sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

BASE ANTROPOLOGICA DA REFLEXÃO SACRAMENTAL



UNIDADE I – BASE ANTROPOLOGICA DA REFLEXÃO SACRAMENTAL
TEMA 1: OS SINAIS DA COMUNICAÇÃO HUMANA
   Como ser social, o homem necessita de sinais e símbolos para comunicar-se com os demais, mediante a linguagem, gestos e ações. O mesmo sucede em sua relação com Deus. (CICat. 1146)
1.1 Análises da comunicação humana
ü  Qdo falamos de linguagem entendemos a comunicação humana em geral, ñ só a comunicação por palavra.
ü  É ser a expressão e a participação de uma interioridade espiritual única e inrepetível;
ü  Na linguagem humana se distinguem 4 funções ou dimensões:
1) Informativa: tem referência a uma realidade externa aos interlocutores;
2) Expressiva: manifesta a interioridade do que fala;
3) Vocativa: ou apelativa, de chamada, reclama uma resposta do que escuta;
4) Performativa: consiste em criar uma ação, uma nova realidade, entre as pessoas que se comunicam;
ü  Consideramos a linguagem como um fenômeno de comunicação interpessoal; Toda comunicação interpessoal é uma expressão de si, uma revelação-doação, que chama ao outro a dar uma resposta para criar uma nova situação entre os dois;
ü  O mistério da pessoa se revela na comunicação, no encontro interpessoal, que se é autêntico, é um encontro de amor...
ü  Para comunicar tenho que oferecer alguns dos valores que me distinguem como indivíduo, tenho que condescender, despojar-me de algo, arriscar algo, doar, ou em sentido amplo sacrificar. O contrário ñ seria comunicação, senão agressão, roubo;
ü  Qdo através de sua doação a pessoa descobre seu mistério de interioridade ao outro e o outro por sua vez também descobre seu mistério, se dá um verdadeiro encontro. Qdo um se expressa, se auto-realiza como pessoa, e ademais, no intercâmbio, sua interioridade se enriquece com a interioridade do outro;
1.2 Algumas Características da comunicação humana autêntica
ü  Um fato de comunicação é um fato de liberdade por parte do que inicia; é um fato gratuito, ñ faz para obter correspondência;
ü  É sacrificado, pois um oferece algo de si, há o risco de ñ ser correspondido; para que isso ñ ocorra, e o encontro seja completo, se requer por parte do que recebe uma atitude de abertura e acolhida ao outro, de confiança prévia na sinceridade do outro, na veracidade de seu gesto e de suas intenções. Essa abertura se pode chamar a nível humano: uma atitude de suspeita pode levar a mal interpretar o gesto.
ü  No autêntico encontro interpessoal os protagonistas se autro-transcendem, criam comunidade: o “NÓS” abre um horizonte de projetos para o futuro, cria a esperança de uma plenitude de vida cada vez maior. O amor é de por si difusivo.
1.3 A comunicação com fato simbólico
ü  No ser humano, a comunicação de sua interioridade não pode dar-se mais que por meio de elementos materiais, mas por meio de realidades sensíveis que manifestam a interioridade. Estas realidades são os signos e símbolos;
ü  O ser humano necessita recorrer ao signo e ao símbolo não só para comunicar sua interioridade ao outro e constituir uma autentica comunidade humana, mas também para desenvolver sua própria interioridade: as faculdades intelectiva e volitiva não se desenvolvem se não há alguém que proporcione ao indivíduo uma linguagem; os pensamentos, afetos, desejos, permanecem confusos até não encontrarmos o modo de Expressa-los.


1.4 Sinais e símbolos
ü  A linguagem se compõe de signos. Em geral, um signo é uma realidade que faz referência a outra, uma realidade que, uma vez conhecida, nos traz à mente outra realidade diversa de si, como dizia S. Agostinho.
ü  Os signos se distinguem por 3 elementos: o significante (que é a realidade que constitui o signo); o significado (que é a realidade à que se faz referência); e a significação (que é a relação entre ambos).
ü  Há signos que podemos chamar de sinais: seu significado consiste numa realidade material de que são efeitos; No nosso estudo centramos nos signos eqto que de alguma maneira expressam a interioridade humana;
ü  Há signos puramente convencionais: seu significado depende unicamente da decisão humana. O consenso e tradição da sociedade proporcionam o “código” para interpretar estes signos;
ü  A espécie de signos que mais interessa a nível de comunicação interpessoal é o símbolo ou signo simbólico. Símbolo é o que junta duas realidades com consistência e sentido próprio, a partir da qual se pode evocar outra realidade, geralmente de ordem espiritual, por uma relação de analogia (semelhança) que tem com isso. Assim, o coração, sendo uma parte do corpo simboliza a realidade do amor;
ü  Os signos de realidades materiais, que temos chamados sinais, podem adquirir valor simbólico por causa de alguma analogia com uma realidade espiritual.
ü  A linguagem falada ou escrita  a temos considerado signo convencional, mas pode fazer referencia a uma realidade simbólica;
1.5 O símbolo real
ü  O símbolo real é aquele que não só tem uma relação de analogia, senão também de participação com a realidade que representa. Três são as entre significante e significado no símbolo real: diferença, analogia e participação.
ü  No ser humano, unidade substancial de corpo e alma, o corpo é símbolo real de toda a pessoa, por que o corpo é parte da realidade da pessoa; precisamente a parte sensível, expressiva.
ü  É na pessoa humana donde se dá a união dos dois níveis de realidade, físico e espiritual, que tem faz possível o simbolismo. Isto é devido ao que na pessoa humana a alma é a forma substancial que informa (em sentido metafísico) o corpo.
ü  Em Teologia Sacramental: alguns chamam “sacramento” só a realidade sensível significante. Outros chamam “sacramento” a todo evento da salvação sobrenatural que se expressa y comunica através de uma realidade sensível que de algum modo participa de si.
1.6 O símbolo convencional
ü  Há símbolos dos quais todos os homens podem compreender espontaneamente seu significado. Como as expressões do corpo humano ou de realidades mateirais que tem uma relação imediata com o mesmo.
ü  Sem dúvida, os símbolos admitem uma pluralidade de significados: um mesmo símbolo pode evocar vários significados (ex. a flor= beleza, alegria). Por outra parte, há símbolos diversos que podem adquirir significados semelhantes. ( água e fogo= purificação).
ü  Os símbolos as vezes apresentam uma ambigüidade ou bipolaridade de significados; as realidades materiais podem ter significados contrapostos no valor, um positivo e outro negativo ( fogo= calor, vida; como também queimadura, incêndio, morte).
ü  É freqüente que os símbolos recebam diferentes significados segundo a intenção da pessoa que os emprega, do conj. de signos que os acompanham, ou do conj. do discurso, se se trata da linguagem falada.
ü  As analogias e as relações que se podem estabelecer entre umas realidades e outras são muito variadas;
ü  A maioria dos símbolos são parcialmente convencionais, já que uma sociedade, por convenção pode mudar o significado de um símbolo, ou fazer que prevaleça um significado sobre outro, ou fazer que se use um símbolo em vez de outro para expressar um determinado significado. Sem dúvida, não podemos dizer que os símbolos sejam signos totalmente convencionais, por sempre existe uma relação de analogia entre o símbolo e a realidade significada.
1.7 A eficácia própria do símbolo
ü  Os símbolos realizam todas as funções da linguagem: informativa, expressiva, vocativa e performativa.
ü  As vezes se fala de símbolos especulativos que descrevem ou definem uma realidade, explicam sua estrutura ou sua essência, de modo que nós possamos fazer uma idéia clara. (Ex. Parábolas, alegorias ...).
ü  Em geral, os símbolos não são meramente especulativos, mas sobretudo práticos: quer dizer, não só causam efeitos a nível intelectivo em quem os recebe, mas também a nível afetivo, e movem à ação.
ü  A carga emotiva dos símbolos o faz meio apto para representar e comunicar realidades consideradas sob o aspecto do valor. A percepção de valores, encontra sua expressão não verbal nos afetos. Por isso os símbolos são especialmente aptos para medir a comunicação mutua da interioridade humana, pois o único e irrepetível da pessoa é uma realidade mais além de nossa capacidade de definir ou entender, mas algo mais ao alcance da nossa capacidade de apreciar.
1.8 O rito
ü  Quando uma determinada ação simbólica, que pode ser mais ou menos complicada, geralmente composta de palavras e de gestos, adquire um significado fixo e uma validez prática no seio de uma sociedade nos encontramos ante um RITO.
ü  As sociedades de estruturam e se expressam através de ritos. O rito é o gesto simbólico que mais transcende o limite do tu-eu, e insere a pessoa num “nós” comunitário e social, porque no ritos o tu e o eu atuam não só como pessoas privadas, mas também como representantes ou membro de uma sociedade.
ü  Todas as relações humanas, até as mais banais, se constroem a base de ritos, mais ou menos simples ou complexos, que bem vividos, cumprem com seu objetivo de comunicação.
1.9 O rito memorial ou comemoração
ü  Um rito freqüente nas sociedades é o de comemoração ou memorial. Este rito se busca fazer presente, em modo simbólico, fatos ou pessoas do passado que têm relevância para a sociedade porquê definem sua identidade ou sua origem fundacional. Desse modo se busca reviver de modo intelectual, emotivo, intencional... o fato ou a personalidade celebrados para captar sua mensagem, praticar seus ensinamentos, identificar-se com tal fato ou pessoa.
ü  O memorial tende a unificar o tempo na consciência dos membros da sociedade que participam dela. Evoca o passado, convoca no presente à sociedade que se funda neste fato passado, provoca uma tomada de posição ante o futuro. Em resumo: se trata de atualizar os eventos fundantes de uma sociedade para garantir sua sobrevivência e crescimento.

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