoa é uma realidade mais
além de nossa capacidade de definir ou
entender, mas algo mais ao alcance da nossa capacidade de apreciar.
1.8 O rito
ü Quando uma determinada ação simbólica,
que pode ser mais ou menos complicada, geralmente composta de palavras e de
gestos, adquire um significado fixo e uma validez prática no seio
de uma sociedade nos encontramos ante um RITO.
ü As sociedades de estruturam e se expressam
através de ritos. O rito é o gesto simbólico que mais transcende o limite do
tu-eu, e insere a pessoa num “nós” comunitário e social, porque no ritos o tu e
o eu atuam não só como pessoas privadas, mas também como representantes ou membro
de uma sociedade.
ü Todas as relações humanas, até as mais
banais, se constroem a base de ritos, mais ou menos simples ou complexos, que
bem vividos, cumprem com seu objetivo de comunicação.
1.9 O rito memorial ou
comemoração
ü Um rito freqüente nas sociedades é o de comemoração
ou memorial. Este rito se busca fazer presente, em modo simbólico, fatos
ou pessoas do passado que têm relevância para a sociedade porquê
definem sua identidade ou sua origem fundacional. Desse modo se
busca reviver de modo intelectual, emotivo, intencional... o fato ou a
personalidade celebrados para captar sua mensagem, praticar seus ensinamentos,
identificar-se com tal fato ou pessoa.
ü O memorial tende a unificar o tempo
na consciência dos membros da sociedade que participam dela. Evoca o
passado, convoca no presente à sociedade que se funda neste fato
passado, provoca uma tomada de posição ante o futuro. Em resumo: se
trata de atualizar os eventos fundantes de uma sociedade para
garantir sua sobrevivência e crescimento.
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